segunda-feira, setembro 15, 2008

Ike merda

Eu posso não ser a Luma de Oliveira, mas estou sofrendo os efeitos do Ike até aqui. Não o Batista, mas o furacão. Essa noite ventou, mas ventou, ventou tanto, tanto, que eu não conseguia dormir de tanto que as persianas (que se chamam "blind" em inglês, olha que ótimo! Que povo prático!) batiam. Apesar disso, tava um calor do cão, então não queria fechar tudo. Mas batia tanto, tanto, que eu tive que fechar, só deixando uma gretinha. Mesmo assim a grade continuava batendo. E eu praticamente não preguei os olhos. Dava leves cochiladas e acordava com o barulho da grade. Ou com os gatos enlouquecidos. Ike merda, viu? Essa noite eu realmente entendi, na prática, que o bater de asas de uma borboleta na China pode ocasionar um maremoto em Nova York. No meu caso um furacão na Flórida causou minha insônia.
E aqui tem uma TV (acho que é a FOX, não sei) que cobre o furacão, 24 h por dia. Fica o repórter lá: "ainda estamos por aqui...". Um cromo, como disse minha amiga purrrtuguesa Helena. (Já adotei. Um cromo!).
Resultado: tô pooooodre. Comi - porque estava em tempo de desfalecer - e agora tô tentando criar forças pra malhar. Esperando fazer a digestã - como diz o outro. Só vinte minutos de bicicleta. Vamos lá, Rocky. Olho de tigre!
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"Welcome to America! Life is hard, but I love it" - de um transeunte, trabalhador braçal, em um momento de descanso na calçada, para outro, aparentemente recém chegado na Big Apple.
Podiscrê, companheiro.
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Tô eu vendo TV. Passa uma propaganda bonita, com uma música linda, com imagens lindas (inclusive do Rio) e dizeres do tipo "é possível transformar minério em sonhos? Em criatividade?". No final: "VALE. A global mining". Hein? Global, cara pálida? A Vale é nossa. Agora é global?
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Na aula de História do Brasil, um gênio da raça pergunta se o português de Portugal é diferente do português do Brasil - o que você acha, crânio? O inglês da Inglaterra é diferente do inglês dos EUA? O inglês de Idaho é diferente do de LA? E o pior é que o cara ainda começa com "correct me if I am worong". Odeio gente que começa frase assim.
Depois uma menina perguntou sobre índices de analfabetismo no Brasil Império - hein??? - e sôra falava de como a cultura brasileira é oral, que as pessoas se reuniam pra ouvirem notícias no jornal e outro gênio lá atrás levanta a mão e diz que "sim, até hoje é assim. Eu estive no Rio ano passado e eu estava em uma barbearia e o cara lia as notícias para os outros".
Sério.
No final da aula, popular como sou, fui falar com ele, disse que eu era do Rio e tal.- rau, homem branco. Mim aborígene. Ele disse que adorava o Rio, que o pai dele era de lá, a família toda e vieram pra cá no final dos anos 70.
E ainda assim ele deve ter achado "how exotic" quando um cara começou, por um acaso, a ler uma notícia em voz alta.
Mas ainda acho que as pessoas aqui são bem mais inteligentes e menos ignorantes acerca do Brasil do que eu achava.
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Eu já falei da lojinha de livros da NYU? Que é dividida por cursos e com os livros indicados por cada professor? Pilhas e pilhas de livros? Depressããããão...

2 comentários:

Anônimo disse...

A VALE já foi nossa, foi privatizada!

Helena disse...

Cromo, risos.

Rocky, olho do tigre, risos.

Pausa.

Risos.