sexta-feira, janeiro 11, 2008


Uma das grandes angústias de se escrever uma tese – e eu poderia falar horas sobre várias – é que há todo um referencial teórico-metodológico e conceitual que você lê e que sabe que será fundamental, mas será ocultado, descartado, comparecendo, no máximo, como uma nota de rodapé – a não ser que você trabalhe com um pensamento de um autor específico, o que é outra história. Claro que você deve sinalizar para o leitor (banca) que você sabe onde está se inserindo. Então fica naquela de “eu-sei-que-você-sabe-que-eu-sei”. Há toda um arcabouço que estrutura a sua tese que é “invisível”, mas você só pôde chegar a essa invisibilidade porque leu tudo. Você aprende pra esquecer.

Claro que há divergências. Há pessoas – e áreas - que gostam de exibir referências e ocupar páginas e mais páginas com citações e mais citações, transformando o texto quase num grande fichamento, onde o trabalho do autor da tese passa a ser apenas ligar os autores que comparecem, de modo a justificar sua hipótese, nada ou pouco acrescentando. Eu detesto isso – talvez por minha orientadora de mestrado detestar isso e meu atual orientador também. Se é pra reproduzir o que outros escreveram, manda a pessoa ler os autores. No doutorado espera-se que a pessoa tenha um mínimo de independência para andar com suas próprias pernas e o trabalho tenha um mínimo de originalidade. Portanto, o que pode interessar é o seu objeto, não o tanto de livro que você leu.

Mas tem orientador que gosta de loooongos capítulos teóricos ou digressões conceituais. Masturbação mental.

Enfim. Tô só desabafando.


***

E por falar em referências teórico-metodológicas, chegou a minha Boa Forma desse mês. Com a Flávia Alessandra na capa. Nas dicas para 2008: “saiba como arrumar um namorado”. Meu lado feminista de suvaco cabeludo (acreditem, eu tenho um lado feminista de suvaco cabeludo. Só que ele quase sempre apanha do Jorjão, o meu lado caminhoneiro-hooligan - e mesmo assim não denuncia na Delegacia de Mulheres) já começou a praguejar. Claro! Na Playboy ou na VIP você não lê uma manchete do tipo “como arrumar uma namorada”, né? Ao contrário. Você lê coisas como: “o que fazer pra ela largar do seu pé”. Enfim, lá vou eu ler a “dica”.

Uma “pisicóliga” fala que as mulheres estão com um padrão muito alto. Que ao invés de quererem um “louro de abdômen tanquinho” elas deveriam prestar mais atenção no moreno barrigudinho. E que – essa é ótima – não devem transar na primeira noite se querem namorar.

(Ai, ai. Eu vou ali queimar um sutiãs e já volto).

Quer dizer: décadas de conquistas femininas jogadas no ralo, né? E, tipo...vocês conhecem alguma mulher que diga: “ah, só fico com homem se ele tiver tais e tais características físicas”? Não, né? Porque mulher não pensa assim. Mulheres se prendem em detalhes que equilibram o todo. Homens se ligam no todo – que deve ser detalhadamente equilibrado. Homem não percebe que você fez unha, cortou cabelo, fez luzes. Ele só repara que você está melhor em geral. Mulheres, ao contrário, se apaixonam por um nariz, um pé...(vamos deixar outras partes do corpo por conta da imaginação, afinal isso aqui é um blog família e minha mãe tá lendo).

Eu não vou nem comentar sobre a parte de "se você quer arrumar um namorado não transe na primeira noite".

Não, mentira. Vou sim.

Só tenho que dizer que se isso é critério pra um homem ficar afim de mim ou não, definitivamente isso também passa a ser critério pra mim. Sou eu que não quero namorá-lo. Porque se ele se importa com isso, vai se importar com uma série de outras coisas. Não que precise necessariamente transar na primeira noite, mas o fato de “ter que fazer joguinhos”...enfim, vocês entenderam, né? Né, mãe?

Eu só queria saber que planeta essas pessoas habitam. O meu, certamente, não é.

***

Eu acho que os homens ficam assustados e com razão. Mas não por as mulheres estarem “se atirando” – outra parada machista. Mas porque a maioria das mulheres (com exceção das minhas lindas e inteligentes leitoras, é claro) é muito mala. Pega no pé, quer casar e ter filhos. Dou todo apoio pra eles saírem correndo.

Detesto essa reclamação mulezinha de que “não tem homem”. So, what? Muda o disco. Ahhhh...bóra caçar sirvisso, minha gente!

***

A solução é o trabalho free lancer. Aquele que você pega por encomenda, entrega e acabou. E pra quem quer muito ter filho, inseminação artificial – apesar de que eu sou cada vez mais a favor da adoção.

Novos tempos. Novas soluções.

***

Ou o celibato, que, como eu sempre digo, em alguns casos, não é a pior opção. Ou os artefatos tecnológicos. Enfim, temos muitas soluções hoje em dia.

9 comentários:

Anônimo disse...

Eu tb tenho um lado feminista do suvaco cabeludo hahahaha. E ele ganha muitas vezes, viu? Certamente tb não encararia um homem que se preocupasse com isso não. Também adorei o aprender pra esquecer e saberem que eu sei que sabem que eu sei. Abraço

Andrea disse...

Tomanocu Boa Forma, até feio , pobre e xulezento dá dando toco. Eu também sou do time dos entregadores de quentinhas, com muito orgulho!

Anônimo disse...

Concordo em número, gênero e grau!!! É lamentável que ainda se espalhem essas idéias abusurdas!!! Tsc tsc tsc

Anônimo disse...

Carrieee, faça a si mesmo um favor e queima essa revista junto com os sutiãs!

Anônimo disse...

Nossa, me dá vergonha de ser da mesma profissão dessa palhaça "pisiscologa", nada a ver meu, meu lema é n passar vontade, isso sim, temos que curtir, concordo com vc Carrie, faço o que quero, na hora que quero, sendo a primeira noite ou a quinta, eu hein, tem regras pra tesão agora. Por isso que vou para a Neuropsicologia.

Anônimo disse...

Os relacionamentos andam cada vez mais complexos por que homens e mulheres estão neuróticos demais:

Mulheres fúteis demais, sentimentais demais, sinceras demais, sonhadoras demais, organizadas demais, inseguras demais e feministas demais...
Homens confusos demais, preguiçosos demais, desconfiados demais, insensíveis demais, desligados demais, volúveis demais e machistas demais...

Relacionamentos nunca foram simples, se fossem não haveria tanto livro sobre o assunto né?

Somos seres humanos instáveis e inconstantes, acho ridiculo que uma revista queira padronizar uma atitude como sendo "certo ou errado".

Já transei com caras na primeira vez que deu tudo certo.
Já deixei de transar com caras na primeira noite e deu tudo errado.

Cada caso é um caso.

É a máfia do universo feminino, elas mesmas se sabotam...

raquel winter kreischer disse...

adooooorei os artefatos tecnologicos, hahahaha!

Anônimo disse...

ahhh carrie baby, eu não sei como vc tem saquinho de ler revista mulézinha! hahaha! mas eu entendo vai! tem dicas de dieta, né? hehe!
olha, esas dicas para arranjar namorado, putz... não tem como generalizar. não sei da onde nego tira essas idéias...
e eu sou totalmente a favor de transar na primeira noite! hahaha!tá td bem, na segunda, vai! eu hein, sai pra lá!

anouska disse...

Carrieee, faça a si mesmo um favor e queima essa revista junto com os sutiãs! [2]

tomanocu, boa forma. yeah!