Caminhando no Aterro, eu escuto a conversa de uma moça e o que deveria ser seu namorado (pois estavam andando juntos, de mãos dadas):
- ... e eu, em cócegas, tentando falar...
Fiquei pensando que provavelmente o que ela queria dizer era “e eu, em cólicas, tentando falar...”.
Aí me lembrei da história do “cuspido e escarrado” e tantas outras expressões da língua portuguesa que foram se modificando com o passar do tempo. A história é conhecida, mas vale a pena lembrar. A expressão “cuspido e escarrado” vem de “esculpido em carrara”, um tipo de mármore. Então se dizia “esculpido em carrara” quando uma pessoa era idêntica a outra, como se tivesse sido esculpida em carrara no moldes da outra. Mas, com o passar do tempo, a expressão foi se popularizando até chegar a “cuspido escarrado” – o que não faz o menor sentido a não ser que você conheça toda a história da expressão. A mesma coisa com “vosmecê”, “você”, “cê” e mais uma infinidade de exemplos.
II
E por falar em simplicidade, sabem quem vai ganhar o BBB 7? A mocinha da roça. A tal loura que fala que nem caipira. Eu acho que o povo não dá voto pra imbecis, como todos gostam de apregoar quando o Bambam ganhou da primeira vez. O que ele Cowboy, Dhomini, Cida, Mara e Jean tem em comum é o fato de serem “fracassados” na vida real. Ou pobres ou ingênuos ou minorias. Não são garotões do Leblon nem princesinhas. Não tinham uma família sólida. Nos EUA provavelmente os ganhadores seriam um desses tipos malhadões e que usam de mil estratégias pra vencer. Os mais fortes. Mas aqui não. Aqui a simplicidade, a humildade e a fraqueza são sempre exaltadas. Até podemos objetar que Bambam, Cowboy e Dhomini estavam dentro de padrões de beleza. Entretanto, o primeiro era extremamente ingênuo, quase boçal, o segundo, por ser do interior, representava o homem puro e simples, enquanto Dhomini, além de ser do interior, era o menino brincalhão e palhaço. Aliás, os três encarnavam meio a coisa do palhaço, tinham um quê de Mazzaropi e de Didi (não por acaso Bambam foi trabalhar com este). Jean era homossexual, pobre e da “turma do bem”. Foi sacaneado pelos “fortes”. Não acho que a vitória dele tenha nada a ver com a “revolta com os conchavos da política brasileira” como eu vi muitos colunistas afirmarem. Tem a ver com a cordialidade do brasileiro, como diria Sérgio Buarque de Holanda (mas isso é assunto pra um post mais demorado)
Não subestimem o BBB. É uma das melhores oportunidades de conhecermos o país em que vivemos.
Um comentário:
Bem, pensando dessa maneira o BBB até tem seu lado bom. Mas nem assim eu vou tentar assistir. Vejo a história de quem ganhou depois de acabar, hehehe. Não consigo achar aquilo interessante.
Bjoos
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