domingo, agosto 26, 2007

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A vida tem um jeito estranho de te mostrar que você estava errado. De te tirar das suas certezas, de dar uma rasteira e te deixar com cara de tacho. De uns tempos pra cá eu tenho me visto exatamente em uma série de situações que antes eu condenaria veementemente.

Eu nunca acreditei nesse papo de “a gente não escolhe de quem gosta”. E continuo não acreditando. Acredito que a gente gosta de pessoas sempre dentro de um certo padrão de gosto. Um mínimo de diferenças e afinidades. Acho pouco provável de eu me apaixonar, por exemplo, por um mendigo, por um terrorista árabe ou por um operador de telemarketing. Certas barreiras são intransponíveis, sim. Mas de repente o errado parece certo.

Eu não sei quais as chances de um relacionamento dar certo ou errado. Eu nem sei mais o que é dar certo ou errado. Aliás, acho que ninguém sabe. Talvez durante muito tempo eu tenha ficado com medo de que um dia o meu certo encontrasse o errado, daí eu fugia do errado, no intuito de preservar o meu certo – confuso, não? Mas nada adiantou e deu tudo errado do mesmo jeito – ou terá dado certo durante um tempo? Logo quem me garante que indo ao encontro do errado ele não possa se tornar um certo? Um momentaneamente certo, pelo menos?

Mas é esse o meu problema. Trabalhar nessa perspectiva binária de certo ou errado, preto ou branco, sim ou não. Esqueço os talvezes, os cinzas, os quem sabe. Esqueço que uma coisa pode não ser isso e nem aquilo, mas um pouco disso, daquilo e mais daquilo outro, que resulta em algo que não é nenhuma dessas coisas. Eu não dialetizo meus problemas. Eu quero respostas quase aristotélicas num mundo pós-moderno. E esqueço que a vida vai se fazendo no dia a dia, no caminhar, nos nãos que viram talvezes que podem virar sim; no olhar que vira um sorriso, mas pode não passar disso. Que nada é garantia de nada. E é esse compasso da espera, do suspenso, da dúvida e às vezes até do recuo que me exaspera. Mas não há outro caminho além dele. Não há. E toda vez que eu tento eu quebro a cara. A melhor coisa pode ser ficar em cima do muro, às vezes. Em certas horas é tudo que se pode fazer. Esperar. Paciência. Não a paciência dos que se acomodam e não vão atrás, mas a paciência dos que sabem que não há como apressar o ponto do cozimento.

Eu tenho medo dos buracos, das intercessões, das arestas, das frestas por onde entra o sol (ou a chuva). Do silêncio que faz quando a gente vai pra um lugar afastado de tudo. Aquele silêncio que é tão grande que você consegue ouvir seus próprios pensamentos e seu coração batendo. Do escuro que faz faltar o ar. E você procura aquele facho de luz, mas não acha. Mas é exatamente nesses locais onde a vida realmente acontece. Eu tenho medo das imperfeições, mas elas são a única coisa que realmente interessam em uma pessoa. É onde enxergamos as particularidades.

Esses dias eu ouvi uma palestra sobre 1968 (e todos os acontecimentos ao redor desse ano) onde o cara relatava que alguém perguntou pra ele por que em 1968 havia essa crença tão grande de que tudo ia mudar. E ele respondeu: pelo mesmo motivo que acredita-se hoje em dia, com tanta certeza, que nada vai mudar. Ou seja: há tanta falta de lógica num otimismo exacerbado quanto num pessimismo desmesurado. E quando você fica em um desses extremos você fatalmente quebra a cara. E eu cansei de não-acreditar. Dá muito trabalho.

Enfim. Complicada a vida.

10 comentários:

Anônimo disse...

Carrie, uma dica (se é que vc já não fez isso), faça uma lista com tuuuudo o que vc quer num homem, assim fica mais fácil achar aquele q realmente vc quer.

Estes anos todos eu tenho tentado com os mais diversos tipos, baixo, alto, branco, negro e até tatuado. Mas nunca dava certo.

Eu pensava: enquanto não encontro o certo eu passo um tempo com os errados oras!

Este ano terminei um namoro de 4 anos com um cara que não tinha nada a ver comigo. Descobri que este negócio de "opostos se atraem" fica bom só em casal protagonista de novela mesmo.

Depois que me livrei do encosto e aceitei que nunca mais ficaria com alguém q não é meu tipo, o homem dos meus sonhos apareceu do nada.

E ele era EXATAMENTE como naquela listinha que fiz a uns anos atrás. Hoje eu sei que quando eu fechava os olhos era ele que eu via (foi bonito isso heim??).

Bom menina, seja o que for seu coração sabe a resposta, escute ele.

Beijos.

Anônimo disse...

For,
lindo texto, como sempre, mas tem dia que é mais lindo ainda.
Bjs,
Formiga Sister

Carrie, a Estranha disse...

Raposa,

Fiz uma de tudo q não quero, serve? Rsrs

Fu Sis,

Que puxa!

Bjs

Anônimo disse...

Hahahaha, até serve a lista de NÃO QUERO, Carrie, mas acho interesante fazer uma de QUERO também!

Quando fiz a minha primeira lista (acho que eu tinha uns 14 anos) era basicamente a mesma de hoje só que com menos itens (é que a gente vai crescendo e descobrindo outras coisitas mais né?... hehe).

Lembro que eu coloquei de tudo, desde formato de sobrancelhas até que ele tinha que jogar video-game junto comigo. :-)

As vezes acontecia de eu estar folheando uma revista e encontrar um "traço" que queria nele, então recortava e ficava lá namorando aquele pedacinhoo (eu já praticava o tal "Segredo" e nem sabia!).

Mas nada me impediu de passar uns bons anos namorando caras totalmente diferente daquele q eu procurava.

Alguns anos se passaram quando o encontrei, parecia que já o conhecia a tanto tempo! e na primeira chance que tive de reler minha listinha cheguei a arrepiar Carrie, de tantas coincidências! era ele escrito! parecia que alguém tinha ido lá no meu quarto, roubado a lista e feito um projeto secreto de homem dos meus sonhos.

:-)

Bom, é isso aí! beijos

Anônimo disse...

Só para dizer... Ila Fox e Raposa Loira é a mesma pessoa tá? hehehe

P.S - É que tenho mudado meu nick em alguns posts para desviar do meu ex que pode ainda ter aquele ataque de curiosidade mórbida(típica de ex) a respeito de minha pessoa.... hehe

Beijos

Anônimo disse...

...

Praticamente estava fechando a janela do seu blog quando começou a tocar Carrie (do Europe) no meu Mp3... O.o

Sinistro.

Hehe

Inté

Anônimo disse...

Carrie, o que é isso?Preste atenção fia: relacionamento e amores não têm fórmula, nem filosofia, nem matemática, nem nada!Acontece e pronto.Seria maravilhoso se existisse "O" momento "O" cara, "O" tudo certinho. Vai por mim, tenho atrás 02 casamentos e muitos tropeços, mas tem um saldo de bons momentos, de muito amor. Te joga linda e aproveita!Bjs. Sandra Lee

Andrea disse...

"Não tem fórmula": se jo-ga!!!!!!

Anônimo disse...

Vai com fé minha fía.

Sò tem um jeito de saber que é tentando.

Anônimo disse...

"E quem irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração..."