Sou acordada com o pintor que está fazendo obras no meu prédio tocando a campainha pois precisa pintar a porta da sala e da cozinha, senão (junto ou separado?) vai ficar feio no resto do hall.

Abro as duas portas e vou fazer meu café. Não, nem era tão cedo, mas eu tenho uma vida desregrada, não consigo dormir cedo (leia-se antes das duas) e putaqueopariu, o apartamento não é meu e eu tô cagando em destoar do conjunto (mamãe quer que eu fale menos palavrão. Tô tentando). Eu já destôo do conjunto. Mas, beleza.

Começo a fazer meu café – que vai ser só café preto, porque com esse cheiro de tinta insuportável não dá – e o pintor é daqueles que puxa assunto o tempo todo, fala pelos cotovelos, intercalando gírias, falando do trânsito pra Nilópolis etc. Faço café, ofereço, toca o telefone, minha mãe falando sobre o Natal, cai a ligação, liga de novo, o deixo com o açucareiro e a garrafa de café, outra ligação, a Net querendo mudar o sistema de analógico pra digital sem nenhum acréscimo para a senhora (juuura! Nossa, como vocês são legais!) e querem marcar pra trocar o meu decoder e controle no dia 26 de dezembro, como se eu fosse filha de chocadeira e não tivesse família e não tivesse Natal. Falei que vou estar ligando pra eles assim que eu voltar de viagem.

Formiga Sister mais uma vez tinha razão. Dei uns tapas na minha impressora e ela voltou a funcionar. Fu Sis diz que de vez em quando todos os eletrodomésticos dela apanham. É verdade. Máquinas são temperamentais e impressoras mais ainda. Quando o diálogo cessa, a agressão física é sempre uma boa saída.

Caras, e eu ainda tenho um relatório pra fazer até o Natal. Aquele relatório. Aquele. Que fez eu mudar de orientação semestre passado. Que eu quase perdi a bolsa. Tenho até fevereiro pra entregar, mas Olientadô vai sair de férias e preciso entregar antes do Natal. Estou em pânico. Porque quanto mais eu fico nervosa mais eu travo. E fico parada. E o tempo passando. E eu olhando pra tudo que eu escrevi e achando tudo uma merda. Tic tac tic tac. Aí na última semana eu viro noites, durmo 3, 4 horas, trabalho umas 14, 16 horas por dia, termino com olheiras até o queixo, espinha, pescoço duro, alergia, achando que poderia estar melhor, dizendo pra mim mesma que no semestre seguinte vai ser melhor, que eu vou mudar, que eu vou melhorar, que eu vou começar a praticar o zen budismo na vida cotidiana...

Não é fácil ser eu. Em momentos como esse eu queria ser outra pessoa.

Tô ficando com fome, o cara não vai embora, não tem comida na minha casa, tenho que pagar meu cartão de crédito atrasado...

Acho que vou fazer as unhas. Nessas horas a atividade mais terapêutica é ir para um salão e deixar alguém cuidar de você.


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Aviso aos amigos:

Pierre,

Sua fama de furão corre mundo. Se você furar hoje, será um homem morto. Por mim e por Vanessa.

Jussara,

Você diz que acha que não tem amigos. Eu acho que não tenho amigos. Momento Pequeno Príncipe: você quer ser minha amiga? Hahahaha...

Gisele, irmã da Daniele,

Onde está você? Seus telefones estão incomunicáveis. Não vou poder ir na Fló por causa do maldito relatório. Depois eu reclamo que não tenho amigos...

Tereza Cristina,

Onde está você?


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Eu acho que as pessoas podiam disponibilizar e-mails quando vão colocar os comentários. Assim fica mais fácil. Só eu vejo os e-mails. Outras pessoas, não.


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Acho que acabou a pintura. Mas tem que esperar secar.

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O que vocês acharam dessa cor?