terça-feira, abril 17, 2007

Sobre meninos e livros


Eu não agüento essas pessoas que vêm dizer que os jovens não lêem por causa da TV, por causa da internet e bla bla bla. Em primeiro lugar eu quero dados. Quem disse que os jovens de hoje lêem menos do que os dos anos 50? Me dêem dados. Estatísticas. Aí a gente conversa. Em segundo lugar os jovens não lêem porque não têm o hábito. E por que não tem o hábito? Porque não têm exemplos dentro de casa e porque a escola só manda ler livro chato. Sim. Livro chato. Discuto sempre isso com Formiga Irmã, que também é professora de português e concorda comigo. E hoje vi um texto no blog da Clarah Averbuck, onde ela conta sobre um debate em que ela foi, cujo tema não tinha nada a ver com isso (era algo sobre literatura feminina, sei lá), mas que a coisa desandou para o porque-jovens-não-lêem. Vamos a um pequeno trecho. Vale à pena, pois não vou repetir os argumentos dela:


“(...)E que livros que os professores dão para os pobres adolescentes? A Moreninha. Não pode. Adolescente precisa de identificação. Principalmente hoje. Senão eles vão pro messenger, pro Orkut, pro Second Life, pro caralho a quatro. A tarefa de sentar a bunda de um adolescente e fazê-lo ler um livro nunca foi tão árdua. Porque há muita informação e muito mais o que fazer. Então eu digo que para um começo, eles deveriam ler os contemporâneos, com quem têm muito mais identificação. Ou talvez nem precise ser necessariamente os contemporâneos, mas OUTROS LIVROS, não esses que já não funcionam há tanto tempo e que já viraram instituição. Depois de tomado o gosto pela leitura, aí sim podem escolher o que quiserem. (...) Uma professora veio dizer que fez os alunos se apaixonarem por Iracema (IRACEMA!) e que a passagem do defloramento para elas é uma coisa maravilhosa. Passagem do defloramento? Minha senhora, ninguém mais é deflorado. A não ser que você seja uma professora maravilhosa, eu duvido que as suas alunas tenham realmente gostado disso. Professores maravilhosos com o dom incrível de fazer os alunos se interessarem e cavocarem na literatura realmente têm o meu respeito. Mas eu duvido que seja o caso. Aí a outra veio: quer dizer que eu não posso dar Romeu e Julieta para uma pessoa de quinze anos ler? MAS É CLARO QUE NÃO PODE. Não para uma pessoa de quinze anos que ainda não tem o gosto pela leitura. Imagina se deparar com aquela linguagem arcaica quando você está APRENDENDO A GOSTAR DE LER. "Sois"? Não pode. Eu não sou professora, mas eu já fui aluna e lembro muito bem. O que eu já recebi de emails de adolescentes dizendo que descobriram que ler poderia ler legal através de mim, dos meus livros e das minhas indicações, minhas senhoras, vocês nem imaginam. Porque vocês ficam aí dando Iracema para os coitados dos adolescentes e eles acham que LER É CHATO”


Pra quem quiser ler na íntegra: Debatendo-se.


A conquista da leitura é como a conquista de um amor. Você não chega pra pessoa explicando os benefícios que ele terá em namorá-lo(a), porque você é inteligente, tem uma boa saúde e pode ter filhos saudáveis, que tem senso de humor e que várias pessoas já disseram isso de você. Você tenta se apresentar de forma mais atraente possível à pessoa. Você tenta chamar a atenção. Você seduz. Com a literatura é a mesma coisa. Você tem que fazer o adolescente – ou o adulto – ficar completamente apaixonado por aquilo que ele tá lendo. Ou enojado, ou emocionado ou qualquer outra emoção – notem: emoção e não razão. Ele precisa ser arrebatado. Ele precisa sentir o livro como um soco no estômago, sentir falta de ar, ter as pernas bambas e pensar: putaqueopariufudeucumpadi! Esse cara me conhece! Ele escreveu pra mim! Essa autora sabe do que eu gosto, o que me faz rir, o que me faz chorar! Ou então: eu nunca pensei nisso antes! Isso é literatura. Algo que te pega pelas vísceras. Pelo coração. Que te dá uma rasteira. Uma experiência sensorial. Algo que vai te fazer NÃO largar o Second Life, que também é legal pra caralho, mas arrumar um tempinho pra ler, MESMO INDO AO SECOND LIFE. Uma Third Life (dããã…). Algo que te dá vontade de correr para casa para ler ou, ao contrário, economizar o livro, pois você não sabe quando encontrará outro dessa espécie. Que te faz ler em pé, ler sentado. É ler nem que sejam dois parágrafos antes de pegar no sono simplesmente porque você não consegue dormir se não fizer isso. É só conseguir fazer cocô lendo. Sabem aquela propaganda de carro, que o cara pula sem pára-quedas e o slogan é “depois do carro X você não vai conseguir viver sem emoção”. Pois é. Literatura é isso. Depois de um livro bom você não vai se contentar com outra coisa.

Mas é também não ter pudores com o livro. É começar a ler aquele clássico e dizer “chato pá caraio” e deixar de lado – e não pensar, “como eu sou burro, não entendo esse livro”. Pode ser que você não esteja ainda pronto pro livro. Pode ser que nunca esteja pronto. Ou pode ser que o livro seja uma bosta mesmo. Tipo Iracema. Fala sério! “Virgem dos lábios de mel”? Hálito de baunilha? A mulher é índia! Nunca viu escova de dentes na vida! Imaginem o bafão da criatura! Algum dia isso pode até ter sido legal, mas hoje em dia acho difícil, salvo os muito fetichistas (aí eu até entendo). “Senhora”: outro pé no saco. Mulher compra marido. É, tem quem goste, eu acho um saco e tive que ler na sexta série. “Lucíola”, também acho outro porre. Agora Machado de Assis é uma parada que eu sempre gostei. Talvez por causa de Formiga Irmã que sempre me doutrinou, que me explicava que Brás Cubas era um defunto-autor, porque ele escrevia já morto e não um autor-defunto, porque ele não escreveu primeiro e depois morreu, porque eu achava do caralho o sujeito ter a idéia de um personagem que resolve escrever do além túmulo. Porque eu sempre adorei as ironias do texto de Machado.

Agora não me venham demonizar as Novas Tecnologias. Eu sou da geração Atari. Eu fui criada na TV. E daí? Faço doutorado, plebe. Calo a boca de todo pedagogo de quinta que nunca deve ter lido nem metade dos livros que eu li. Leio em mais de uma língua. Assim como tenho amigos que não jogavam e detestam ler. O que tem a ver o cu com as calças? Sempre amei filme de terror, histórias policiais, filmes “violentos”. Mas nunca entrei numa escola atirando. Talvez justamente por isso. Porque eu tinha onde canalizar.

Esses dias tava conversando com uma garota de 12 anos de idade. Ela falava sobre os livros pára-didáticos que a turma dela é obrigada a ler. Uns troços bestas, chatos – e pior: autor desconhecido, ou infanto-juvenil. Relou! A garota domina linguagem PHP (que é algo mais superior do que html)! Tem blog, fotolog, orkut, msn... mexe em computador melhor do que eu! Acham que ela vai se convencer com uma bobagem qualquer? Nããão! Vai ter que rebolar, amigo! A maioria dos moleques da idade dela fala inglês porque convive com isso o tempo todo nos jogos de computador. Então não venham culpar a Dona Nídia ou a sua prima, a Dona Ternéte.

Por isso é que eu digo: tem que bombardear o adolescente. Ele quer estímulo. Ele tá numa fase que só percebe estímulos intensos e ainda não desenvolveu habilidade pras sutilezas. Tudo pra ele é tédio. É blasé. Ele sabe tudo. Ele conhece tudo. Tudo é chato pra ele. Então enfia um Rubem Fonseca neles. É sexo, drogas e rock’n roll. Não, minha senhora, eles não vão sair matando os outros e nem se drogar por causa disso. Aliás, talvez eles nem se droguem por causa disso (a senhora já ouviu falar em catarse?). Eles vão sair matando se não tiverem nada pra fazer. Dá Stephen King, passa os filmes baseados na obra do cara; Edgar Allan Poe; HP Lovecraft; Mary Shelley (Formiga Irmã dava Frankenstein pros aluninhos dela!). Pega a vertente “terror” do romantismo ao invés de ficar falando em defloramento de virgem de cabelos negros como a asa da graúna (a graúna ta extinta, inclusive). Mostra pra eles de onde vem o Evanescense! Que ser deprimido, usar maquiagem carregada e tomar todas já era moda no século XIX. Dá Bukowiski, Fante, malditos para todos os gostos. Pessoas desorientadas, confusas, bêbadas, promíscuas. Dá “Apanhador no campo de centeio”, do J. D. Salinger, que conta a história de um adolescente totalmente perdido. Conta que o Mark Chapmam, assassino do John Lennon, foi encontrado com este livro após matá-lo – o que deixou o livro numa categoria meio amaldiçoada. Dá Veríssimo – quem não ri com alguma história do Veríssimo? – e conta que o pai e o avô dele também escreviam. Dá até Jô Soares. E, com o tempo eles vão pegando os clássicos. Ou não. Talvez eles parem por aí mas pelo menos leram algo além de Caras. Pelo menos conseguem concatenar um parágrafo. O problema é que a escola ainda trabalha com a idéia de Alta Literatura e Baixa Literatura. Ainda acredita nos gêneros literários...ai, ai...maio de 68 não adiantou nada!

Por isso é que eu acho uma bobagem falarem mal da Bruna Surfistinha. É literatura. Claro que é. Não esqueçamos que Marquês de Sade também foi até preso por suas pornografias. Também foi considerado lixo. Duvido que os moleques não vão querer ler alguma dessas coisas.
Não se engane: se você não gosta de ler, se não sente tudo isso que eu disse pela literatura e acha que eu estou exagerando a culpa não é sua. Você simplesmente ainda não encontrou o “seu” escritor. Como na busca pelo amor. A gente vai tentando. Um dia acerta. Graças a Deus no primeiro caso eu já encontrei meus amores. Como qualquer amor, a gente também briga muito.

17 comentários:

anouska disse...

gostei muito, carrie. concordo com muitas coisas, discordo de algumas, mas tô sem tempo até pra debater (estou desde hoje pela manhã tentando focar numa leitura sobre o descentramento do sujeito na psicanálise, pense!!!!) por isso, vou deixar aqui uns links de coisas muito legais que andei lendo sobre leitura e escola. num deixa de ler porque os caras são bons. aí vão:

http://www.rafael.galvao.org/2007/02/os_vagalumes_que_nao_acendem_o_1.php

http://liberallibertariolibertino.blogspot.com/2007/03/livros-infanto-juvenis_03.html

http://lulu-diariodalulu.blogspot.com/2007/03/sobre-srie-leituras.html

beijo

Carrie, a Estranha disse...

Hahahaha...descentramento do sujeito é bão. Eu mesma, to cada dia mais descentrada. Algum dia ele esteve centrado?

Bjs

Anônimo disse...

não vou cair no preconceito besta de dizer "isto é literatura, isto não é"... literatura é arte e arte pode ser de diversas formas. eu não tive pais q me incentivaram, mas li tudo no Machado de Assis na biblioteca da escola (mas eu tinha vida social, hein!). bom, tive que reler de novo, com olhos mais maduros, claro.

agora, adolescente ou não, é mt chato ficar lendo aqueles livros "fudeu isso. puta que pariu! fudeu tudo".

concordo que literatura é emoção. arte é emoção.

acho que existe um discurso do "ler é chato", um discurso que se perpetua sempre... quando eu era criança tinha muito disso, "ler é chato", todo mundo repetia. e eu fui conferir pra ver se era assim mesmo. e não era.

fiquei pensando... esses tempos teve uma apresentação condensada quase no estilo "ao ar livre" da Flauta mágica ("ópera é chato" também dizem). MUITAS crianças foram atrás dos cantores no final, encantadas. certamente nunca disseram a elas: "ópera é chato".

Anônimo disse...

Puxa, fiz vária confusões e é a terceira vez que tento postar a mensagem. Vamos lá!!!
Só pq este assunto realmente me interessa e me toca muito é que vou insistir.
Amei o texto!!!
Fiquei aqui refletindo sobre como provocar o desejo de ler.
Concordo que tem a ver com os exemplos e com o ambiente que vivemos. Mas, é claro que esses exemplos são de uma forma descompromissada como vc tão bem descreveu. Sabe aquela coisa de ser o exemplo sem querer ser exemplo? Ser pedagogo quando não se pretende ser?
Daí, podemos pensar que o hábito da leitura não está vinculado apenas ao ambiente familiar (graças a Deus!!!). Ele pode ser despertado através de um amigo, professor,namorado, enfim alguém que o sujeito queira parecer, ou até o contrário alguém que o sujeito não quer ser...rs
É por isso que o professor não deveria obrigar esses livrinhos bobos e sim provocar o desejo de leitura, seduzir o aluno para o mundo das palavras. E saber que não serão todos que entrarão neste mundo.
O complicado é que a escola quer a totalidade. Todos deverão ler, aprender, entretanto não é assim a vida...rs
E para o professor párar de ser mero reprodutor ele precisa gostar do que faz, ler sempre, ter tempo para preparar as suas aulas e ganhar melhor.
Ufa!!!
Só pra terminar, gostaria de citar um livro que me seduziu.
"O verbo ler não suporta o imperativo. Aversão que partilha com alguns outros: o verbo "amar"...o verbo "sonhar"...Bem, é possível tentar, é claro. Vamos lá: "Me ame!" "Sonhe!" "Leia!" "Leia logo, que diabo, eu estou mandando você ler!"
- Vá para o seu quarto e leia!
Resultado?
Nulo.
Ele dormiu em cima do livro."
Como um Romance - Daniel Pennac
Beijos,
Bibi

Carrie, a Estranha disse...

Puxa, Balu! Q legal! Pois é. Eu tb acho isso tudo e vc sabe, pois sempre conversamos sobre isso. É, realmente os "exemplos" podem vir de outros lugares...claro...acho q há q se seduzir aos pouquinhos...sei lá...lembra da Andiara e dos seus VsVcs?
Acho tb q o aluno só vê professor frustrado. Daí pensa: vou ler pra ficar igual a esse cara? Mas qdo pegamos um professor empolgado...

Anônimo disse...

Ziraldo, que eu particularmente não acho uma beleza ( no quesito serumano entende) disse algo como:
- As crianças, quando aprendem a ler são ávidas e querem lêr TUDO. Quando mais tarde os professores "obrigam", perdem o encanto pela obrigação.

Eu acrescentaria o óbvio do texto da Clarah: a linguagem é fundamental. "Vós sois" é do caralho de ler até quando ja se tem mais 30!

Maligrino(a) ahahahahha

Carrie, a Estranha disse...

Aê, Anônimo Maligrino!

Concordo plenamente com vossa senhoria. Tb me amarro num vós sois bem empregado. E acho o Ziraldo uma mala do caralho. E o Menino Maluquinho idem. Enquanto tudo.

bjs

Carrie, a Estranha disse...

Anônimo Maligrino,

Adorei vc. Acho q vc é minha alma gêmea, minha cara metade, a outra metade da minha laranja, a tampa da minha panela, meu Alemão. Pena q nosso romance está fadado ao malogro, pq vc é anônimo e assim deverá permanecer para q o romance de estabeleça. E se vc for minina vai ser chatão. e tb se for meu irmão. Ou meu ex-namorado. Tudo bem. Vou imaginar q vc é o Alemão. Bjs.

Carrie, a Estranha disse...

Correção: "Se estabeleça".

Anônimo disse...

Oi Carrie, é até dificil sair do anonimato, mas confesso que tropecei no seu blog a um tempo atrás e gostei muito dos seus textos e venho sempre le-los.

Não me aguentei agora ao ler esse sobre os livros, eu fui uma adolescente frustrada com a minha professora de português a ponto de querer mata-la por ser tão "quadrada" e "chata" com aqueles livros que ela passada, inclusive ela até nos dava opções para ler, uma lista de Iracema's e livros como um certo capitão Rodrigo, que eu e todo mundo odiava e posso dizer que mtos dos meus amigos se quer faziam os trabalhos, copiar sempre foi mais facil.

O habito de leitura dos meus amigos é zero, consequentemente o português deles é pior que o meu rs, as vezes os professores simplesmente conseguem acabar com a possibilidade de nós gostarmos e adquirirmos o habito com aquelas aulas onde parece que nem eles sabem o que estão falando e sobre o que estão falando.

E um viva aos meus antigos professores ! rs

Nessa

anouska disse...

dona carrie, o que você tem contra o menino maluquinho? retrate-se, humpf!!!!


=]

Carrie, a Estranha disse...

Clis,

Menino maluquinho é chaaaaaato! Só perde pra professora maluquinha. Muuuuito chata. Tudo q o Ziraldo escreve é chaaaaaato!

bj

Sérgio Mayor de Andrade disse...

Adorei este teu post. Deliciosa a forma como demonstras o teu amor E paixão por literatura, e a forma como defendes que desde a adolescência, SIM os jovens deveriam ter esse amor e essa paixão. Mas eu não sou optimista. Sou mesmo por vezes um filho da puta elitista e acho que esse amor e essa paixão não se aplicam à maior parte da população, muito menos aos teens, demasiado embrenhados nesta pop culture plástica americana (e eu posso falar porque eu sou um apaixonado por pop culture americana, também. Comigo é assim, vejo 300 e vejo cinema asiático, conforme a disposição) para gastar tempo a ler os clássicos, ou obras superiores contemporâneas. O que é pena.
Mas desculpa, só não posso concordar em teres incluido a Bruna Surfistinha no conceito de Literatura. E colocá-la quase ao nível do Marquês é - passe o trocadilho fácil - tortura.

Carrie, a Estranha disse...

Sergy,

Obrigada pelos elogios. Sim, eu penso muito parecido com vc, no q se refere a cultura pop X cultura de elite. Mas não vejo essa cisão tão forte q - eu tive a impressão - vc vê. Acho q cada vez mais a gente vive tempos onde esses universos se fundem e se confundem - e isso não precisa ser, necessariamente, ruim.

Bruna já chegou aí? Acho q ela está sendo lançada em alguns países da Europa, né? Mas, na boa: vc já leu-a (nossa, tá certo isso? Q estranho)? Cara eu acho um tremendo chute na hipocrisia classe média alta. Eu acho de verdade q ela tem conteúdo. Tá, não quero dizer q ela vá se tornar um clássico, mas...enfim. Questão de gosto, tb.

E aí, curtiu 300? E os amigos geeks, tb curtiram?

bjs

Sérgio Mayor de Andrade disse...

Eu ainda não li mas vou ler, a minha mãe acho que tem esse livro. Hipocrisia da minha parte? Quiçá. Apesar de por vezes ter uma certa costela "aristocrática" não vou renegar nem fechar a porta a nada. Se leres a descrição do meu blog, sabes que sou "coerente na minha incoerência". Custa-me um bocado estares a compará-la ao Sade, só isso.

Eu e os meus amigos geeks adoramos o filme, sim. É perfeitamente satisfatório dentro do conceito de filme-pipoca. Gostei da estética que é quase igual à da BD (banda desenhada - o que chamam de HQ), e inclusive tenho uma teoria para a descomunal estatura de Xerxes Santoro, e para o aspecto monstruoso de alguns animais e guerreiros no exército persa. Acho que o objectivo de Frank Miller, era dar ao livro um toque de mitologia grega quase homérica - já se sabe que ele nunca pretendeu exactidão histórica - e apresenta-la quase como uma lenda. Quanto à óbvia metáfora Ocidente vs "os outros" prefiro não pensar muito nisso. É só um filme, pelo amor de Deus (embora tenha que concluir que 15 marines britânicos não são nada comparados com 300 espartanos:D).

Mas outro dia vi o Inland Hotel de um dos meus realizadores favoritos, o David Lynch. Gostei de ambos. Mas não os consigo situar na mesma realidade.

bjos

Carrie, a Estranha disse...

Sergy,

Sim, claro. Forcei uma barra, tenho consciência. Só pra despertar a curiosidade. ;)

Sim, tb achei tudo isso de 300 - digo, pelo pouco q conheço de HQ (ou banda desenhada).

Ah! Antes de ontem passou "Psicopata americano" na TV. Vi só umas partes, pois já eram duas da madrugada e eu tinha que acordar cedo no dia seguinte. Cara, achei meio estereotipado, o personagem meio chapado...me deu vontade de ler o livro pra ver se tb é assim.

bjao

Sérgio Mayor de Andrade disse...

Bm, so vendo o filme mesmo.
Mas se o filme é bastante bom - na minha opinião - o livro é bem melhor.