segunda-feira, março 10, 2008

Um post reichiano


Ócio. Total e absoluto ócio, apenas entrecortado por um tratamento repentino de dentes. E exercícios. Muito exercício. Estou conseguindo correr alguns minutos! Yeiiii!!! Com isso estou emagrecendo. Nove quilos, já. Em breve vou atingir a metade da minha meta: 10 quilos.

Mas, então. Falando sobre os meus dentes. Meu dentista – que é o meu primeiro e único; um dos relacionamentos mais duradouros de minha vida – diz que se os dentistas dependessem de mim iriam à falência, porque eu quase nunca tenho nada – uma ou outra limpeza de tártaro. Vou ao dentista só quando sinto alguma coisa e isso demora anos. Nunca tratei canal – graças a Deus. Não tenho essa coisas de bloco, apenas poucas obturações. Fazia dois anos que eu não ia ao dentista. E só fui porque comecei a ter uma dor louca ontem e, por sorte, estou em Gotham City. Aí descobri que a minha obturação furou. E um outro dente meu lascou. Aí ele me perguntou se eu ando rangendo os dentes enquanto durmo. Disse que não sabia – afinal estava dormindo. E não durmo com ninguém com regularidade para que possam me avisar. A única que mais dorme comigo é Formiga Irmã, e ela diz que acha que eu não ranjo. Ele disse que eu estou com uma força muito grande na mordida e que pode ser isso. A pessoa exagera na dentada. Por causa disso ele se recusa a colocar resina e insiste no amálgama (metalzinho). Disse que a resina não vai agüentar na minha boca. Ela vai pedir pra sair.

Caralho. Eu acho que eu sou o Incrível Hulk. A maioria dos problemas que eu tenho na minha vida são relacionados, de alguma forma, com a minha dureza, força e agressividade, quer seja de forma literal ou metafórica. Quando eu fazia escola de teatro todos os meus professores de interpretação, de expressão corporal, batiam nessa tecla. Que eu precisava de suavidade, de leveza, porque quando os personagens eram fortes, duros e pesados eu ia bem. Mas quando eu precisava de alguma coisa mais leve, não conseguia. E tem também o fato de que a força, quando mal administrada, ela causa estrago pra quem a emite e quem está à volta. E não necessariamente força é igual a peso. Uma coisa pode ser forte e leve. Ou forte e maleável. O que é complicado, porque também são algumas das minhas qualidades. E quando você acostuma a utilizar suas qualidades como defeitos você começa a pensar que se abrir mão dos defeitos pode perder as qualidades. E, talvez o que nós tenhamos de melhor sejam realmente os nossos defeitos. O que nos particulariza.

Engraçado como a gente introjeta essas características até no próprio corpo. Por exemplo, eu sou extremamente forte, fisicamente. Para uma mulher. Meus músculos, debaixo do monte de banha (talvez uma tentativa de amaciar?), concentrados na região do abdômen (não por acaso o centro da força) são sólidos e desenvolvidos. Se eu começo a malhar, cresce tudo rápido. Eu agüento pesos que meus porteiros ficam espantados. Deveria ter me dedicado ao boxe ou ao jiu jitsu. Seria campeã. Peso pesado. Mas essa dureza – que é ótimo, porque eu tenho menos celulite, menos flacidez – me gera outros problemas, como por exemplo, tensão nos ombros e pescoço, além do encurtamento deste. Acho que daqui uns anos, se não fizer um trabalho de pilates ou RPG, vou parar de ter pescoço. O que será complicado.

O mesmo não se aplica a minha flexibilidade. Sou extremamente flexível. Coloco o pé atrás da minha nuca. E nunca fiz ballet, ioga nem grandes exercícios. E isso não reflete, de maneira nenhuma, minha flexibilidade na vida.

O fato é que todas as características que nós temos são boas e ruins ao mesmo tempo. É o pacote todo. Ninguém muda o outro. E a gente só muda diante de um grande esforço, que quase sempre demanda algum tempo ou diante de grandes impactos. Mesmo assim, me pergunto até que ponto é possível mudar, realmente. Digo, mudar tudo. Porque seja como for leva-se tempo para se tornar o que se é. Só se muda realmente quando a dor de continuar sendo o mesmo é tão insuportável que qualquer outra tentativa antes da morte é melhor. É como diz o Bob Dylan. Quando você não tem nada, não tem nada a perder.


PS: Acho que estou com uma crise de criatividade. Tô achando tudo que eu escrevo chato e repetitivo.

12 comentários:

trinity disse...

seus textos são maravilhosos, nada repetitivo...

Carrie, a Estranha disse...

Ôôôô...que fofinha, vc, Trinity! E Morpheos e Neo tb acham isso? Dããã...

bjs

Ana Manga disse...

1. o que eu penso depois de ler seus posts: eu adoooooro a carrie, gente!
2. cara, agora já tá me dando medo. tive dor de dente e o dentista daqui disse que tô rangendo dente. perguntou até se eu tomo anfetamina, que dá esse efeito (cuma?). será que é doença de doutorando?
3. queria lançar a campanha: seja um provedor de internet legal. por aqui até que é bom - ao invés de sol a gente tem banda larga wireless por sobre toda ilha (preferiria o sol, devo dizer). já ouvi dizer que a tim funciona, aquele trequinho que vc carrega pra onde for...
4. alguma receita pra eu terminar minha qualificação sem envelhecer 3 anos em 3 meses?
5. eu adoooooro a carrie, gente!

Ana Manga disse...

credo, eu vim falar uma coisa e falei outra(s). era sobre vício e virtude que eu ia falar, isso que vc anda falando de defeito ou qualidade. e sobre mudança. deixa ver se consigo sintetizar o que eu acho disso... ah, então, eu acho que é mesmo um pacote, como vc disse, ou uma moeda de mil lados, uma esfera, sei lá. e a mudança não é na coisa, no pacote, mas na lente sobre a coisa. daí, vc diz pra si mesma: eu sou forte. forte só. não forte demais, não forte e pesada, nada disso. você é forte. e isso é bom. mas tem que falar pra dentro, pra mudar a lente. e espera. pronto, você é forte, e só. =)

acho que a gente não muda, porque a gente não É. a gente se inventa.

pode ser uma grande besteira isso que tô falando, mas é mesmo o que eu ando pensando do que nos particulariza. bom e ruim, defeito e qualidade, ah, é automatismo maniqueísta. a gente pode mais...

bjo!

Tati Tatuada disse...

Rigidez e flexibilidade.
O que mais a senhorita quer?
Beijos.
Tati

Carrie, a Estranha disse...

Oi, Ana!

Gêmea-miguuuuxa inglesa! Separadas na maternidade? Hahahaha

Em primeiro lugar obrigada pelos elogios e pelos comentários!

POis é, meu dentista me aconselhou a dormir com aquelas placas porque disse q, mesmo q eu não ranja os dentes eu devo ter cerrar o maxilar - e isso deve prevenir.

Ele concordou em fazer as obturações de resina. Meio a contra-gosto, disse q vão durar dois anos, no máximo (sim, meu dentista é suuuuper otimista). Tá tudo banquiiiinho!


Cara, eu trocava cobertura wireless por cobertura de sol fááácil.


Muito bonito esse pensamento: a gente não muda, por que a gente não é. Com certeza.

Tati!!!

Emagrecer, uai! Rsrsrs...o q adianta ter músculos se eles não rompem a camada de gordura? eu ser um monte de banha dura? Melhor do ser um monte de banha mole, sem dúvida, mas não resolve!

Bjs

WADT disse...

Carrie, insista mesmo na resina, minha ex-dentista também não aceitava, mudei de dentista há 4 anos, e comecei a trocar as obturações - estão todas perfeitas e branquinhas...

trinity disse...

Desculpe a demora Carrie, Morpheos e Neo estavam na MATRIX chegaram em Zion a pouco e sim eles concordam cmg!!!Hihihi

Camille disse...

Uau! Emagreceu 9 quilos??? U-huuu! Go, girl!! Isso é super motivador, Carrie! Parabéns!

Agora, que engraçado você dizer no final do post que tá achando td q escreve chato e repetitivo, pq, ASSIM q eu COMECEI a ler o post, eu pensei "ah, só a Carrie pra escrever coisas tão legais assim!". Eu sinto uma espécie de alívio te lendo. Justamente pq vc nunca perde a mão e vc sempre me acrescenta algo.

um mega beijo pra ti!

Carrie, a Estranha disse...

Wadt,

É, eles acham meio fraco, né? mas o meu acabou concordando.

Trinity,

Hahahaha


Camille,

(bochechas corando): obrigada!

Bjs

Anônimo disse...

Até que ponto uma pessoa pode mudar? Uma pergunta bem interessante.

Sei é que pra cada pessoa que a gente conhece temos uma "versão" nossa. É engraçado falar em mudança, porque geralmente falamos em mudar quem somos - pra nós mesmos, porquê há diversos "nós". E outra, talvez não tão relacionada a isso: mudar como sujeito, sabendo pra onde, tentando, tendo consciência disso, é mais difícil. Mudar como objeto é fácil - ou seja, sob influência dos outros. Hábitos criados (ou interrompidos) pela convivência com outras pessoas.

Isn't it unfair?

P.S.: haheaea provavelmente vc deve estar se perguntando "de onde ele surgiu?". Bom, eu não sei, um dia visitei seu blog e achei interessante pra caramba. E assino o feed,hehe ;) Não acho seus textos nem um pouco chatos =)

Carrie, a Estranha disse...

Ôôô...q bonitinho vc, orkuticídio. Só queria saber qual dos quatro caras do seu blog é vc.

Obrigada pelos elogios. Volte sempre.