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sábado, julho 04, 2009

Três vivas ao Baru

(O Baru e eu no Silvia's restaurant, no Harlem, NY)

Hoje é aniversário do meu Baru. Fulgo Formiga Irmã, Bibi, Bibia, Vivi, Balu, Mirim.

Vão e dêem parabéns pra ela.

quinta-feira, março 26, 2009

Rimão no Mais Você

Não consegui colocar o vídeo direto aqui (o código "embide" deu erro), então vai o link para Rimão no Mais Você.

Ou vocês podem ver direto no blog dele, aproveitando para atualizar o link, já que o Digital Trash, o antigo blog, está desativado. Para quem se interessa por assuntos ligados às novas tecnologias em geral e seus desobramentos na cultura: Pan Media Lab.

quarta-feira, março 25, 2009

Rimão superstar!!


Gente! Meu irmão (um dos, o Rimão do Meio) foi na Ana Maria Braga hoje! Hahahahaha (rindo de nervoso, toda vez que meus parentes vão à televisão eu fico nervosa. Se eu tivesse um irmão no BBB eu enfartava). Era uma matéria sobre jovens que terminam relacionamentos pelas novas tecnologias (msn, orkut, e-mail...). Aí meu irmão foi naquela de especialista, sentou na poltroninha e respondeu algumas perguntas. Ele foi apresentado como “Especialista em Cultura Digital e Comportamento”.

Arrumaram o cabelo dele igual ao do Volverine (as suíças até o meio da bochecha também contribuíram). Ele se mostrou “dixcontraído”, respondeu às perguntas em linguagem fácil e direta. Meu Rimão é o máximo. Só fiquei triste porque ele não cumprimentou o Louro José. O Louro é a melhor coisa do programa da Ana Maria. Se algum dia eu for na Ana Maria Braga eu faço questão de cumprimentar o Louro – mesmo porque é uma pessoa ali atrás.

Foi uma das primeiras matérias. Eu gravei. Só falta passar pro you tube.

Depois da minha prima Cláudia no Saia Justa e de Formiga Sênior no Sem Censura agora meu irmão na Ana Maria. Ai, ai. Minha família de superstars acadêmicos me mata de orgulho!

É o que eu digo: gramur eu tenho, só me falta dinheiro.


(OBS: Sim, eu sou caipira, ninguém precisa avisar, eu sei)

Atualizado: foi ele mesmo quem arrumou o cabelo. Disse que a moça ainda perguntou: "você usa assim?". Esqueci de falar que o melhor de tudo foi a Ana Maria dizendo "Você escreve cartas? Você tem cara de quem escreve cartas!". E a resposta: "eu escrevo cartas pra mim mesmo!" Hahahaha...tipo o Calvin, né? Cujo eu do passado escrevia para o eu do futuro e deixava bilhetes pra ele mesmo. E pelo que eu conheço do meu irmão isso deve ser verdade.

Tá bom, tá bom, agora eu páro.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Revirando velhos baús

(Com links corrigidos e traduções)
There's no pretty way to put this: I grew up in the suburbs. I guess most people think of the suburb as a place with all the disadvantages of the city, and none of the advantages of the country, and vice versa. But, in a way, those really were the wonder years for us there in the suburbs. It was kind of a golden age for kids *.




(Meu batizado. No colo da minha madrinha).

Growing up happens in a heartbeat. One day you're in diapers;






next day you're gone.



(Hãn...acho que a foto fala por ela mesma, não?).

But the memories of childhood stay with you for the long haul.



I remember a place...a town...


(Dá um sorrisinho, filhinha, dááááá??)

a house like a lot of other houses...



(a cara da Vanor nessa foto)



A yard like a lot of other yards...




On a street like a lot of other streets.


(no colo do meu padrinho, em Cabo Frio)
And the thing is...




[Meus primos Patrícia e Fábio (irmãos) e eu (de azul, a menorzinha)].

After all these years, I still look back...with WONDER



* Trechos do primeiro de do último episódio do seriado Wonder Years (Anos Incríveis).
Tradução - porque eu tenho leitores que não sabem inglês e eu não acho que as pessoas têm obrigação de saber, então aí segue minha tradução tosca:
Não há um jeito bonito de colocar isso: eu cresci nos subúrbios. Acho que a maioria das pessoas pensa no subúrbio como um lugar com todas as desvantagens da cidade e nenhuma das vantagens do inteiror e vice versa. Mas, de certo modo, aqueles foram mesmo anos incríveis para nós dos subúrbios. Foi uma espécie de idade dourada para as crianças.
Crescer acontece numa pulsação (batida de coração). Um dia você usa fraldas, no dia seguinte, se foi. Mas as memórias da infância ficam com você durante um longo período.
Eu me lembro de um lugar...uma cidade...uma casa como tantas outras casas...um jardim como tantos outros jardins...numa rua como tantas outras ruas. E o fato é: depois de todos esse anos eu continuo olhando pra trás com admiração (maravilhamento, espanto...)

quinta-feira, novembro 20, 2008

Fotos do aniversário


Meu aniversário foi adorável, como já disse.

Cheguei pontualmente faltando um minuto pras oito e, lógico, já estavam quase todos lá. Impossível competir com americanos e paulistas juntos. Isso porque eu disse que ia chegar quinze minutos antes – com o atraso típico de 15 minutos, consegui chegar na hora.

O local que íamos não aceitava reservas, mas conseguiram uma mesa para nós, mas para ficarmos separados. Sendo assim migramos para outra pizzaria, uma que existe em São Paulo também, uma tal de Piola – será que é isso, amigos paulistanos?

Ganhei presentinhos fofos, como mostra a foto. Aliás, aqui eles dão os presentes por último e a pessoa não abre na frente de quem deu. Karen viu todo mundo dando os presentes e me perguntou “você quer o seu presente agora?”. Siiiiim!

Vamos lá, identificando as pessoas e os presentes:




Do lado esquerdo: Senhora Mab, Mab (de óculos), Karen (minha amiga de conversação, americana), Kyle (namorado dela), Drake (marido da Raquel). Continuando da outra ponta: Raquel (o Oráculo, a Lenda o Mito), Natália (Leitora Física Fofa Caçadora de Tempestades), Jeremy (marido), Eu, Carmem (amiga boliviana), as duas da ponta são amigas da senhora Mab, acho que a da ponta é Kyria, é brasileira, a outra eu esqueci o nome, mas é americana).






Aqui dá pra ver melhor a Raquel, na ponta esquerda, de baixo, depois Natália, Jeremy, Eu, Carmem e as duas amigas de Senhora Mab. Continuando lá de baixo Senhora Mab, Mab, Karen, Kyle e Drake.

Bom, não preciso falar tudo de novo, né? Essa foto foi mandada pela Natália.


Os presentes: a touca azul foi dada pela Natália, do lado o cartãozinho escolhido pelo Jeremy (de elefantinho); o mouse pad, o livro ao lado das flores, escrito Writing (a continuação é on New York) e o caderninho vermelho foram dados pela Raquel; o livro grande, em pé, de fotos, atrás do caderninho vermelho dado pelo Mab; as flores, a Carmem; a bolsa da Strands (cheia de carinhas) foi presente da Karen e esse "bolo" é um cartão feito pelo Kyle. Ele fez artes plásticas e trabalha fazendo livros tridimensionais pra criança. O que eu fico boba aqui nos EUA é que as pessoas podem fazer a faculdade que elas quiserem e elas vão ter emprego, sem necessariamente ter que dar aula. Muito bacana.

sábado, novembro 15, 2008

Viva eu, viva eu!!!

Êêê! Parabéns pra mim! Me dêem parabéns! Viva eu! Vivaaaa!
***
Eu não vou avisar pra Zorba que é meu aniversário. Teoricamente ela sabe, pois eu já disse, falei muito an passant, mas falei – mas a lerda não lembra nem onde bota as chaves, logo não vai se lembrar. Não vou falar de novo porque isso implica em ter que convidá-la para minha mini-comemoração. Além de convidar as amigas-pancada-das-idéia dela – de pancada basta eu. Conheci uma meia dúzia outro dia. Esse povo que acredita em energia, lance que flui, que nada acontece por acaso, que o Universo conspira, em cromoterapia... Ah, maluco...tenho paciência, não.

(Ai, Jisus...esse é o tipo de post que atrai todo tipo de freak, nut, mental, maluco, que vem me dizer que “como você fala de uma coisa que nem conhece? Cientistas da Universidade de Hon Pin Xuan descobriram que...”. Isso. E quero continuar não conhecendo. Que nem a menina que veio me explicar o que é língua morta quando eu disse que português é língua morta, dizendo que meu comentário foi infeliz, que eu não posso denegrir a imagem do Brasil... Enfim. “E lá vamos nós...” Câmbio)

Ela me apresentou pra uma amiga dela que morou no Brasil um tempão. A mulher sente falta de brasileiros. Daí fui e fiquei lá que nem uma atração de circo. A mulher dá aula de pintura espontânea. Fiquei pensando, que porra é essa, cumpadi?. “Acordei, tava de bobeira em casa e ops, pintei um quadro!”? É isso?. Me lembrei da minha amiga Fló, cuja empregada da tia dizia pra ela: “ai, Flávia, você é tão instantânea!”. E pior: a mulher (a amiga da Zorba, não a empregada da tia da Fló) vai dar aulas disso no Brasil, numa universidade esotérica. E eu que achava que a Estácio era o máximo da picaretagem que podiam inventar.

A mulher tem uma filha de 26 anos que também tava lá. Gente boa a menina. Fala português perfeitamente – ela morou 16 anos no Brasil, nasceu na Ásia – e inglês também, porque estudou num colégio bilíngüe e fez faculdade aqui. A garota pensa em voltar pro Brasil, porque “aqui as pessoas são amigas, mas não são tão amigas como no Brasil”. Oi? “E os homens no Brasil são mais maduros?” Hein? “É, os homens de 26 anos já estão pensando em constituir família ao contrário daqui”. Cuma? Onde? Os meus amigos aos 26 anos tavam batendo com o carro do pai, bêbados, engravidando namoradas e na faculdade ainda. Mas os meus amigos são meio estranhos. Vai ver na terra dela é diferente. Ah é. Agora vem o pior. Ela quer trocar NY por...Goiânia. Eu nem posso falar mal de Goiânia, pois nunca estive lá, leitores goianos não me entendam mal, mas...NY por Goiânia??!!! Tá parecendo aquele programa do Sílvio, das cabines: “você troca uma Caloi Cross Moto Turbo 2000, um Atari, um Pênis Montreal e um patins por uma coxinha dormida de rodoviária???”. E a platéia quase morria de gritar “nããão”, mas o infeliz dizia “siiiiim”.

(Lembrei daquela campanha quando teve o acidente com o Césio: “Eu amoooo Gioâniaa....Gioânia me amaaaa. Só uma lembrança que me veio. Câmbio).

Quando eu tava achando a menina quase normal – apesar disso - ela me solta que não pode com café, nem o descafeinado, porque fica muito alterada. Ok. Isso porque a mãe dela tomou uma Budweiser Light e já tava em Alfa já – eu tomei a mesma cerveja e tava pronta pra um teste de física. Ô inveja de gente que fica bêbada com meio copo de cerveja! Ô adianto na minha vida que seria ser assim! E ela contando que era que nem a mãe, que não podia com álcool e café. Tuuudo bem até aí, caro leitor. “Médiuns não podem com substâncias que alteram”.

Tóooim.

Com medo da resposta eu perguntei: “você é médium?”. Tolinha, eu!!.“Eu tenho um grau de mediunidade, mas eu não desenvolvi. Já me disseram isso em vários lugares, vários mapas astrais que eu já fiz”. Ahhh...e eu tava quase gostando da menina!

Desculpa, gente. Eu queria fazer parte da comunidade “eu respeito todas as religiões”, mas a verdade é que eu tenho um profundo desânimo e preguiça de gente cuja religião transparece em cada 5 minutos de papo. Você é religioso? Que bom. Isso só quer dizer que você é religioso. Mais nada. É que nem dizer “eu sou de esquerda”. Você apenas é de esquerda. Só isso. Você não tem mais caráter por isso. Isso não justifica sua vida, suas escolhas, seus passos errados nem o dos outros. Não insira frases do tipo “ela está passando por isso por uma razão”. O resto do mundo pode não concordar com você e ter um ódio profundo ao ouvir isso. Não ache que você é melhor só por isso (se for pra pensar assim, teoricamente eu sou melhor do que você, porque Deus quer as almas desgarradas do rebanho, o filho pródigo e aquela coisa toda), não tente converter ninguém e não faça o bem só por medo do castigo.

Qual a relação médiuns e mapa astral? E porque todo mundo que crê em coisas desse tipo é medium? E quando você faz essa pergunta a pessoa te responde sempre com “na verdade todo ser humano é dotado com o dom da mediunidade, só que alguns desenvolvem e outros não”. Whom mom mon – disse a professora do Charlie Brown.

E a roommate dela fez teologia. E trabalha numa organização. Incrível isso aqui! No Brasil se você faz um curso como teologia você terá que dar aulas. È fascinante o tipo de formação multidisciplinar que eles têm aqui e o quanto isso é posto em empregos que você nem sonha. Mas isso é assunto pra outro post.

Daqui a pouco chega outra amiga de Gregária. Piscanalista. Pensei: finalmente um ser humano normal nessa mesa! Dois minutos de conversa e descubro que a mulher mistura homeopatia e outras práticas holísticas, já que “há pacientes que não reagem à psicanálise”. (Ah é, e há outros que reagem dando um soco na analista). E a mulher não parava de dizer que eu ficava bem de vermelho. Tolinha. “Você ainda não me viu de azul turquesa!”. A mulher nunca me viu na vida, como ela pode saber que eu fico bem de vermelho e não apenas que eu sou bonita (não que eu seja, mas...entenderam, né?)?

Quando eu achei que tava no máximo do Afro-american crazy samba começa o show da indiana amiga da moça-goiana-me-amaaaa. Todo mundo falando que a voz dela era maravilhosa e coisa e tal...

Americano é realmente um bicho bobado pra certas coisas. Taca um negão rastafari no baixo, taca uma indiana fazendo uns AhAhOOOhhh, um branquelo estilo Kenny G no sax (eu tenho trauma de instrumentos de sopro, por razões pessoais), um maluco tocando um chocalho e um sininho de vez em quando (relooou? Quando as pessoas vão se convencer de que alguns itens de percussão como chocalho e sininho não são instrumento, a menos que você tenha 2 anos de idade? Até o Carlinhos Brown toca chocalho – eu morro de vergonha do Chico Buarque...morro.... Não, Naná Vasconcelos que me desculpe, mas chocalho e sininho não são instrumentos) num barzinho no So-ho e uau! É multiculturalismo. É NY. E o pior é que a gente tava do lado deles. E os instrumentos tavam todos mais altos que a voz da menina – o que, aliás, pode vir a ser uma boa idéia. E as músicas que ela mesmo faz? Refrões suuuper bacanas como “She’s dying, yeah, she’s dying...” durante 15 minutos. “Só ela?” - eu pensava comigo. Muito ruim, o conjunto. Muito. Chaaato. Pain in the ass.

Enfim, isso tudo é pra dizer porque eu não vou falar pra Zorba que é meu níver. Vai que aparece essa tropa lá? Eu, hein?

Não é que eu não tenha gostado das pessoas. Mas eu não posso deixar de sacanear esses detalhes.

***


E hoje é meu nevelsááááálio! Palabéns pla mim!!!!!

terça-feira, agosto 05, 2008

Paulinha de caipira


Paulinha (de vestido de moranguinhos vermelhos) e sua amiguinha (que eu não sei o nome).



Yuppi! Que divertido!





Olha se não dá muita dó! Cotoquinho de gente e já tendo que se submeter as tiranias da vida em sociedade. Eu, nessa idade, era um bicho do mato. Aliás, tem um vídeozinho com eles dançando quadrilha que é de rolar de rir. Minha sobrinha é a única que não faz nada! Fica parada, do tipo "o que que eu tô fazendo aqui?". E as "tias" desesperadas.

sexta-feira, julho 04, 2008

O meu grande amor




Hoje é aniversário de uma das pessoas mais incríveis e sensacionais e bacanas e mais importantes e que eu mais amo em toooodas as galáxias descobertas e por descobrir: Formiga Irmã. Vulgo O Baru. Balu. Bibi. Mirim. Fu Sis. Aunt Sister.

Muito já foi dito sobre o mito, a lenda, a mais doce das criaturas dentre as muitas que eu tenho o privilégio de conhecer nessa vida, mas muito ainda há de ser dito, já que ela – assim como todos nós – não se esgota em poucas palavras.

Esses dias eu me lembrei de uma frase que meu pai disse certa vez, no final da vida, sobre a minha mãe: “ela faz o cotidiano ficar tão interessante!”. É exatamente isso – dentro muitas outras coisas – que Bibi faz pra mim. Faz meu cotidiano ficar interessante. Mesmo que há quilômetros de distância de mim. Sei que ela está ali, ao alcance de um telefonema ou msg ou e-mail ou simplesmente pela força do pensamento. E, nos últimos meses, que temos convido diariamente (com a minha semi-mudança pra Gotham City) eu sinto exatamente o que é uma pessoa transformar o cotidiano em algo mais interessante pela simples presença. Formiga Irmã me avisa quando vai brincar no parquinho, assim como João Fanquico avisa o Irmão. Mais: Fomriga Irmã me leva pra brincar no parquinho. Mais ainda: às vezes traz o parquinho até mim.

Acho que é assim, no varejo, que a vida acontece – e não apenas nos saltos ornamentais do atacado. E é na dura labuta do cotidiano, do comer e limpar-se, das contas a pagar e horários a cumprir que você consegue perceber se é ou não feliz. A capacidade de suportar suas próprias mazelas e pequenezas (e as alheias) é o que determina sua felicidade. E a minha irmã é, em grande parte, responsável não só por esse cotidiano, como muito mais importante do que isso: ela é responsável por eu ter conseguido criar um cotidiano assim pra mim. Meu jardim secreto. Meu parquinho. Eu sou o que sou, em grande parte, por causa dela.

Eu rio com Formiga Irmã. Eu rio, não. Eu gargalho. Com sua ingenuidade pra certas coisas, suas maldades para tantas outras. Sua capacidade de rir de coisas absolutamente triviais e sem graça – ela ri e eu rio dela rindo. Sua falta de paciência para com várias coisas.

E o engraçado é que, a primeira vista e superficialmente, as pessoas têm uma imagem completamente oposta do que ela é. Pensam que ela é uma pessoa séria, na dela, calma. (É, também pensam isso de mim, com a diferença que, em mim isso se dissipa em 5 segundos). Minha irmã é completamente louca. Surtada. Completamente. Sem possibilidade de cura. Graças a Deus.

Minha irmã faz vozesinhas, gestinhos e dancinhas engraçadas. Não tem a menor memória para nomes e fatos. Esquece os nomes dos atores, dos filmes. EU preciso cuidar da educação dela em certos setores. Digo: “veja esse seriado que você vai gostar”. Tomo a lição de vez em quando: “quem é essa aqui?” ou “quem é a cantora britânica que eu te contei que ta internada por consumo de drogas?”(várias, né?). Em compensação ela é uma agenda ambulante. Pergunte sobre qualquer data, de qualquer ano e ela te dirá o que aconteceu, o que ela estava fazendo e o que você estava fazendo – não teime com ela, porque ela vai estar certa, mesmo quando for sobre a sua vida.

Eu não tenho a menor dúvida de que, caso exista isso de alma gêmea (que não existe, claro), minha irmã é a minha. Não tenho a menor dúvida.

Te amo muito, Irmã! Não há palavras que expressem o que eu sinto por você. Mesmo.

(Leia o que já foi dito sobre ela
aqui e aqui)

terça-feira, junho 24, 2008

Tia Carrie coruja

Eu só coloco fotos de pessoas que: 1) sei que não se importam (porque tem gente que se importa até de ser citado nesse blog); 2) de gente que está no orkut e eu sou amiga.
Irmão Engenheiro há tempos atrás disse que gosta quando eu falo da minha sobrinha e boto fotos aqui - que por acaso vem a ser filha dele. Coisas de pai coruja! Se não falo taaaanto dela quanto de João Janquico é porque eu encontro-a menos.
A última dela é pedir cerveja no jantar. É que ela fica vendo propaganda na TV e pede: "ceveza, ceveza". Outra coisa que ela ama é batata frita: "tata". E quando ela é acordada cedo diz: "luz, não. Luz, não". Ou seja: uma boemiazinha!
Ah é, e também diz: "cheeeencha" na maior braveza quando quer passar - tradução: "licença".


Tocando minha guitarrinha e séria.



Descobrindo o maravilhoso e fantástico mundo da higiene bucal:

Um dia na piscina:


Passeio no parque: que divertido!

Tentando ganhar tempo e não comer - querendo ceveza, quem sabe?

Abaço do papi, que gostooooso!



É ou não é a cosa maisi linda da tchitchia! Ela e João Fanquico praticamente não se conhecem. Se viram bebês, mas depois nunca mais. Estamos querendo promover o encontro dos priminhos. Ela é 3 meses só mais velha que ele.

segunda-feira, junho 23, 2008

Vejam se eu estou mentindo...

Tudo roubado da mãe, no orkut.




Esse é Marco Antônio, vulgo Irmão. Bebê Jonhson's, não?





Esse é o famoso João Fanquico, entrando na Igreja de mãos dadas com o pai, no dia em que ele se casou com sua mãe.



E essa foto é a coisa mais linda do mundo. A legenda diz que é "uma tia avó emprestada" e que o João adora ela. Acho que essa foto resume bem o espírito do João. CORREÇÃO: a legenda diz "Tia Lucy, minha avó postiça".



João Francisco e o Irmão, Marco Antônio, num papo de homem pra homem.

Fumiga Imã, João Fanquico e Eu. Momento Felícia. Eu quero te apertar, te abraçar, te beijar...

quinta-feira, maio 08, 2008

O travesso


Essa noite eu perdi o sono. E não o encontrei mais. Nas voltas que o pensamento dá nessas horas – e ele é capaz de caminhos incríveis nesses momentos – eu me lembrei de que hoje é o aniversário de uma pessoa muito especial. Um amigo. Confesso-lhes de que só me lembrei porque estive com ele no final de semana (durante anos eu anotava o seu aniversário na minha agenda até que, de uns anos pra cá, achei que havíamos perdido o contato e abandonei o hábito).

Pegando pelo fio do tempo – que às vezes está mais pra durex cuja ponta ninguém dobrou e sumiu junto ao emaranhado e você fica rodando e rodando, cega em meio ao círculo – consigo chegar até o momento em que o vi pela primeira vez (sim, eu consigo me lembrar o instante exato em que conheci a maioria dos meus amigos e amigas que me acompanham desde sempre. As impressões que tive ao vê-los. O sentimento. O que eu estava fazendo) e me espanto ao ver que o tempo pode ser medido em décadas (sim, no plural, o que é bastante para uma pessoa de 31 anos. Eu acho). Posso dizer que o conheço há mais de meia vida. Mas a nossa amizade solidificou-se na adolescência. Mesmo com quase cinco anos de idade nos separando.

A vida não se faz em linha reta e o sentimento de lineariedade é apenas uma ilusão, como diria Bourdieu. Por isso me lembro de pontos em nossa trajetória que ora esteve mais próxima, ora mais distante. Pontos de luz que pipocaram nessa madrugada. Houve um tempo em que a minha casa era um misto de biblioteca, hotel, bar e restaurante para ele.

Não, não. Mas eu me precipito e adianto os fatos.

Antes, muito antes, eu me lembro de umas férias de dezembro/janeiro, quando minha vida era uma eterna Sessão da Tarde (uma turma do barulho aprontando mil e uma confusões!!!) de uma certa casa. A casa era do irmão dele que, tendo saído de férias, resolveu, numas de irmão-mais-velho-gente-boa, deixar a casa na mão do mais novo – no caso, o meu amigo. Só que era uma casa de família. Com quartos de criança, cheio de brinquedos e cozinha. Aquário. Na mão de adolescentes ou pessoas de vinte e poucos anos.

Ao final da temporada tinham vomitado no aquário, matando os peixinhos, quebrado vidros de tempero da cozinha, levado os bonecos pra passear na boate da cidade - o boneco (Marvin? Melvin? Não me lembro o nome) transformou-se em uma entidade à parte, que bebia cachaça, fumava, dava palpites e tinha opiniões próprias sobre os mais variados assuntos). Em certos momentos o meu amigo parava de falar e só quem respondia por ele era Marvin – ou seja lá como ele se chamava. Marvin não quer ir pra Vênus (não o planeta, a boate que eu freqüentava na adolescência). Marvin quer ir pra casa. Marvin quer ver o sol nascer. Marvin vai vomitar.

Nessas mesmas férias a Globo exibia uns concertos de Natal. Um desses era o Oratório de Natal de Bach. O programa, muito apreciado por nós, jovens sedentos de cultura, passou a ser o grande hit da casa. Os meninos resolviam produzir seus próprios oratórios, só que com panelas e outros instrumentos de percussão, em horários avançados, o que muito comprazia os vizinhos.

Sempre dividi com esse meu amigo gostos literários, musicais e cinematográficos. Ah é! Como esquecer da sua fase poeta? Tenho até algumas dessas poesias guardadas, com as quais quem sabe eu ainda ganhe algum dinheiro (nem que seja ameaçando mostrá-las ao público). Lembro-me da fase The Doors (deu trabalho essa fase). Lembro-me de que era ele quem estava gravando o show do Guns N’Roses, no Rock in Rio II, onde eu apareci na Globo, nas costas do meu irmão, cantando knock, knock, knock, knocking on heavens door depois de ter quase entrado em coma alcoólico durante o show do Megadeth e Queesnryche inteiros, além de achar que eu era o Axel Rose – e contar isso animadamente pra meio Maracanã, achando que as pessoas mereciam ouvir esse segredo (como diria Primo Poeta: Ah, meus quinze anos!!). Ele e uns amigos foram os primeiros a me ver (também tive uma passagem meteórica pela Veja, ao lado do Itamar Franco em Juiz de Fora, quando ele era presidente, junto à minha amiga Carla. As duas “lesas” resolveram seguir o Itamar em plena JF. Ainda bem que adolescência é uma doença que cura com o tempo, né? Voltemos).

Ele foi aluno do meu pai – meu amigo, não o Itamar – na faculdade de medicina. Aliás, eu devo a ele o apelido de Gotham City à minha terra natal. Roubei a idéia dele. Quando ele veio estudar aqui ele dizia que o céu era rosa (devido à poluição) que nem o de Gotham City – e também abóbora e cinza e até (pasmem!) azul. Assim como o meu, o pai dele também era médico, também já faleceu e ele também é o caçula de uma família de muitos irmãos. Assim como o meu pai, ele é, acima de tudo, um humanista. Poderia perfeitamente ter se dedicado às Letras, à Filosofia, à História ou às Artes. Ele faz parte de uma extirpe de médicos cada vez mais rara. Médicos que vêem as pessoas e não os pacientes. Médicos que acreditam que é preciso estudar e se interessar por outras coisas que não só a medicina.

Mas ele também é técnico em eletrônica (ou eletricidade, ou essas coisas que se faz em curso técnico e que eu não tenho a menor idéia) e tinha uma promissora carreira nisso quando resolveu ser médico. Na verdade ele poderia ser qualquer coisa que quisesse. Talento e inteligência ele tem de sobra.

Na época da faculdade (a dele, eu ainda estava no segundo grau) a república onde ele morava ficava ao lado de um clube onde sempre aconteciam os melhores shows. O aquecimento era sempre ali.

Churrascos na minha casa de Gotham City, férias e feriados em Pasárgada, nossa vida foi sempre entrelaçada em função de acasos, idas e vindas. Qual não foi a minha surpresa ao saber que ele lia o meu blog.

Em uma tola época da minha existência, onde eu acreditava que a amizade poderia ser mensurável - e que datas e outras formalidades faziam parte disso – eu achei que nossa amizade havia terminado. E fiquei puta quando ele não me chamou pro seu casamento (uma cerimônia civil, sem festa, em um dia de semana, em uma cidade longe da minha, pra qual ele tinha chamado meia dúzia de pessoas e onde eu não poderia ir!!!). A mulher dele, se não fosse tão gente boa, teria me odiado ao se deparar com a minha sutil repreendida na ocasião em que nos conhecemos (parênteses: alguns amigos meus se casaram com verdadeiras malas. Não este. Ele nunca se casaria com uma mala. Acho pouco provável). Já gosto dela por tabela e espero ter a chance de conhecê-la melhor.

Ah, como eu sou feliz e rica em amigos e família! Vocês não fazem idéia. Eles são a minha rede de proteção. Aquilo que me sustenta e me dá coragem de tentar ser feliz do jeito que for, já que eles sempre vão me apoiar. Os que importam, pelo menos. E tudo que eu sou, ainda que pela negação, é parte de todos eles.

E nessa noite insone, enquanto escrevia esse texto (correndo o risco de ser melosa), os primeiros raios de sol chegaram pra me lembrar que as amizades podem até passar por longas madrugadas frias e insones, mas sempre há a esperança de um nascer do sol ao final. O que não impede que as trevas retornem. Mas, afinal, não é como tudo na vida? Quem de nós está a salvo das trevas?

Parabéns, Denis. O pimentinha. O peralta. Parte de quem eu me tornei foi fundida e moldada nos anos em que passamos juntos. Desejo muitos raiares de sóis para nossa amizade.


PS1: Espero que o seu computador esteja bom de novo e você leia esse texto logo.
PS2: Ele é botafoguense. Ninguém é perfeito.

sexta-feira, abril 25, 2008

Semi-blogstar


Hahahahaha…a Roberta me citou no Happy Hour do GNT! “Ela fala das idas dela no hortifruti, da tese de doutorado, das festas em família...”. E ainda saiu o enderecinho! Hahahaha...Ela falou que tinha comentado, mas não achei que ia sair o nominho e tudo.

Já tem 22 pessoas online!!! Que isso!!! É o preço da fama. Sejam bem-vindas, pessoas!

Amigos famosos


A única, incomparável, magnânima e absoluta blogstar Roberta Carvalho estará no programa Happy Hour, da GNT (Canal 41), hoje, às 19h (reprisa segunda feira, não me lembro que horas). O tema? “Geração blog”. A pergunta do fórum é: “você acha que os amigos virtuais são tão amigos quanto os reais” ou algo do tipo.

Nem preciso responder o que eu acho né, plebe?

O programa já foi gravado (não sabia que alguns eram gravados e outros ao vivo), mas diz a Roberta que é gravado como se fosse ao vivo, isto é: sem cortes e sem tirar os erros.

Looosho, poder e glamour, como de fato Roberta merece - vamos ver se ela escreve o bendito livro.



Hoje à noite vai ter chopp comemorativo e repescagem de chá de panela. ATUALIZADO: NÃO, NÃO VAI MAIS TER CHOPP.

quinta-feira, abril 17, 2008

Reclames do Sublime III


Agora um jabazinho familiar. Minha prima, Carol, bailarina.

Tá, ficou muito pequeno. Segue:

RONCO DOS MOTORES - O que nos move?Espetáculo da Spoudaios Cia de DançaA partir do questionamento sobre o que nos move, a Spoudaios Cia de Dança propõe, em seu novo espetáculo, investigar a própria essência do movimento, o desejo do homem de se movimentar e de ultrapassar seus limites, a utilização do elemento maquínico na concretização dos desejos humanos, as ações humanas e suas conseqüências. O espetáculo sugere, ainda, um paralelo entre corpo e máquina, cada um com sua materialidade, sua linguagem, sua movimentação e seus mecanismos próprios.
A trilha sonora, composta especificamente para o trabalho por Luciano Pozino, é resultado de uma dupla pesquisa: a pesquisa sobre a diversidade de roncos de motores e o estudo da sonoridade e da densidade da movimentação dos bailarinos.

Cacilda Becker: 18 a 27 de abril (R. do Catete, 338 - Catete - 2265-9933)6ª e sáb. às 20h / dom. às 19hIngressos: R$ 15,00 (Meia: R$ 7,50)

domingo, janeiro 27, 2008

Maria


Uma amiga com quem perdi completamente o contato por simples e pura obra do acaso reencontrada novamente pelo mais puro acaso da internet (engraçado que perdi o contato justamente quando vim morar na mesma cidade que ela). Simplesmente vi o seu nome – que está longe de ser raro – comentando no blog da Tíccia e algo me impeliu a clicar em cima. Qual não foi a surpresa em descobrir...a Maria! Sim, a Maria, gente! A que vocês estão pensando. E descubro que ela já tem esse blog há quatro anos.

E com isso vou atualizando um pouco o tempo de amizade perdido, sabendo as coisas que aconteceram na vida dela. Mesmo sabendo que o tempo nunca volta, ainda que o carinho persista.

Maria é poetisa e está lançando seu segundo livro. Na minha adolescência ela era apenas a amiga maluquinha muito mais nova (agora ela tá quase da minha idade! Como pode isso? Na adolescência a diferença era enooooorme!) que usava tênis bamba e havaianas em uma época em que ninguém usava – e isso em Andrelândia! Noites de carnavais passadas ao seu lado – eu, bêbada como sempre; ela, sóbria (não sei se como sempre, afinal eu é que comecei a beber cedo demais) – sentada na varanda do Campestre Clube de Andrelândia (eu, ela e a torcida do Flamengo íamos pra lá nas férias e feriados). Canja na casa do Gustavo depois (de quem eu fui madrinha de casamento e pai de uma filha). Cartas trocadas – sim, nós somos da época das cartas! – na época das aulas. Ela, muito mais nova que eu, muito mais madura que eu (coisa fácil, aliás). Maria sempre soube que queria escrever - ao contrário de mim, que bati cabeça por aí por décadas (óóó! "A" velha). Maria sempre foi mudérna (coisa fácil no meio de um bando de caipirões). Maria é chic, meu povo. Mas se dá com a plebe, também.

Essa tal de internet prega cada peça...

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Seis anos sem papai


Recebi essa carta essa semana. Foi escrita pelo Leo Lama, filho do Plínio Marcos, no dia da morte do pai.

Ontem fez seis anos que meu pai morreu. Nem postei nada porque fiquei o dia todo fora. Apesar das óbvias diferenças – meu pai era médico e bem mais comportado do que o Plínio Marcos em muitos sentidos – senti uma incrível semelhança entre ele e o meu pai.

Porque isso é ser pai. Esse foi meu pai. E vocês podem estar pensando que eu digo isso porque ele morreu. Não. Eu digo isso da minha mãe, também. Minha mãe – que aprendeu a mexer na internet com quase 70 anos só pra ler o meu blog – É assim. Apostam em sonhos muitas vezes feitos em castelos no ar. Ainda que eles mesmos não concordem.

Dei uma editada pra não cansar o leitor (é longa), mas quem quiser eu a tenho na íntegra.



“Meu pai morreu. Todo pai morre. Agora estou aqui pensando: o que foi que meu pai me deixou? Apartamento? Não. Carro? Nem uma bicicleta. Dinheiro? Ele não conseguia pagar nem as próprias contas. Mas pagava a dos filhos. Roupas? Só um chinelo velho, mas meu pé é maior. Sem testamento, sem herança, sem nada? As peças. As peças de teatro? De quem são as peças de teatro? Meu pai era escritor. Escritor de teatro. Teatro? Teatro dá dinheiro. Tem gente que escreve peça pra ganhar dinheiro. Não, meu pai não. Não ganhou muito dinheiro com teatro. O que ganhou, gastou. Deu dinheiro pra muita gente. Meu pai não era um bom administrador. Era um "maldito", diziam, um "marginal", mas não era bandido. Por que ele era maldito, afinal? Será que não pensava nos filhos? Por que não escreveu peça pra ganhar dinheiro? "Ninguém tem direito de pedir a um artista que não seja subversivo" . Meu pai escrevia sobre puta e cigano sem dente. Puta, cigano sem dente e cafetão. Puta, cigano sem dente, cafetão, presidiários, desempregados e fudidos. Puta e cigano sem dente? Puta, cigano sem dente e cafetão é chato, porra! Puta, cigano sem dente e presidiários não dava dinheiro. Puta, cigano sem dente e desempregados não tinha "patrocínio". Mas eu queria tênis americano, eu queria camisa Lacoste, camisa Hang Ten.


Meu pai tinha que ganhar dinheiro. Por que ele insistia em escrever peças sobre puta, cigano sem dente, cafetão e presidiários? Ele insistia. Puta, cigano sem dente, cafetão, presidiários, desempregados e fudidos. E o ator e Jesus Cristo e nada de "comédia comercial". Mas eu queria o meu "All Star", eu queria ter todos os discos dos Beatles. "Pai, me dá dinheiro pra comprar uma guitarra!" E eu tive, eu tive a tal guitarra, eu comprei todos os discos dos Beatles com o dinheiro dele (depois tive que comprar tudo de novo em CD com o meu dinheiro e agora dá pra baixar de graça na internet). Calça boca fina, camisa Hang Ten. Onde ele arrumava dinheiro? Onde ele arrumava dinheiro pra me comprar tênis "All Star"? Ele achava que isso era "lixo americano". Ele achava que essa merda importada só servia pra aumentar a nossa alienação. Meu pai era generoso. Ele não ia deixar de me dar uma coisa que eu queria, só porque ele achava que o que eu queria era imposto pela sociedade de consumo. Ele tentava me orientar, mas respeitava minha opinião de adolescente alienado. Onde ele arrumava dinheiro?
(...)
Quando eu tinha uns 12, 13 anos, lá estava o ônibus da escola pronto pra partir pra Porto Seguro com todos os meus amiguinhos dentro e os pais, do lado de fora, dando tchauzinho. E um amiguinho meu perguntou: "Quem é seu pai?" Eu não tive dúvida: "Meu pai é aquele!" E o meu amiguinho: "Aquele de terno e gravata? Aquele que tá conversando com o meu pai?" E eu: "É, aquele." O meu amiguinho gritou: "Pai, esse aí é o pai do Leo!" E a professora ouviu. Não, meu pai não era aquele de terno e gravata. Meu pai era outro. Era o que todo mundo tava chamando de mendigo. Meu pai era aquele de macacão e chinelo! Gordo de macacão e chinelo! "O pai do Leo é mendigo, o pai do Leo é mendigo!" Afinal, quem trabalha tem que usar terno e gravata. Naquela época, um moleque de 12, 13 anos, era um tapado. Ou isso era característica minha? "Pai, por que você não trabalha? Pai, por que você dorme até meio dia? Pai, por que o pai do Paulinho tem carro e você não? Por que você chega de madrugada em casa? Pai, por que você anda de macacão e chinelo? Pai, me dá dinheiro pra comprar..." E o meu pai me dava dinheiro. Eu estudava em escola de "burguês". Eu estudei nas "melhores escolas". E olha que o meu pai odiava escola. "A cultura nas mãos dos poderosos constrange mais do que as armas; por isso, a arte e o ensino oficiais são sempre sufocantes", ele dizia. Ele saiu da escola na 4ª série do primário. Ele era canhoto. Na escola, as professoras o obrigavam a escrever com a mão direita. Ele fugiu da escola, ele sempre foi da esquerda. Era chamado de analfabeto. Com 21 anos escreveu "Barrela!". "Me chamavam de analfabeto, como se isso fosse privilégio meu, neste país." Meu avô queria que ele trabalhasse no Banco do Brasil, mas ele queria é subir num banco no meio da praça e fazer números de palhaço. A família chegou até a pensar que ele era débil mental. Meu pai foi pro circo. Ele amava o circo. Foi ser palhaço de circo. Era o palhaço Frajola. A escola dele era o circo, a minha era escola de "burguês". Mas como ele pagava a minha escola?
(...)

Uma vez o meu pai tava com uma dívida muito grande, tava com dificuldade de pagar as prestações de um apartamento que ele comprou pra gente. Daí um belo dia a Ford ligou pra ele, convidando pra fazer um comercial. Era uma puta grana, dava pra pagar as dívidas e ficar bem tranqüilo por uns tempos. Meu pai não fazia comercial.
(...)
Tinha mau tempo, mas ele não reclamava, eu nunca ouvi o meu pai reclamando da vida. Eu nunca ouvi o cara dizer que a vida tava difícil, ou que era "foda". Não. Ele só reclamava das injustiças. Ele berrava contra as injustiças, os preconceitos, a apatia. Meu pai é o Plínio Marcos, porra! Bela merda, tem gente que nunca ouviu falar. Pra muitos era só um fudido que não deu certo na vida, andando feito mendigo pelo centro da cidade. Já morreu. Não era melhor do que ninguém. (Não?)"Tudo se consegue com esforço; não se chega a lugar nenhum sem caminhar."Com 15 anos eu quis sair da escola. Ele disse: "Sai logo dessa merda, eu te sustento até você encontrar sua vocação!" Eu saí, eu saí daquela merda na metade do 1º colegial. Acho que qualquer ser humano com o mínimo de sensibilidade, sabe: o ensino do jeito que é, faz mal pra saúde.
Eu devia ter uns 17 anos, era de madrugada. Eu morava com ele. Eu tava na mesa da sala com o violão, triste, querendo encontrar a minha vocação, sem saber o que dizer, inibido, pensando em todos os artistas que eram muito melhores do que eu. Meu pai levantou pra tomar água, me viu ali, não disse nada. Foi até o escritório, voltou com um livro e leu um poema pra mim. "O corvo" do Edgar Allan Poe. Não disse nada, só leu a poesia. Não foi o conteúdo, foi o tom da voz dele, aquela voz doce que ele tinha. Ele declamava e eu ouvia como se ele me pegasse no colo. Foi dormir e me deixou ali, ouvindo o corvo dizer: "para sempre!". Eu virei escritor, com 21 anos escrevi "Dores de Amores". Meu pai era um incentivador, idolatrava os filhos. Queria ser mergulhador só porque o Kiko, meu irmão, é. A Aninha, minha irmã, era tudo pra ele. Eu fiz vários shows com ele, pelas faculdades, pelos teatros, pelos bares. Ele contava histórias e eu tocava violão. Meu pai era generoso, violento, essencial, amava, amava tanto as pessoas que chegava mesmo a odiá-las. Lutava, berrava e me acordava. Meu pai não me deixou apartamento, carro, dinheiro, bicicleta. Nem o chinelo dele me serve. Eu tive e tenho que ganhar o meu próprio dinheiro. Até hoje, muito pouca gente quer montar as suas peças e muito pouca gente quer assistir. Meu pai já não precisa mais vender livro na rua, pra quem não quer comprar, ou pra quem compra só pra "ajudar". O que eu mais queria é que ele me ouvisse agora: "Pai, você não me deixou nada que se possa enxergar. Nem carro, nem apartamento, nem bicicleta, nem chinelo. Me deixou a sua indignação, um pouco do seu temperamento, a lembrança de ver você acordando todo dia com uma puta força de vontade, com uma puta vontade de viver, sempre alegre, sempre fazendo piada das próprias desgraças, sempre dando tudo que ganhava pros filhos, sem nunca acumular porra nenhuma." (...)

(...)

É isso aí, pai: tanta gente te amava. Você sabia? Acho que ninguém te amou tanto como a minha mãe. O amor dela ecoa em mim.
Mas, e eu, pai? E eu? Será que eu vou ter a mesma fibra que você? Eu não gosto de viver como você gostava. Eu não tenho a sua coragem. "A poesia, a magia, a arte, as grandes sabedorias não podem habitar corações medrosos." Eu acho que eu vou me vender, pai, eu acho que eu já sou um vendido. Eu só queria ser essencial, essencial como você. É difícil. Eu reclamo. A vida tá uma bosta! Tá difícil de encontrar pessoas essenciais, pai. As pessoas só falam e pensam no que é supérfluo. Eu não tenho assunto. Eu me sinto sozinho. Eu não sei sobre o que escrever. O mundo tá se destruindo, tem muita gente fudida, tem muitas festas e muita fome. Que indecência, pai, que vergonha que eu sinto desse tempo que eu vivo. Eu sei que você não tem saco pra choramingo, pai, mas me deixa desabafar, pai, só hoje, me deixa te falar sobre o sonho dessa gente, você sabe, essa gente, os "homens-pregos" , fixos no mesmo lugar. Essa gente quer ter carro, pai, casa com piscina, essa gente quer ser rica e famosa, essa gente quer ser musculosa e quer ter bunda, essa gente diz que acredita em Deus e fode ele, essa gente não quer ser essencial, pai, essa gente... essa é a minha gente, pai, às vezes eu me olho no espelho e me acho parecido com essa gente. Me perdoa.
Um beijo do seu filho, Nado, que ainda usa o nome artístico que a gente inventou juntos: Leo Lama”.


Ser essencial dá trabalho. Poucos conseguem abrir mão do supérfluo. E ambos se confundem o tempo todo. Poucos, ainda, sabem apoiar o essencial pros outros, mesmo achando-o supérfluo.

Um brinde aos homens e mulheres essenciais! Um brinde ao meu pai! Setenta e seis anos de vida mais seis de morte. Oitenta e dois anos. Porque seres essenciais não se prendem ao tempo.

terça-feira, novembro 20, 2007

Porque me ufano de meu orientador ou Killing me softly


Estou há um tempão tentando colocar esse vídeos do you tube pra cá, sem êxito. O comando que tem no you tube não funciona, o comando postar vídeo aqui do blogspot não funciona a solução foi copiar o código Imbed (valeu pela dica, Andréa!).


Deixa eu explicar o que são. Os vídeos abaixo mostram o meu orientador no Manhattam Connection, programa da GNT, na ocasião da vitória do Lula (poooodre de chic, sorry periferia!). É fantástico porque ele dá porrada no Diogo Mainardi com a maior classe e categoria. Sorrindo. Aliás, eu digo e repito pra ele – e será meu agradecimento na tese – quando eu crescer eu quero ser igual a ele. Aprender a bater sorrindo. Porque atualmente eu só consigo bater bufando e rangendo os dentes. Meu orientador é uma das poucas pessoas que consegue ouvir uma opinião completamente oposta a dele, discutir e não levar pro lado pessoal. A maioria das pessoas diz que sabe fazer isso, mas é mentira. Eu estou muito longe de conseguir. Ele é capaz de ouvir o maior absurdo, parar, refletir e responder a pessoa calmamente – e no final ainda bater nas costas dela é dizer “nada pessoal”, como ele fez com o Diogo. Ou de orientar teses que falam o extremo oposto do que ele fala e não tentar mudar a opinião do orientando nem doutrinar a dissertação ou tese – coisa raríiiiissima no meio acadêmico.


Diz ele que o programa foi ainda pior quando foi ao ar porque eles filmaram as reações do Mainardi – parece que a equipe não gosta muito dele. Essas versões estão um pouco editadas, parece.


Tem que assistir de baixo pra cima: 1, 2 e 3 (dãã...).


Quinta tem lançamento do livro dele na livraria do Espaço Unibanco Artplex de cinema, em Botafogo. Na verdade é uma coletânea organizada por ele e pelo Jorge Ferreira, outro professor da UFF, com vários artigos intitulada “As esquerdas no Brasil”. Três volumes que vão desde o século XIX até hoje em dia. Eu estarei lá, é claro.


PS: Cris, mostra os vídeos pro Paulinho que ele vai gostar!

De como meu orientador é foda - parte 3

Esse é o melhor de todos! O Daniel chama o Diogo de Udenismo cheirando à nafatalina e o Diogo rebate chamando-o de leninista. Ao que o Daniel rebate dizendo que ele está tão radical quanto o mais radical leninista.


De como meu orientador é foda - parte 2

Manhattam Connection Eleições - Parte 1

Nesse o Lucas Mendes o chama de Jacobino e depois ex-Jacobino.