sábado, novembro 03, 2007

Rapidinhas do feriado


Hoje - ontem, sexta - fui para Água Escondida, a terra do Araribóia, almoçar com amigas blogueiras (Cris e Bella - vocês se lembram da Fofolete, uma bonequinha pequenininha que existia nos anos 80? Toda menina tinha. Você colecionava, eram várias cores! Pois é a Bella! Uma fofoletisinha! Fofa de "cute", não de gorda, que fique claro!) e novos amigos blogueiros que eu não lia, mas vou passar a ler.

Conheci Andréa. Pândega. Combinamos de ir ao anivérsário do OMEE da única, inigualável e blogstar Roberta Carvalho. Aliás, todos muito divertidos.


*


Assisti “O passado” do Babenco. Com o Gael.

(Suspiro)

Parafraseando Nini: “eu só acreditaria em um Deus que me desse o Gael”.


*


Só não concordo que o filme seja sobre uma história de amor. Deus me livre e guarde de um amor daqueles. Vade retrum, disconjuro. É igual “Travessuras de uma menina má”. Aquilo pra mim e um câncer são a mesma coisa.


*


Na volta do cinema, vim construindo um longo post sobre o amor (o pior de ter um blog é que a sua vida se transforma em posts. Você vê as frases sendo construídas e encadeadas à medida que as coisas vão acontecendo, e você muda até vírgulas de lugar. Muito estranho. Quando eu sento pra escrever o post já ta pronto). Mas aí cansei.

Sabe quando a ficha cai? Pois é. Com esse filme a ficha caiu. E qual foi a ficha? Essa idéia de amor romântico é chata e anacrônica. Antes eu dizia isso com um tom de rancor, amargura e pessimismo: “o amor acabou”, subtexto: “alguém me desminta pelamordedeus”. Mas hoje eu tive uma revelação vendo esse filme. Sério. Hoje pela primeira vez eu me senti feliz com a possibilidade do amor romântico ser um conceito datado. Helooou? A pessoa aqui é historiadora. Ela não deveria levar tanto tempo assim pra ter descoberto que o amor é histórico.

Quando digo amor me refiro sempre ao amor romântico, nascido na Idade Média e reatualizado pelos alemães do século XIX. É impressionante que tenhamos nos livrado de várias pragas do século XIX, como o positivismo, o evolucionismo, a idéia de progresso, a morte por tuberculose e bla bla bla e não tenhamos nos livrado do vírus do romantismo. Nada contra o amor, mas há que se relativizar mais o papel do amor nas nossas vidas. Há que se repensar esse conceito de fidelidade (e quem me conhece deve estar levantando as sobrancelhas agora). E de casamento. Não dá mais pra sustentar. Não no atual momento. É o mesmo que continuar acreditando em Adão e Eva e que a Terra é quadrada.

Enfim, não sei qual a solução. Nem faço idéia. “Relacionamento aberto” não é solução porque pressupõe que o modelo é fechado. Então não sei o que é. Só sei o que não é. E não é o que está aí.

E, pela primeira vez, eu pude ficar realmente feliz em pensar que o amor acaba. Que bom que o amor acaba. Isso não é uma coisa ruim. Pela primeira vez eu pensei que os tais “amores líquidos” que o Bauman fala não são ruins. Porque antes as pessoas ficavam juntas por outros motivos.

Quando Nietzsche ataca a moral cristã, derruba os falsos ídolos, colocando a idéia da transvaloração de todos os valores, eu penso que ele esqueceu do amor. Não que o amor vá parar de existir. Mas essa idéia de amor. Já matamos Deus, mas de novo ainda colocamos outros deuses no lugar. O amor é um deus legitimado por toda uma cultura.


*


Eu sei o que vocês estão pensando. Eu sei. Que eu falo isso porque eu não amo ninguém e quando eu voltar a amar eu esqueço tudo isso.

Claro que eu vou voltar a amar muitas e muitas vezes. Mas a idéia do amor romântico não me seduz mais tanto quando antigamente. Chega. Deu, né?


*

Aliás, talvez matar o amor romântico seja a única forma de eu recuperar a minha capacidade de amar.


*


Como diria meu amigo JJ: “só vale a pena enquanto der frio na espinha. Quando acaba, não vale a pena continuar”. Nem sei se eu iria tão longe (não preciso ter frio na espinha), mas é por aí.

Sim, é com você JJ e o nosso papo do fim de semana passado. Você mesmo.

JJ sempre abre um sorriso de orelha a orelha quando sabe que algum casal de separou. Isso comprova a teoria dele.


*


Vai passar um programa sobre o Gonzaguinha. Quando eu era bem criança eu era muito fã do Gonzaguinha e do Fagner. Não satisfeita, eu era apaixonada pelo Gonzaguinha. Achava ele lindo. Acho que depois do Batman foi minha segunda fantasia sexual infantil.

Viram? Eu melhorei muito. Eu era bem mais estranha.


*


Tô com óooodea do meu cabelo. Muita ódea. Vou meter a tesoura. Aliás, todo dia eu corto um pouco eu mesma. Antes que uma grande merda ocorra, vou cortar com um cabeleireiro novo que peguei o telefone. Vou cortar uns quatro dedos.

Eu sei que essas informações capilares são super importante para vocês.

E já desbotou conpletamente! Acho que vou ter que apelar pra tinta, já que o tonalizante não dá no couro com esse vermelhão por baixo. Mas acho que vou esperar a qualificação.

13 comentários:

anouska disse...

bem vinda ao clube, querida. achei que só eu fosse louca de pensar e postar sobre isso - escrevi um post ou dois ano passado - mas vejo que o clube está crescendo. acho essa idéia de amor romântico tão descabida... e, teoricamente e machistamente, ninguém pode dizer nada porque, afinal, eu sou casada, né? acho absurda essa idéia de que se vai ficar com alguém para sempre, que nunca se poderá ter interesse por outra pessoa, toda essa carga de culpa e dor que fazem a gente carregar. pra mim também já deu. e, olha, assim como você eu também não sei o que colocar no lugar. acho que a nossa geração não vai achar resposta; talvez nem a próxima. quem estiver, por acaso, sentindo a água bater na bunda, que vá buscar a resposta por seus próprios meios. no meu caso, é voltar pra análise, o que será feito a partir da próxima semana, mesmo estando phudida de grana. é isso. e titio nietzsche era muito doidão pra mim. prefiro wittgenstein, que era maluco também, mas com uma argumentação mais cerebral e menos apaixonada... um dia a gente fala sobre isso. ah, e antes que eu me esqueça: teu cabelo não tá horrível. aliás, achei que ele tá muito bonito [olha, não entendo nada de tinta mesmo, ahauhauahuahuaha!] um dia a gente senta pra tomar umas e trocar figurinhas sobre tudo isso. besos! [tô indo ver o gael daqui a pouco, valha-me deus!!!]

anouska disse...

antes que eu me esqueça, postei um conto lá no blog, mas não é meu, tá? dá uma lida e vê o que você acha. pra mim, tem muito a ver com esse teu pensamento sobre as ilusões do amor romântico...

=]

Anônimo disse...

a q linda, brigaduuuu pelo fofolete - tirando meus momentos de irritação com a sua amiga aí em cima no qual eu não fico nem um pouco fofa, mas uma chata de galocha. só a cris tem esse poder! hehe!
o passado é bizarro, né? tive uma idéia completamente diferente qdo li sobre o filme e aí vem aquela bomba! confesso q dps do seqüestro da louca, comecei a ficar um pouco de saco cheio querendo q o filme acabasse logo...
entendo total sua concepção moderna sobre a não existência do amor romântico e concordo, mas a coisa já tá tão entranhada na gente q é dificil se livrar... msm q a gente se esforce pra isso.
bjks

Carrie, a Estranha disse...

Cris e Bella-Fofolete,

É, concordo com vcs. O problema é esse, Bella. Tá tão entranhado na cultura que, como diz a Cris, não será a nossa geração, nem a próxima e talvez nem a seguinte q vai conseguir mudar isso. E acho q a mudança tb tem a ver com toda uma mudança na sociedade, de não valorizar a posse, o lucro, a propriedade...Porque o amor é tudo isso, né? E vende. O amor romântico vende. Infelizmente nós não vamos ver essa mudança. Mas é bom poder relativizar isso. Fica menos pesado. O amor hoje em dia é um fardo. Pesadíssimo. "Fogo que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente". Que que é isso, minha gente? Pára com wilson! Claro que pra mim, pra vc, pra Cris e pra todo mundo é muito difícil aceitar a idéia de que seja "normal" nossos maridos e namorados ficarem com outras. Mas vale a pena pensar nisso para que, qdo e se isso acontecer, a coisa não tome proporções de "ó, que tragédia".

Enfim. Muito complexo.

Bjs

anouska disse...

fui ver o gael. gente, tô bege até agora. adorei. agora, eu acho que os momentos de realidade acabam ali no apartamento, quando ele chega ao fundo do poço. depois disso é só delírio. ela jurou acabar com ele e conseguiu. amor idealizado demais dá nisso. e quanto a ver meu marido com outra, bem, acho que não posso dizer o que penso. se fosse um acordo e se eu não visse, e se eu tivesse liberdade pra fazer o mesmo. não de putaria, não de maneira leviana, mas como gesto de paixão mesmo. sei não. me processem! ahauhauahuaha! bjs

Carrie, a Estranha disse...

Cris,

Não é maneiro? Muito bom. Não sei se pelos motivos q o filme quer passar, mas pelas reflexões q me fez fazer.

Dizem q o Gael traçou todas nesse filme. Não poupou nem a assistente do Babenco! Por que eu não arrumo um emprego de camareira nesses filmes?

Bjs

Anônimo disse...

carrie, eu tb quero esse emprego!!!
hehehe!
então, é isso msm q vc falou. precisava de uma mudança na sociedade para poder ver a queda do amor romântico. e não, eu não aceito ver meu namorado com outra. simmm, é uma tragédia. eu to mais para "ciúme, o inferno do amor possessivo" do q para "a queda", hehe!
é por isso q eu gosto de sociologia, para tentar entender essa sociedade louca em q vivemos e as contradições dos selesumanos!
bjks

Anônimo disse...

Oi Carrie,

Sou péssima em comentar, pq acho q nunca consigo escrever como penso.
Vi o filme. Estou há 25 anos com a mesma pessoa. Tenho 41 anos e uma filha linda com 19 anos. Se o amo da mesma forma? não e creio q nem ele. Mas todo dia me pergunto se hoje me casaria de novo com ele e a resposta até o dia de hoje, é sim. Eu acho q as pessoas tem uma idéia q o amor basta e não basta! Por isso q ele vai embora e mtas vezes, nem dá tchau. É mto difícil ser feliz. Ter alguns momentos de felicidade. É uma luta diária e as vezes dá um cansaço...Nada é fácil nessa vida.
Votando ao filme: o cara é realmente mto bonito, mas não posso deixar de comentar: achei as transas tão básicas. Tem uma q ele nem tira o terno. A cena final. Deus q me perdôe! Se tem coisa q sempre me irritou, é homem q transa sem tirar a roupa da mulher e a própria. Até em filme. Coisa mais sem qualidade!!! Pode até ser numa situação inusitada, no meio da rua, como diz uma amiga minha: q nem cachorros ( rs ) mas numa cama? espaçosa? uma posição e uma vez só? ah! pode parar!
A mulher dele tinha uma cara de maluca, q à léguas de distãncia qquer pessoa sã, sairia correndo. E tudo para ela estava canalizado naquelas fotos...

Gostei mto do filme e não tem jeito: como os homens são infinitamente mais fracos q as mulheres. A doida some com o filho e ele vai beber?
Dava uma coça nele antes de me separar, para ele aprender a ser homem.
Bem, senti vontade de comentar sobre esse amor idealizado. Isso não existe! existe amor e trabalho. Muito trabalho.

Beijos para vc, menina. Adoro ler o seu blog. Eu e a minha filha.

Anônimo disse...

Carrie querida, pra mim o melhor do filme é realmente o Gael. Vamos conversar um dia sobre ele. Pra mim, a idéia é boa, mas o roteiro se perdeu pelo meio e o filme ficou mei sacal. Beijos e saudade.

Anônimo disse...

Bom, eu sei lá, eu ainda acredito no amor romantico, mas acho que ele está mais dentro de mim do que fora de mim...
O que percebo é que muitas pessoas estão com outras pessoas por qualquer outro sentimento que não é amor, aí é fácil dizer que não existe mesmo. Foda.
Mas... sei lá. Dve eser algo igual ar, exite mas ninguém consegue ver mesmo.

*

Quando eu era criança eu era fã do Harrison Ford em Indiana Jones, e quando descobri que ele tinha feito Guerra nas Estrelas me senti traida. Judiação.

*

Ruivo é complicado Carrie, é o primeiro a desbotar e o ultimo a sair do cabelo... eu tirei meu ruivo fazendo MUITA luzes, mas ficou horrível, ainda bem que superei aquilo. Ufs!

Carrie, a Estranha disse...

Jaqueline,

Legal sua história. Acho q tb é parecido com o q a Cris disse. Mas, no seu caso, são anos e anos para "comprovar" a sua tese! Rsrsrs..Legal.

E a mulher tinha cara de muito crazy. Quase um clichê a interpretãção dela. E achei-a parecida com a Marisa Monte, às vezes.

patrícia,

é vc? Te liguei e, pra variar, nos desencontramos.

Ila,

Gostei da definição do ar. Ninguém vê, mas ele está ali.

Bjs

Andrea disse...

Oieeeeeeeeeeeeeeee....só consegui passar agora para dizer:

1) que amei te conhecer;
2) que amei o novo lay-toso...rs
3) e que estou firme para amanhã.

Mais tarde te ligo. Bjs

Carrie, a Estranha disse...

Ah, eu tb! Sim, firme. Positivo e operante.