Roubado de Primo Poeta, que roubou de Adélia, que se casou sábado – primo, não a Adélia, que já é casada há muito. Primo faz parte dos 0,00001% da população mundial que encontrou seu amor e se casou com ele – e esse é o problema: nós, a imensa maioria dos 99,9999%, ficamos achando que isso é pra todos. Não é mesmo. Sorry, plebe.
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
(Adélia Prado)
Pode um menino mais fofo que esse? Só um: João Fanquico, seu filho.
Um comentário:
Só vim comentar pra não ficar parecendo que todos os seus leitores são mal amados e recalcados.
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