Senê-senê-senê-senê Senegaaal. Senê-senê-senêêêê-senê Senegal.
Quem mora no Rio, compreende o que eu falo.
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Ontem estou eu no Espaço Unibanco Artplex de Cinema tomando um café, esperando meu filme começar, acompanhada de Bella-Fofolete, Fu Sis, Cris e Paulinho, quando vem uma pessoa em minha direção toda sorridente. Nem de longe eu sabia quem era a pessoa.
Alternativa A) O Alzheimer é uma realidade e eu vou dar um dos maiores foras de toda a minha existência, porque eu nem desconfio quem é esta pessoa tão simpática; B) A pessoa me confundiu com alguém; C) A pessoa é doida e D) NRA.
A pessoa me chama de Carrie. Opa, uma pista! É alguém do blog. Me dá um abraço apertado. Resposta correta: D. A pessoa é Clara Lopez que me reconheceu e veio falar comigo.
Me senti a própria celebridade! Como diz a Bella, pra alguém que quer dominar o mundo nada melhor do que ser reconhecida.
Falando sério: gostei muito. Pena que ela sentou rapidamente na nossa mesa, mas teve que sair, pois tinha um outro compromisso. Mas pelo menos a gente se viu.
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Descobri porque eu não gosto de Reveillon. Eu sempre tento juntar as pessoas e nunca dá certo. Porque as pessoas são muitas. Em várias cidades. Em pontos opostos da mesma cidade. Daí é sempre complicado.
Outra coisa que não me faz gostar de Reveillon é a pressão. Pressão de ser feliz, passar num lugar legal, dar tudo certo...
De onde eu concluo, reunindo essas duas coisas que eu disse, que todo o meu “sofrimento” resulta, como sempre, em colocar muita expectativa nas pessoas e nos acontecimentos. Mas as pessoas...bom, são só pessoas. Como eu. Fazem muitas coisas erradas. E se a gente não sabe perdoá-las, não consegue perdoar a si mesmo. No final das contas, a dor é só nossa.
Esse ano foi um ano muito bom. Ano passado foi um ano de emoções intensas. Boas e ruins. Esse ano foi um ano sereno, com encontros felizes e tranqüilos e alguns passos. Sobre as resoluções de fim de ano do ano passado eu cumpri algumas, acumulei outras pro ano que vem (como o peso, por exemplo) e outras ainda eu vi que não tem o menor sentido. Mas a melhor coisa desse ano foram as pessoas. Novas e antigas. E a falta de expectativa que eu depositei nelas, que foi “O” aprendizado do ano.
Desejo a todos vocês, leitores queridos, conhecidos e desconhecidos, um ano novo. Que vocês saibam se movimentar com leveza e doçura pelos acontecimentos. Tome as rédeas da sua vida nas suas mãos e aprenda a distinguir o que realmente é importante pra você, mesmo que isso vá contra o bom senso ou contra o que você achava. Se você já as tem, ótimo. Que elas permaneçam firmes na sua mão, mas que você saiba que, às vezes é preciso afrouxar e deixar o cavalo andar por si próprio. Ele sabe o melhor caminho.
Coisas boas e ruins vão acontecer. Mas nada é só bom ou ruim, preto ou branco; há uma miríade de cores intermediárias em todos os acontecimentos e cabe a você, única e exclusivamente a você, as cores que a sua vida terá. Não culpe o mundo.
Tudo passa. A maioria das coisas não tem importância. É preciso trabalhar nosso desapego de pessoas e coisas, é preciso saber dar valor a coisas e pessoas certas. A vida é curta e se você escolheu ser ao invés de não-ser, siga adiante. Os mais delicados, como diria Drummond, desistem. Mas se você ainda não desistiu, move on. Afinal, estamos vivos. Comemoremos.
Que você tenha cada vez menos expectativas, mas não porque se contentou com pouco, mas porque aprendeu que é possível viver com pouco e ser muito mais feliz do que quando queria coisas demais sem nem ao menos saber se elas de fato eram importantes.
Que o seu ano seja pontilhado por recomeços.
E pra isso tudo é preciso coragem. Saúde. Amor. Fé. Em você, em primeiro lugar.
São os sinceros votos da equipe do Sublime SucubuS. E que você esteja conosco no ano que vem.
Não consigo pensar em nada mais apropriado e clichê do que este poema.
Passagem do ano
(Carlos Drummond de Andrade)
O último dia do ano
não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis,
farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.
O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e o seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória,
um olho e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a morte,
mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão
esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
o recurso da bola colorida,
o recurso de Kant e da poesia,
todos eles... e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia."
11 comentários:
Ei, dia 30 eu também fui no Arteplex! Como é que perdi esse encontro todo?! Fui ver A Vida dos Outros, às 21h20. Aliás, que filmaço, hein?
Em tempo: feliz ano novo!
Em tempo 2: Acho que você me mandou um torpedo por engano, lá pela 1h40 da manhã do dia 01/01... Devias estar muito bem!
;-)
Oi, carrie, que post lindo, e não apenas porque fala do nosso encontro, eu tb adorei ver você (e as amigas tb), foi como se já a conhecesse realmente há tempos, e fiquei feliz pq você falou 'clara' sem saber que era eu, foi super bacana.
Penso como você sobre quase tudo que diz a respeito da vida e suas luzes e trevas, e acho bonito essa vontade de fazê-la (a vida) funcionar.
O poema do drummond é lindo, está lá no Rosa do Povo, fui ver pq não me lembrava dele, a gente passa um pouco batida por esses textos comemorativos e só vai perceber que são lindos numa ocasião assim.
É isso, carrie, tudo de ótimo,
clara lopez
Anna V,
Nããão! Claro q não foi por engano! Puxa. Estava te desejando um feliz ano novo!
oi, Clara!
Mais uma vez obrigada pelas palavras de carinho. Tudo de bom para todos nós.
Bjs
carrie baby, pra mim sua msg chegou, tipo, 3 da manhã e eu meio dormindo, meio acordada: hein? o q tá acontecendo??
hahaha!
vamos marcar mais cinemas pq só com ar condicionado podemos fugir do calor senegalês.
ohhh my God, I´m friends with a celebrity!!! hahaha!
mil bjs
oi, bella, fica fria, seu dia chegará :)
abr,
clara
até eu q amo sol estou achando senegal demais. que é isso?! copiei a idéia do poema do drummond, tá? com os devidos créditos, é claro. bjs
Sinto que meu ano de 2007 foi um ano de transições, pois no mesmo ano vivi momentos horríveis e momentos maravilhosos.. e isso é muito bom! porém prefiro que em 2008 as coisas sejam mais centradas nos momentos bons mesmo, tô ficando cansada de passar nervoso! nhé
Se aqui em SP o calor já está insuportável, imagino por aí. Eca.
Adorei os votos de um bom ano, esse ano tbém aprendi muito em termos de desapego, não esperar demais, ou melhor, aprender a não esperar e sofrer por coisas q nem são realmente importantes pra mim.
Q 2008 seja um ano maravilhoso pra todos nós, q haja muita saúde, paz e disposição para muitos e muitos recomeços.
Bjks
"Se for vir, agiliza!"? à 1h40? Bem, achei que fosse chamando alguém para uma festinha, alguma coisa assim. "Tô sentindo que vai pedir pra sair"? Hahaha, só você mesmo, dona Carrie. Tem razão, eu vou começar a adotar essa tática a partir de agora. Todo dia, "Pede pra sair!". Mas então fiquei feliz com sua mensagem. Obrigada, darling.
feliz ano novo, moça. vc tentou me ligar na madrugada do dia 1°? a ligaçaõ caiu e eu não consegui mais falar. mesmo assim, bjs!!
U-hul! É blogstar!!!!
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