sexta-feira, agosto 29, 2008

Museu de História Natural

“The best thing, thought, in that museum was that everything always stayed right where it was. Nobody’d move (...) the only thing that would be different would be you (…). I mean you’d be different in some way – I can’t explain what I mean. And even if I could, I’m not sure I’d feel like it”.


(The Catcher in the Rye – "O apanhador no campo de centeio" – do JD Salinger, sobre o Museu de História Natural).



Fui ao Museu de História Natural hoje. Uow – uau em inglês. Carambola! Me disseram que era muito legal, que era super legal, mas sinceramente? Eu não tava levando muita fé. Achei que ia ver meia dúzia de pedrinha, uns bichos e uns ossos de dinossauro. Quê? Já entrou pra minha lista dos meus Top Five Museus no Mundo Todo. Olha que nem deu tempo de ver os dinossauros em si.

Logo na entrada dei de cara com um Barossauro - Hahahaha...nossos ancestrais, Baru! (sorry, piadinha interna) – protegendo seu filhote enquanto era atacado por outro sei-lã-o-quessauro. Painéis e mais painéis com dizeres de Theodor Roosevelt incitavam a juventude a ser brava, corajosa, doce e gentil. Não sabia nem pra onde ir. Resolvi começar pelo começo de tudo: o Big Bang. Uaaaaaaaau.

Foi como voltar aos tempos de escola em uma (boa) aula de ciências ou geografia. Aquela aula em que você realmente sente que está aprendendo e sua curiosidade sobre o mundo está em ponto de ebulição – antes de ser solapada ou mal direcionada pelo tédio da adolescência. Através de animações, desenhos e mil artifícios eles vão contando a história do Universo, como tudo começou e tal. Em uma sala escura você podia sentar no meio enquanto um grande globo terrestre girava em cima de você, mostrando as diversas eras pelas quais a terra passou.


É tanta beleza, tanto conhecimento...me lembrei de tantas pessoas...dos meus primos pequenos, em especial do Matheus, que do alto de seus dez anos já tem um pouco mais de maturidade e um pouco menos de impaciência para ter a sua curiosidade saciada. Centenas de crianças se deliciavam com as imagens. É um crime ser criança e não visitar esse museu. Toda criança deveria vir aqui uma vez na vida.

Uma série de sentimentos inexplicáveis tomou conta de mim. Sensação de grandeza, por pertencer a uma raça tão maravilhosa a ponto de construir explicações acerca do seu próprio mundo e expo-las num museu tão lindamente construído e, ao mesmo tempo, a certeza do quão pequeno somos perto da vastidão de tudo. Se o museu da imigração é uma aula de tolerância esse museu é uma aula de humildade. Somos apenas uma das muitas espécies que habitou – sim, porque estamos no fim ou alguém duvida? - esse minúsculo planeta perdido em uma imensidade de planetas. Nossa passagem durou 5 segundos. Fizemos meia dúzia de coisas boas e outra meia dúzia ruim. Só isso. Not a big deal.


No centro de tudo, várias balanças mostravam qual seria o seu peso em Marte, na estrela vermelha...meu Deus, eu seria a Gisele Bundchen em Marte!

Evoluí ao segundo andar e entrei na sala dos grandes mamíferos da América do Norte. Réplicas naturais (aliás, não sei se são animais empalhados ou réplicas, já que não são todos animais extintos), idênticas, em cenários realisticamente construídos.

(Parênteses: os fãs de Friends sabem disso: o Museu de História Natural é onde o Ross trabalha. A primeira vez que ele transa com a Raquel ele a leva ao planetário – que eu não fui, pois custa 18 dólares e Salim...vocês sabem – e os dois acabam em uma “jaula” com um desses “animais” e uma série de crianças japonesas fotografando os dois).


Iluminação perfeita. Quando eram lobos, a luz caía, o ar condicionado aumentava e você quase podia ouvir os uivos. Criancinhas davam gritinhos de prazer: uooooow! Look at this, daddy! Is the woolf more dangerous than the coyote? Yes, honey, it is, respondiam os Daddies orgulhosos de verem seus rebentos sendentos por saber.

E a ala da biodiversidade? Uooooooow. Mil vezes uooooow. Eu quase pulei como o garotinho ao meu lado. Eles reproduzem uma floresta tropical. Mas o melhor ainda estava por vi. A sala de peixes é quase um enorme aquário. Você se sente dentro do mar. Olha pro teto e vê reflexos de peixes nadando. Um tubarão gigantesco te encara o tempo todo. Sons do vídeo que passa te lembram o tempo todo que você está no fundo do mar.

Lembrei dos meus irmãos: Checheio, porque é um cientista nato, desde pequeno com seu laboratório de pequeno químico e sua curiosidade para descobrir os mistérios do mundo e pela ala de solos, que retrata o crescimento das sementes e outros assuntos agronômicos; e Chuchu, cuja fazendinha de brinquedo o obrigava a ordenhar as vaquinhas todos os dias as seis da manhã, por causa da ala dos peixes e dos grandes mamíferos. No Museu de História Natural todo mundo se sente um moleque meio nerd entre 8 e 12 anos de idade. Você sai querendo ser paleontólogo, biólogo marinho...você pensa como teria sido a sua vida se seu doutorado fosse em Biologia e não em história – você estaria no MoMa pensando como seria sua vida se seu doutorado fosse em História e não em Biologia.

Foi tanta emoção que em determinados momentos eu precisava segurar as lágrimas. É, eu sei, eu tenho essa bobeira. Quando a beleza é muito grande meu coração dói. Mas é uma dor boa. You know what I mean? - como diria a cada 5 segundos a senhora albanesa com quem conversei.

Pássaros, povos ancestrais do México, da América do Sul e Central, da Ásia, da África, da Oceania...eu realmente entendi do que se trata a história natural. É realmente aprender história pela natureza.

Comentário crítico: engraçado que em nenhum momento vemos os povos primitivos da América do Norte – pelo menos nas alas que eu fui. Seria porque os americanos do norte nunca se tenham visto como primitivos? Etnocentrismo? Imagina!

E as lojinhas? (Ainda que a sala da biodiversidade tenha alertado “consuma menos”, deixa pra consumir menos quando sair do nosso museu, é claro). Meu Deus...as lojinhas tem bichinhos de plástico, réplicas de foguetes, bichinhos de pelúcia, tiranossauro rex...queria pros meus priminhos, sobrinha, afilhada... mas o dinheiro é curto e não comprei nada. Até eu queria uma réplica de foguete daquelas. É absolutamente fascinante (cada vez eu gosto mais de brinquedos).

Vou parar por aqui porque não tenho palavras para descrever o museu e tudo que eu diga será menor. Não cheguei nem ao terceiro e quarto andares. Vou voltar umas 15 vezes. Aliás, acho que pelo menos uma vez por semana vou ao Met e ao Museu de História Nacional (ambos são “preço sugerido” e hoje eu cheguei toda pimposa com uma nota de 20 dólares e disse: “eu gostaria de uma estrada de um dólar”. E a moça foi toda simpática, me perguntou de onde eu era). Ir naquele museus foi como voltar a ser criança (voltar? hahaha). Recomendo muito. Para crianças dos 8 aos 80.


PS: Estou há vários dias pra ir nesse Museu. Por coincidência assim que fui estava lendo O Apanhador e entrei na parte em que ele fala nesse Museu. Aliás, ele mora ali perto na 71.

PS2: Relevem os erros de português, de digitação - além dos já habituais. O cansaço é enorme e meu teclado continua esquizo – aliás, eu nem deveria estar aqui escrevendo isso tudo, mas a emoção e a vontade de compartilhar são tão grandes que eu venço até meus limites físicos (não acostuma, não, plebe. Quando o bicho pegar eu não vou poder escrever todo dia).

PS3: Não levei máquina. Esqueci, mas na verdade acho que esqueci porque não levei tanta fé nesse museu.

11 comentários:

Mari Donato disse...

Santoro na Ana Maria Braga... mais sua cara, impossível!

Anônimo disse...

Amei tanto ler esse post... Museus de história natural são meus preferidos, disparado. Fui duas vezes no de Londres, não vi tudo, e me diverti que nem criança. Ai, ai.

Estou entrando aqui várias vezes por dia. Só não comento mais porque seria tudo "que barato!", "que legal!", "que massa!". Estou viajando junto com você.

a que deseja disse...

Parece interessantíssimo mesmo, Carrie. Ainda não tive oportunidade de conhecer, mas quando ela aparecer, lembrarei de vc!

Beijo

Lara disse...

Realmente Querida esse museu é tudo de bom! Sem dúvida um dos melhores e mais completos que já visitei! Adorei poder ler seu relato e de certa forma voltar até ele :)
beijos

Carrie, a Estranha disse...

Maridonato,

Ai...vou ter q ver no youtube!

Nervocalm,

Senti sua falta! Achei q estava sumida, já q não tá escrevendo mais em seu blog. Pode comentar "que barato", "que legal" e coisas do tipo.

A que deseja,

É muito, muito legal!

Lara,

Não é mesmo lindo (interrog). Amei e vou voltar várias vezes.


Bjs

Anônimo disse...

Ai, Carrie, quem vai chorar sou eu!
Também não aguento ver tanta coisa linda junta, ainda mais tendo História envolvida, que eu amo tanto!
Vou pros istêistis ano que vem e já to anotando as tuas "dicas"... por faar nisso, me lembro de um post teu sobre um meme que era uma lista de coisas pra fazer antes de morrer (eu acho) e vc colocou q uma delas é viajar pelo US e reconhecer paisagens de livros de autores americnos que tu gostas e eu super me identifiquei com isso!
Falei demais :)
Beijos
Caren

Anônimo disse...

Carrie (sweet heart) querida do coracao: O met ainda eh o #1.... nao me lembro se eu ja comentei uma coisa: sei que Salim nao compra nada e nem gasta nada, pq eu sou casada com um outro Salim e tb acabei virando Salim, mas ... acho q vc NAO PODE PERDER "O Fantasma da Opera"... ainda eh um dos MAIORES ESPETUCULOS Q JA VI NA MINHA VIDA: assisti 2 vezes; numa delas comprei o CD e assim que mudei para ca comprei o filme....nao perca, se vc puder...
Beijos
Hetie (entro aqui toda hora para ler as novidades... esta otimo...)

Carrie, a Estranha disse...

Caren,

Que legal! Obrigada pelas palavras! Falou demais nada! Anota as dicas, sim! Tem muita coisa boa aqui. Vc vem pra onde?

Hettttttiiiiiieeeeee!!!


Sim, vou tentar ver! Vou esperar, quem sabe, qdo formigas irma e mae estiverem aqui. E nossa ida a Disney?

Bj

VanOr disse...

Carrie, pois fique sabendo que o museu de história natural de NY é de graça na última meia hora de funcionamento. Se há algum trecho que vc não teve tempo de ver, se houve alguma parte que vc queira repetir, essa meia horinha é de ouro!

Eu fui ao planetário mas acho que não é 18 dólares a mais. Eu paguei 18 pra ir ao museu e ao planetário com a carteira de estudante. Vc entrou de graça?!? Carajo, Salim, me conta a segrreda!

Miss F disse...

Oi Carrie
Tava sumida, mas agora voltei!!! Que legal vc na terra do tio Sam! Já pensou se encontrar o Ross por aí dando aulas de paleontologia???
Beijos

Carrie, a Estranha disse...

Vanor,

Esse museu tb eh suggested price. Basta vc dar o q quiser. O planetario sozinho sao mais 18 dolares.

Miss F,

Nao, tava em horario de ixpidiente. Mas marcamos um cafeh no Central Perk!
;)

Bjs