sábado, junho 02, 2007

"Somos feito da mesma matéria de que são feitos os sonhos"*


Vacinei contra a rubéolaaaa. La la la la la la...

Tô me sentindo “a imunizada”.

Ganhei inclusive um cartãozinho de vacinação. Fiquei encantada com as várias vacinas que eu posso tomar. Acho que vou começar pela de hepatite B, que são duas doses e não é punk como a anti-tetânica.


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Faz dez graus em Gotham City. Semana que vem vou a Pasárgada, que deve estar fazendo uns cinco, seis graus.

E em julho vou à Porto Alegre! Iupi!

E quem sabe em janeiro eu vá à Antártida, se eu ganhar a promoção do Históry Channel! Iupi, iupi!!


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A CSN entrou em greve. Claro que a greve na CSN não é mais como era nos anos 80, onde a cidade parava – tendo a primeira delas ocorrido em 1984. Hoje em dia - principalmente depois da privatização - embora a CS ainda seja o coração da cidade, há vida em Gotham para além da metalurgia. Mas ainda assim é a maior indústria siderúrgica do Brasil e da América Latina e uma das maiores do mundo. E está parada. Como várias outras coisas neste país, que vai mal das pernas. A não ser para o nosso presidente, claro.

Me lembro dessas greves quando eu era criança: um certo nervosismo na escola, pois vários pais de colegas meus eram funcionários da CSN, “peões”, mesmo – meu pai também trabalhava, mas era médico do hospital da CSN – e uma certa confusão na cabeça de nós, crianças, sem sabermos ao certo se aquilo era bom ou ruim. Os professores diziam que era bom, pois eles estavam lutando pelos seus direitos. Meus colegas, vivendo em um ambiente tenso dentro de casa, não tinham a mesma certeza.

Durante a greve de 1988 os operários ocuparam a usina. A cidade foi Área de Segurança Nacional, um resquício da ditadura militar, até 1989. No dia 09 de novembro de 88 o Exército invadiu a CSN, ferindo 46 trabalhadores e matando três: Carlos Augusto Barroso, de 19 anos; Walmir Freitas Monteiro, 27 anos; e William Fernandes Leite, 22 anos. Dia 22 a população, antendendo ao pedido dos sindicalistas, deu um “abraço” simbólico em volta da usina, em apoio aos operários.

O presidente do sindicato dos trabalhadores na época desta greve, Juarez Antunes, foi eleito prefeito da cidade. Morreu dois meses depois da sua posse num acidente de carro e há quem diga – e muita gente séria – que sua morte não foi acidental. Seu enterro também foi um momento de grande comoção para a cidade. Isso pode soar meio “teoria da conspiração”, mas quando lembramos que em primeiro de maio de 1989 um memorial feito pelo Niemeyer em homenagem aos trabalhadores mortos na greve de 88 foi inaugurado e, na mesma madrugada, destruído por uma explosão, a coisa fica meio estranha.

Sempre me interessou muito mais a dimensão humana e individual dentro desses movimentos. As pessoas que são tragadas pelo torvelinho das mudanças. A vida no varejo que muda e é mudada pela marcha da História. As histórias dentro da História. Aí me veio à cabeça o excelente documentário brasileiro “Nós que aqui estamos, por vós esperamos” de Marcelo Masagão. A frase é de um cemitério e o documentário conta a história do século XX através não só de figuras ilustres, mas principalmente através de pessoas anônimas (algumas fictícias). “Tu és pó e ao pó voltarás”. Claro que isso não é motivo para não lutar, mas fica a dúvida: será que existe causa maior do que a vida? Mas e quando a vida deixa de ser vida?

* Shakespeare. Se não me engano em "Hamlet".

4 comentários:

Anônimo disse...

também me vacinei! rá!
achei o máximo, pq não doeu nadinha. na hora! pq agora meu braço tá todo dolorido.

o "nós que aqui estamos, por vós esperamos" é maravilhoso! assim como o "ilha das flores".

Anônimo disse...

Oi, Carrie, acho a bela frase-título do seu post é dita por Póspero em "A Tempestade"... Talvez você tenha confundido com aquele trecho de Hamlet, também lindo: "Que obra-prima é o Homem! Como é nobre pela razão! Como é infinito em faculdade! (. . .) A maravilha do mundo! O protótipo dos animais! E, mesmo assim, que significa para mim essa quintessência do pó?"... Beijo!

Carrie, a Estranha disse...

Oi, rê!

Cris, mas não são os atores q fazem a peça para Hamlet q dizem isso?(q eu falei)?

bjs

Carrie, a Estranha disse...

Cláudio! Sorry! Eu li "Cláudio" e registrei "Cris" - mesmo a Cris tendo foto ao lado do nome. Desculpe-me mesmo. E tb achei q a Cris, por ser professora de inglês, teria mais familiaridade com Shakespeare - ah, sei lá q diabos de associação meu combalido inconsciente fez.

Mas, então...eu achava q era naquela hora em q os atores vão fazer a peça pro Hamlet e mostrar toda a trama do assassinato do rei.

A tempestade eu nunca li.

bjs