terça-feira, abril 17, 2007

III


Falei que ia parar, mas era mentira. Não sei se eu já contei a história do professor que tentou dar Rubem Fonseca numa universidade privada (com trocadilho, já que merda não faltava por lá)? Não? Então vou contar. Certo professor de língua portuguesa – não, juro que não fui eu, mesmo porque eu nem dava aula de língua portuguesa – deu um conto do Rubem Fonseca pra uma turma de Comunicação, nesta Privada, digo: nesta universidade privada, chamado “Cropomancia”. Este conto narra a arte de interpretar a personalidade alheia através do cocô. Sabe o que aconteceu? Os alunos foram reclamar na coordenação e o professor teve que ir se explicar. Parece cena medieval, né? Índex! Taca Rubão na lista dos proibidos! Imaginem o professor tendo que explicar o porquê dele dar Rubem Fonseca, um dos maiores autores da literatura brasileira contemporânea, ganhador de prêmios no mundo todo, aclamado por críticos e público.

Aposto que esses alunos só deviam ter lido a moreninha no colégio. E acharam que só aquilo era literatura. E tomaram um choque quando viram que você pode ter emoções intensas – inclusive nojo – lendo um texto. Porque isso, meus caros, é literatura.

Sempre quando se fala em literatura eu me lembro do Robim Williams em “Sociedade dos Poetas Mortos” (ah, eu tenho muita preguiça de quem não assiste a filmes norte-americanos ou ganhadores de Oscar e nem discuto com essa gente. Vão ler outros blogs! Aqui nóis é tudo colonizado, ainda não percebeu?). Se lembram da cena do Carpe Diem, em que ele mostra os caras nos retratos na parede e dizem que todos eles já estão mortos e que um dia eles ali também vão estar? Pois é. A vida passa. Aproveitem a vida. Só não me venham dizer como eu tenho que aproveitar minha vida. Aproveitar a vida é descobrir algo pelo qual seus olhos brilham e tentar repetir essa sensação. Isso é aproveitar a vida. Não o que nos dizem as propagandas de cerveja ou refrigerante. Aproveitar a vida é você arrumar um jeito de estar no mundo. É você se sentir em casa em qualquer lugar. É você nunca estar só. É você ter algo que é só seu e ninguém te tira. É você voltar a ser criança, porque tem um brinquedinho que é o máximo. Cada pessoa tem a sua forma. Ou várias formas. E essa forma pode mudar ao longo da vida – ainda que eu desconfie que a essência é sempre a mesma. A minha, meus queridos, é a literatura. Não sei se fazendo, se lendo, mas sempre com ela por perto. Sempre Histórias. Desconfio que isso tenha sido mais “culpa” da minha família do que da escola.


(Escrevi pra carááááleo!!! Pra quem tava reclamando que eu não tô escrevendo tanto...)

Nenhum comentário: