sábado, novembro 22, 2008

You have no idea what I'm talking about. But, believe me: you will. Someday.
Estou vendo - pela enésima vez - pedaços de Beleza Americana, o filme do Sam Mendes, com o Kevin Space, que concorreu ao Oscar e bla bla bla. Esse filme é um dos que mais me marcou na vida (ao lado de A Vila, do Shayamalan-cara-do-Sexto-Sentido-que-eu-nunca-sei-falar-o-nome; de O show de Truman; Clube da Luta; Pequena Miss Sunshine e Matrix. Mas depois eu falo mais sobre isso).
Para além da crítica a sociedade americana, que pra mim é uma das camadas mais superficiais, é um filme lindo, triste, engraçado, sensível, tocante, comovente...enfim. Acho que eu já devo ter falado nesse filme umas duzentas mil vezes aqui, assim como do desenho da bruxa do pica-pau e o Alexandre Frota (aliás, eu queria aproveitar...). Mas eu estava pensando aqui enquanto assistia ao final: o personagem do menino, o traficante que namora a filha do Kevin Space, que pra mim é a pessoa mais sã do filme inteiro, vai se fuder de verde e amarelo (só lembrando: quem mata é o pai dele, porque é um viado enrustido e acha que o Kevin Space é gay e tá comendo o filho dele. Depois de dar um beijo na boca do Kevin Space e ele dizer que não é bem isso ele fica louco ante a possibilidade de ter beijado o vizinho e resolve matá-lo). Ele vai ser preso, o garoto. Todas as provas estão contra ele: a gravação da menina pedindo pra matar o pai (e quando ela diz que está brincando ele já não está mais gravando); as cenas em que ele filma o Kevin Space pelado, no começo do filme; todas as filmagens da menina, o fato dele ter sido internando num hospital psiquiátrico (porque o pai acha ele fumando maconha); o fato dele ter saído de casa com todo o dinheiro (porque o pai expulsa-o achando que ele era gay); o fato dele ter acesso ao quarto cheio de armas do pai, um militar aposentado. Em suma: a acusação vai deitar e rolar e mostrar como o menino desajustado e problemático aliado a garota negligenciada pelos pais e com baixa auto-estima se mostraram um coquetel Molotov prestes a explodir. Dessa forma, matar o pai dela seria lucrativo para ambos. A defesa até poderia alegar que a mãe dela também é suspeita, por ter chegado em casa na hora, por ele ter descoberto o caso dela com o corretor imobiliário fodão e por ela estar carregando uma arma. Mas, após alguns exames balísticos descobiriam que não se trata da mesma arma. O filme é todo muito bem bolado para que a culpa recaia sobre o menino, ainda que ele seja o que menos tem motivos de o fazer.
É, essa sou eu: precupada com o destino de personagens de ficção de um filme que eu já vi 789.326 vezes.
Mas então, voltando àquela listinha lá de cima. Todos esses filmes são emblemáticos pra mim (vejam bem: há outros filmes que eu gostei tanto quanto esses, ou até mais, mas estes me marcaram profundamente). Examinando cada um deles, vejo o quanto em comum eles têm. Questionamento da realidade como nos é dada com roupagem holywoodiana. Eu preferia dizer que os filmes que mais me marcaram foram do Fellini, Kurosawa, Godard ou algum indiano obscuro. Mas não seria verdade.
Outra coisa que me impressiona em Beleza Americana - e talvez esteja presente nesses outros filmes em maior ou menor escala - é que são pequenas mudanças de atitude do(s) personagen(s) principai(s) que os fazem mudar de vida. É uma mudança de olhar diante do mundo. Um novo ângulo que se adquire mediante uma pequena alteração. Porque na vida real as mudanças acontecem, na maior parte dos casos, essa forma. Tanto que, no final, o personagem do Kevin Space desiste de comer a amiguinha da filha. Depois que ela diz ser virgem ele vê o que ele está prestes a fazer e - especulações minhas - talvez se dê conta de que a vida dele já mudou. O que inicialmente fora a mola propulsora de sua mudança - comer a menina - quando se apresenta como real possibilidade perde o sentido, pois a mudança maior já foi operada na vida dele. Ainda que ele continuasse casado com aquela mulher e ela tendo caso com o corretor imobiliário fodão, isso não importava. Ainda que ele estivesse trabalhando na lanchonete vendendo hamburgueres, it doesn't matter. Ele morre feliz. Ainda que essa felicidade tivesse durado tão pouco - o que também não importa já que, no final, tudo o que conta são esses momentos, segundo a "mensagem" final do filme.
Enfim. Eu sou uma pessoa que tem problemas com a realidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bem vinda ao clube. Quase não comento nada mas to por aqui todos os dias.Bjs.

Sandra Lee

Andrea disse...

Euamo tanto GG que chega a doer. Eu faço meus passeios pelo parque com o lindo amor de Jenny e Nate...é demais, não é bobagem mesmo. Tem muito tempo que não leio nada tão witty.

A série também é fantástica desse jeito aí, igual-mas-diferente...o casal Blair e Chuck é de certo um plus.

(Ed,pega eu!)

you know you love me,

xoxo