quinta-feira, novembro 29, 2007

É, né? Ou não...


Acabei de ler “A menina que roubava livros” (Markus Zusak, Ed. Intrínseca) às 2:20. Não contente em parar pra chorar a cada capítulo, fechei o livro e não conseguia parar de chorar. Abriu-se a torneirinha. Aí beu dariz entupiu e eu tive que levantar. Não estava me contendo até hoje. Agora esvaziei. Chuáááá...

O livro é lindinho, lindinho. Acho até que é um livro para crianças. Quer dizer, para crianças que se disponham a ler 480 páginas. Mas é tranqüilo, numa linguagem fácil. Tem até uns desenhinhos. Entretanto, não espere que ele seja água-com-açúcar. A história é narrada pela morte. Sim, ela. Num dado momento ela começa a dizer que não usa foice e só veste aquela roupa preta quando tá frio (viu, Cósnis?! Por isso a gente viu aquelas garotas na Bienal!). Quando perguntada sobre como ela é, ela responde: “olhe-se no espelho”. Calafrio hein, leitor? Mas não é macabro. É a história de uma menina que roubava livros (dããã). E de como os livros lhe salvaram a vida. Literalmente. Por isso eu fiquei chorando, chorando. Isso e o fato de ser passada na Alemanha nazista – vamu combiná que Alemanha nazista é golpe baixo, né? É quase certo que você vai chorar com alguma daquelas histórias. Ainda mais envolvendo criancinhas e judeus que ficam amigos. De cortar o coração.

E tem também o papai-acordeão (que eu lembrei do meu pai, mesmo não tendo nada a ver). Tem um irmão que morre nos braços dela. Tem o Rudy cabelos cor de limão que imitava o Jesse Owen, o negro que ganha as olimpíadas de 36. E mais uma porção de gente.

E o autor do livro é um moleque um ano só mais velho que eu. Tá bom, 32 anos não é exatamente um moleque. Mas é melhor pensar assim. Trinta e dois anos e o livro do cara é um best seller. Vou ali limpar a baba e já volto.

E eu comecei todos os parágrafos com “e”. O Coach mandou eu tirar os pronomes possessivos e demonstrativos do meu texto e trocar por artigos definidos, “leves, breves e belos, como o ser”. Coach arrasa meu texto. Mas eu gosto. Eu preciso. E “e” não é possessivo nem demonstrativo. É...como chama, mesmo? Alguma coisa sobre aditivo, adição, negocinho que junta as orações...(por que no te calas, Carrie?).

Aí tava conversando com o meu Coach hoje e ele citou Anatole France: “é preciso ter ironia e piedade com o gênero humano”. Fecho com a morte (a personagem), no final do livro: “constantemente superestimo e subestimo a raça humana – raras vezes simplesmente a estimo”.


PS1: Se você chegou agora a este blog e não entendeu nada, releve. É que às vezes eu me vejo rodando, como um cachorro em volta do próprio rabo. Daí tenho preguiça de retomar certos assuntos porque pressuponho que as pessoas estão lendo este blog há algum tempo. Ou que estão dentro do meu cérebro.


PS2: Se você NÃO chegou agora a este blog e também não está entendendo nada, releve também.


PS3: Há tempos eu não vejo notícia mais repugnante dessas das mulheres presas em celas de homens aqui no Brasil – e tudo que ocasiona disso. Hoje mostrou uma mulher que ficou três anos numa cela com homens e engravidou duas vezes. Eu queria falar alguma coisa sobre isso, mas aí eu vou ter que falar sobre Direitos Humanos e virão os comentários reacionários de sempre e eu acabo sendo de um jeito que não gosto então, não. Hoje eu tô cansada demais. Até para atacar. Até pra explicar as coisas. Chennnnnga.


PS3: Leia o PS1 de novo.


PS4: Amanhã levanto às nove da madrugada. Deixa eu ir.
PS5: Ih, o presidente da TAM pediu pra sair. Zero um ficou com medinho do caos aéreo?
PS6: A pessoa tá vendo a reprise do Jornal da Globo na Groboneus e tem uma notíca de que "os acadêmicos" estão se voltando para as telenovelas como objeto de estudo. Aaaahhhh éééé, William Waack? Nooooossa que notícia nooooova! E toda hora eles falam "acadêmicos" de tal forma que eu quase acredito que nóis é serio, rapá! Aí tão mostrando o núcleo daquelas mulé lá da USP. Aqui em casa os acadêmicu - a saber eu mesma - já se volta pra teledramaturgia desde criancinha.

13 comentários:

Anônimo disse...

Não se preocupe Carrie, eu consigo seguir o seu racíocinio (ou acho que sim?, enfim).

Sobre o livro "A menina que roubava livros" já estive com ele nas mãos para ler, mas por alguma obra do destino não pude completar este feito... :-/

Falando em livro grosso me lembrei da série "Operação Cavalo de Tróia". conta a história de um militar americano que participou de uma experiência da NASA, no estilo “túnel do tempo”, e testemunhou o que aconteceu na Palestina de 20 séculos atrás, acompanhando os passos de Jesus Cristo. São muitas páginas, muitos livros. Foda.

Eu também só queria ter uma idéia genial, só uma que pudesse me fazer rica. Igual a destes escritores que parecem que buscam uma inspiração divina em algum café bucólico.

Esta noite sonhei com um avião caindo.

Será o retorno do Caos Aéreo?

Karina disse...

Comecei a ler o livro influenciada por uma crítica que li ao comprá-lo, acho q por isso demorei um pouco pra me deixar envolver pela história. Mas ela conquistou e tbém tive q fazer paradas estratégicas pra chorar.
É fascinante a maneira como os livros salvam a vida da menina e dá alento aos q vivenciam com ela os horrores da guerra.
Bjks

Anônimo disse...

Carrie querida do coracao: continuo vindo aqui de vez em qdo. Minha irma vem passar o Natal conosco aqui em Miami e vou comprar alguns livros e ela vai traze-los para mim e estou pensando em incluir esse na listinha...
Agora, um comentariozinho cruel (espera, deixa eu limpar o veneno.. - essa "coisa" ai no seu blog eh a Suzana Vieira? o que aconteceu com ela? ficou mumificada ou todos os dias eh halloween para ela? Voce pode me explicar? desculpe ta? beijos, Hetie

Anônimo disse...

Chorei rios, lagos e igarapés com o livro, é simplemente tocante!E minha maiga perguntando o que aconteceu, o que aconteceu?
Acho maravilhoso criaturas que conseguem escrever uma história linda de um jeito lindo.
Essa coisa da prisão das mulheres é aqui na minha terra, sinto muita vergonha, disso e tudo o mais desse "país".Bj
Sandra Lee

Anônimo disse...

Menina voce é surpreendente.Voce tem uma doçura e um que de amargo que faz de voce uma pessoa
especial,alias especialissima.

Anônimo disse...

Autch, tô com esse livro me olhando toda noite da minha cabeceira, mas ainda não consegui pegá-lo de jeito. Li um ou dois capítulos e confesso que já me arrepiei e senti lágrimas se formando dentro de mim... Acho que agora vou me inspirar e pegá-lo pra valer.
Beijos

P.S. E a foto???? Buááááááááá

Carrie, a Estranha disse...

Raposa,

Lá em casa tinha o cavalo de tróia - lá em casa = livros de papai. Mas confesso q não encarei.

Eu tenho idéias geniais! Muitas! Só preciso de alguém q as compre.

Karina,

O mais impressionante é q a salvação se faz metaforica e literalmente.

Hetinha, meu anjo!

Ah, deixa eu dar pitacos na sua lista? deixa, deixa?

Essa é a Szana Vieira e seu papel na novela das oito. É, o Brasil anda cada vez mais estranho. Todo mundo torce pra q ela corte a juba, mas tá fueda.

Sandra,

Mas isso não é privilégio da "tua terra". No país inteiro estão descobrindo isso. E pior: os q não se descobre.

Anônimo,

Aí, não vale, anônimo! Quem é vc?

Pat,

Eu vou mandar, eu vou mandar. Eu tenho preguiça de mandar fotos pros outros (né, Milema???? Rsrsrs). Mas eu juro q eu mando. Tenha fé. Persevere.


Bjs

raquel winter kreischer disse...

Também li, gostei muito da narrativa e da morte, assim, humana. Comprei o livro por causa do nome, porque eu também fui uma menina que roubava livros. literalmente.
Pena que eu guardei o livro no meu armário e um dia um dos meus gatos entrou no armário e rasgou a capa. grrrrrr....

vera maria disse...

oi, carrie, eu tinha comentado aqui mas não saiu, de todo modo eu concordo que as coisas aqui estão muito ruins mesmo, e não vejo saída pras crises todas, que nem são crises mas vícios estruturados a que a sociedade não responde mais, isso é mesmo mortal.
Quanto ao livro, obrigada pela dica, com certeza não vou ler.
um abraço,
clara lopez

Anônimo disse...

menina, acho q sou a única pessoa q tipo, nem aí pra esse livro... sei lá, comecei a ler e não me empolguei. li mais de 100 páginas e nenhuma lágrima se formou não q nem a desse pessoal aí de cima. será q eu sou um ser insensível?? ai, ai... enfim, acabei largando o livro de lado, mas agora no meu niver ganhei outro do mesmo autor só q to com preguiça de pegar.
eu tenho problemas?
bjs

Carrie, a Estranha disse...

Clara,

É, o livro é bem meloso.

Bella,

Vc ganhou o "Eu sou mensageiro"? É o primeiro dele. Me empresta?

Ah, isso acontece. De não gostar de um livro q todo mundo gosta. não, vc não é insensível. Apenas não rolou uma empatia.

Bjs

Bárbara Anaissi disse...

eu amo esse livro. custei a engrenar, mas depois chorei litros. o processo de salvação dela pelas palavras é lindo para viciados como nós. dizem q o "eu sou o mensageiro" não é nem metade. quem acabar de ler dá opinião aqui, please.

Andrea disse...

hmmm...eu acho Waack válido. Só eu?