sábado, dezembro 11, 2010


Já falei aqui inúmeras vezes que eu ODEIO bancos, né? O.D.E.I.O. Aí fiquei pensando que todo mundo deve odiar também, porque. Né? É banco. Mas aí me dei conta que não. Tem gente que tolera até trabalhar em um. Qué dizê...tem maluco pra tudo neste mundo. Tem gente que come cocô. Tem gente que gosta de trabalhar em banco.

Eu tenho pensamentos homicidas e sociopatas em bancos. Eu penso em entrar armada e depositar minha arma naquelas caixinhas pra colocar coisa de metal. Eu penso em ir cheia de moedas e dizer que eu tenho um pino no cérebro. Eu sempre acho que vou cair no meio da porta giratória e ela vai me arrastar. A porta sempre apita, por mais coisas que eu coloque na caixinha. Eu sempre acho que vão roubar meu celular e minha chave enquanto eu passo na porta giratória e depois vão me seguir até em casa. Eu tenho vontade de pegar a arma do guarda e gritar "isso não é um assalto! É apenas uma expropriação revolucionária promovida pelo movimento MR-8", eu reparo as pessoas do meu lado, eu não gosto que falem comigo. Tenho vontade de jogar uma bomba numa agência e matar todo mundo: cliente, funcionário, eu...Tenho inclusive ganas de cometer um atentado suicida. Tenho vontade de tirar a roupa e entrar pelada. Eu praguejo contra a racionalidade burocrática da modernidade. Eu maldigo o infeliz que inventou o papel moeda e me pergunto qual o problema com o escambo, afinal dava tão certo. Eu preguejo contra o povo que não vê a porra do número da senha no painel - mas quando é a minha vez eu também como mosca. Enfim. Eu odeio banco e fico ainda mais estranha neles. 

Antes de entrar no tema desse post, só mais um detalhe: a mulher na minha frente resolve depositar na caixinha de acrílico uma sacola das Lojas Americanas. Isso porque tava todo mundo entrando em fila indiana, porque era horário de abertura do banco. Claro que a porra do embrulho emperrou a abertura da caixinha e ninguém mais conseguia pegar seus respectivos pertences, nem a mulher pegava seu embrulho. Foi preciso uma pessoa que tava do lado de fora tirar a caralha da sacola pro troço desemperrar. Sacola das Lojas Americanas, minha senhora? Porque não entrou com essa porra? E o tempo passando e eu sem pegar minha senha. Mas não é sobre isso esse post. Esse post é sobre como eu odeio bancos privados.

 
Eu tenho conta no Banco do Brasil desde os 16 anos, quando nem salário eu tinha. Minha mãe achava importante que eu tivesse talão de cheques. Depois como sempre tive bolsas do governo mantive a conta lá. Quando comecei a dar aulas tive que ter conta nessas merdas desses bancos particulares que tão sempre se fundindo uns aos outros e você vai fazer uma operação que nunca é aceita no banco XY, porque na verdade ali era uma agência originariamente do banco X e a sua conta é originariamente do banco Y e pra esse tipo de transação você deve se dirigir a uma agência originariamente Y. Isso tudo pra dizer que eu não vou abandonar minha conta de 18 anos por um banquinho particular novinho. É o relacionamento mais longo que eu tenho tirando o meu dentista, o Dr Cláudio.

Eu sei, eu sei que o Banco do Brasil tem taxas maiores que os outros bancos, mas eu cresci nos anos 80, minha gente. Onde a inflação galopava. Eu vi bancos quebrarem e deixarem clientes na mão. Eu vi o Collor e a Zélia passando a mão na poupança de todo mundo (com trocadilho) - inclusive do BB. Fui criada com o pensamento classe média de que insitutições privadas quebram, mas o dia que o Banco do Brasil quebrar o Brasil quebrou. Logo, não tiro meus milhões que eu uso para dar a volta ao mundo em busca de homens bonitos de lá. Não confio na nossa economia a esse ponto. Nunca faria um plano de previdência privada num banco particular.

Bom. Mas, tive que abrir conta num desses bancos privados de merda que falam de sustentabilidade e tem propagandas engraçadinhas e nomes de pintores impressionistas pra caracterizar o seu serviço de (não) escuta ao cliente. Pois é. Só que aí me abriram uma conta ultra mega bluster power, com vários cartões e não sei mais o que, sendo que nos primeiros seis meses as taxas eram de graça. Mesmo assim quis cancelar um cartão, porque eu já tenho 2 cartões internacionais (porque eu viajo o mundo inteiro atrás de homens bonitos, como vocês sabem) no BB, pra que ter o terceiro? De bandeiras iguais. Mas parece surreal você explicar que não precisa de mais um cartão. Mesmo ele sendo de graça. Vai ser mais um conta pra eu ter que me ligar.

Passado os 6 meses de isenção de taxa desandaram a me cobrar 11 ou 13 reais, não me lembro ao certo. Como sei que todo trabalhador tem direito a uma conta salário, sem taxas, fui atrás de meus direitos. Até que a coisa toda foi relativamente rápida. Relativamente. Claro que eu tive que ir umas duas vezes ao banco, em agências diferentes, e falar com aquelas antendentes de telemarketing insuportáveis que me prometeram mais seis meses de gratuidade se eu continuasse com a minha conta e eu disse que não, porque daqui a seis meses eu ia querer cancelar de novo e eles iam me oferecer mais gratuidade e a gente ia ficar eternamente nisso, com um relacionamento desgastado que não deixaria que nenhum de nós fosse feliz longe do outro. Mas nada fora do previsto. O que realmente foi engraçado foi o meu papo com a gerente quando eu fui fechar mesmo a conta.

A gerente era meio carente, sabe? Dessas que fica perguntando o que você faz, do que você dá aula. (O povo não entende que em faculdade particular a gente dá aula do que precisa. Se faltar uma professora de corte e costura eu aprendo em uma semana e tamo junto). Aí quando eu disse, ela começou a falar que tinha um irmão historiador e que o cara tinha dado Maquiavel pra ela ler e que aquilo era "Teoria das Representações Sociais purinha" e não sei mais o que. Continuamos a prosa e logo ela me revela que fazia pós em São Paulo em psicopatologia, que era o que ela realmente gostava.

Hein? Para tudo. Gerente de banco psicóloga com pós em psicopatologia?! Aí eu realmente fiquei com medo daquela agência. Aí ela começa a me contar que tinha consultório em um centro comercial ali perto e por isso o horário de banco era muito bom, porque ela podia conciliar com banco e que tinha muitos amigos filósofos que trabalhavam em banco.

Oi? Filósofos trabalhando em banco?

Fiquei pensando que então não era só eu que fazia reflexões sobre a racionalidade burocrática da modernidade e as vantagens do escambo no meio do dia.

Mas o melhor ainda estava por vir:

- Porque como gerente de banco a gente tem que ser um pouco psicóloga (fodeu. tava demorando pra entrar na psicologia de botequim) Aliás, acho que só por isso é que eu dei certo nessa agência. Porque essa agência é super complicada. Antes de mim não parava ninguém aqui. Veja bem: o banco já está no subsolo - a agência funciona no subsolo de um shopping - a pessoa tá aqui no horário de lazer, daí precisa vir ao banco. Quer dizer, isso representa um corte no seu momento de descanso. A pessoa já desce com ódio. Tem que ter muito jogo de cintura.

Pra encurtar a conversa: no final até chamar pro lançamento do livro da minha irmã eu chamei.

Aí consegui fechar a conta. Mas continuo tendo que ir lá sacar meu salário. Fui segunda de manhã e não tinha dinheiro. E tem 2 caixas, mas só funciona um. Rola de um tudo. Voltei outro dia às 5 pras 4 e saí às 5 horas. Toda vez que a gerente me vê me dá tchau, sai da mesa dela e vem falar comigo, vem perguntar se deu tudo certo, se eu consegui fechar a conta (como assim, Bial? Foi você que fechou!). Na última vez ela vira pra mim:

- E aí, conseguiu fechar a conta, teve mais problema?

- Não, não. Tudo certo.

- Que bom, hein? Ficou livre!

Se ela que é gerente tá dizendo...

- Que saia linda! Ah, mas quando você vier aqui vai direito lá na minha mesa.

Acho que ela realmente foi com a minha cara. Sem contar o outro tio do caixa que fica me zoando quando eu vou pagar multa da biblioteca da faculdade. Ih, esqueceu de devolver os livros?

Cara. Acho que vou começar a frequentar outras agências. Intimidade é uma merda.

10 comentários:

Paula Clarice disse...

A intimidade é um caminho sem volta.

***GrAzI disse...

Bancos realmente são complicados e fazem surgir sentimentos mais complicados ainda, mas já que trabalho em um que vc por sinal gosta venho aqui concordar que intimidade quando forçada e em ambientes pouco convencionais é mais que uma merda, é um buraco em que se cai fácil, fácil e sem chances de volta.
Como não sou muito normal além de bancária tbém sou psicóloga, mas não misturo as coisas como essa sua gerente não. Justamente para não favorecer essa "intimidade" em um ambiente no qual minha função não é psicóloga. Não sou de favorecer papo-furado ou lamentações alheias... Na verdade não gosto nada de pessoas assim!

Carrie, a Estranha disse...

Grazi,

Tá vendo! Vc é a prova! Acho q é super comum essa relação bancários-psicólogos.

PC,

Toootaaaal. Sem volta.

Anônimo disse...

Acho que sei de qual banco você tá falando e muito me alegra ter encerrado minha conta por lá. Te pediram para preencher um formulário ou a gerente fez tudo pra ti?

Carrie, a Estranha disse...

PS: Grazi, eu ñ quero q vc morra não, tá? :)

Anônimo,

Foi um banco q começa com S e é todo vermelho e se fundiu a um banco q começa com R e era todo verde.

A gerente fez tudo. Só na hora de falar com a atendente de telemarketing é q eu fui obrigada a "estar falando" com ela.

Bjs

Amana disse...

Ahahahah Carrie, só vc...
Ódio a bancos privados, eu compartilho.
Adoro o BB, e minha conta ainda é universitária - até 24 de fevereiro, data de minha defesa.
Quanto à promiscuidade da psicologia... ai. Não é fácil. Até hj, quando vou a esses lugares e me perguntam minha profissão digo "estudante" (o que é totalmente verdade, até 24 de fevereiro, rs) - só pra fugir de maluco querendo se consultar de graça ou de "cálega de profissão" querendo falar de purinhas Teorias da Representação Social. Dureza...

Luana disse...

Tenho uma amiga que trabalha em um banco ( não se preocupe, ela não gosta) e ela me disse que tem gente que vai TODO DIA ao banco. E não é funcionário de empresa não, é gente que vai pagar conta que poderia ser paga nas Lotéricas, no mercado, no caixa eletrônico...outro dia ela não aguentou e perguntou pra uma senhora que ia todo dia pq ela não pagava a conta nas Lotéricas...a senhora respondeu : "Ah eu gosto daqui..é fresquinho.."

Espero não virar uma senhora dessas.

Carrie, a Estranha disse...

Luana,

É...meio assustador. E triste.

Amana,

Que nem a Fló, minha amiga. Uma night dessas, há mto tempo atrás, um cara perguntou o q ela fazia. Qdo ela disse q era psicóloga, ele: "então lê minha mente".

Então, manda a camisa de força.

anna v. disse...

Eu não escrevo mais post sobre bancos desde o episódio em que escrevi reclamando do Br*adesco e no dia seguinte me ligou uma mulher de lá, querendo saber o que tinha acontecido, e tal. Quer dizer, no fim foi até melhor, porque virei cliente Prime (uia) e minha gerente atual é boa e me atende sempre na mesma hora (hmm, acho que estamos caindo no risco da intimidade, tipo: mandei foto pra ela quando Oliver nasceu). Mas fiquei muito cabrera com o controle do banco sobre um blogue que quase não tem acesso, como o meu, e que eu assino com pseudônimo. Medo, e muito.

Carrie, a Estranha disse...

Anna,

Mas este banco q vc citou é famoso por rastrear redes sociais e blogs. É meio q um "case" (rsrs...) de sucesso de publicidade qdo vc analisa interação c/ consumidor através de Novas Tecnologias .