quinta-feira, maio 21, 2009


Noite de antes de ontem eu não dormi. Literalmente. Tinha prometido a mim mesma nunca mais ficar sem dormir por trabalho, mas eu minto muito. Principalmente pra mim mesma. Fiquei terminando de imprimir a versão final da tese, a da capa dura, porque eu ia pra’quela estranha cidade da água escondida que fica do outro lado da poça e quando eu vi eram sete da manhã. Quer dizer, em universidades normais a capa é aquela dura, bonita. Na minha é uma capa molenga, de papelão, com o emblema da universidade, porque a minha federal é a mais tosca e mambembe de todas – deve ter piores aí por esses cantões do Brasil, mas eu não conheço. Ou seja: teve a tensão da entrega da tese pra uma comissão burocrática que deveria aprovar ou não a tese para a defesa, teve a tensão de melhora para a entrega para os membros da banca, agora teve a tensão da revisão para entregar para a biblioteca (e a agonia de ver as merdas que eu escrevi, e os erros que passaram, as partes repetidas, porque não deu tempo de revisar com revisor) e aí tem a tensão da defesa. Aí eu fico livre. Pensando bem, a defesa é o de menos. Porque ninguém é reprovado em defesa. A não ser que cuspa na banca, tenha comprovadamente copiado a tese ou xingue a mãe dos caras. Podem te esculachar, mas sairei doutora dia 28 de maio. É a única coisa que me mantém de pé. Depois disso, só Deus sabe. Acho que nem Ele.

Sinceramente eu não quero mais essa vida. Mas pode ser que seja apenas cansaço, mas temo que seja uma crise irreversível. Tenho pensado em coisas como casar e ter filhos (nessa ordem), me internar num mosteiro budista, ir lutar pela libertação do Tibet ou rezando para que eu me torne uma escritora antes de dar um tiro na cabeça por pensar que eu vou passar a minha vida lidando com prazos, projetos e editais e planejamentos. Estou cansada de viver com a corda no pescoço. Com uma foice pairando sob a minha garganta. A vida sob um deadline não é legal. Mas, ao mesmo tempo eu me pergunto...tem como escapar disso? Num mosteiro, talvez.

Mas pode ser só cansaço. Sabem como é. Sou uma pessoa volúvel e mudo de opinião com muita facilidade.

Aí só fui dormir a uma da madrugada de ontem. Dormi até 11 da manhã, almocei, dormi mais um pouco. Dormi tanto que acordei com dor na lombar e dor de cabeça.


Compensa? Não, não compensa.

5 comentários:

Amana disse...

Faca no pescoço quando se tem filhos são as bocas famintas dar criança pedindo leite (e mais tarde, pedindo Caloi ou a chave do carro).


Deadline em mosteiro é o Dia do Juízo Final.
(ou o equivalente religioso que for)


Definitivamente... compensa.
hahahahahahah

Patricia disse...

Sem querer te assustar e ja te assustando. Eu também achava que ninguém era reprovado em banca de Doutorado, mas tive uma amiga na UFRJ que foi:O
Não entrarei no mérito da questão. Mas, depois dessa eu fiquei com meu pezinho atras pra hora da defesa;)
bj e boa sorte!

Ana disse...

Eu tenho um colega no doutorado que é monge...

Alvaro disse...

Falta pouco, Carrie! Força na peruca, e grampo no aplique!
Abração!

Carrie, a Estranha disse...

Amana,

A gente conversa na época da sua defesa. Qdo eu estava aí eu tb pensava: não pode haver vida melhor do q essa! Hum-hum...

Patrícia,

Então ela cuspiu na banca, plagiou e ainda por cima brigou com o orientador.

Ana,

Tuuuudo a ver!

Alvaro,

É, esse é meu consolo.

Bjs