sexta-feira, dezembro 08, 2006

Enquanto isso, no Vale do Paraíba, onde tudo é mais estranho...


Gotham City é um lugar estranho. Claro, do contrário eu não seria daqui. Pra quem não está ligando o nome à cidade, Gotham é a gloriosa Cidade do Aço (sim, porque aqui o céu é rosa, a chuva é ácida e blá blá blá). Volta Redonda. Tenho pra mim que nós, os nativos desse estranho município no Vale do Paraíba, fomos alterados desde criancinha com metais poluentes conferindo a cada um qualidades especiais. Alguns foram agraciados com o dom de estar em todos os lugares ao mesmo tempo – pois a cada quatro habitantes do mundo um será, necessariamente, voltaredondense (ou terá um tio ou primo aqui) -, outros possuem o poder de agüentar níveis de poluição que o resto dos humanos normais não agüentaria e há ainda aqueles que são agraciados com o dom da tijuquice. Sim, pois Voltaço na verdade é uma grande Tijuca, bairro na Zona Norte do Rio e que confere aos seus habitantes todo um habitus particular. Eu, inclusive, me pego em atitudes tijucanas inacreditáveis.

A começar pelo ônibus que faz a linha entre Rio-VR. A grande diferença entre o ônibus executivo e o convencional é que o primeiro, além de ser cinco reais mais caro, possui café (horroroso) e água gelada, coloca um tapete vermelho na entrada do ônibus (!) e tem um motorista sem loção que pega um microfone (!!) e diz: “Boa tarde, aqui é o motorista Fulano de tal e eu vou conduzi-los até o município de Barra Mansa [sim, tem gente que tem mais azar e nasce em Barra Mansa], via Volta Redonda. Agradecemos a preeferência [como se tivéssemos escolha!] e desejamos a todos uma boa viagem”. Eu sempre tenho vontade de gritar de tanto rir, mas me controlo. De resto os ônibus são iguais. Tem ar condicionado e banheiro. Só o tapete vermelho, o microfone e um chafé muito dos sem-vergonha diferenciam os dois veículos.

Hoje, folheando o jornal local, pego a coluna do Mário Sérgio, um projeto de Amaury Jr da região. Coluna social é um troço podre em qualquer lugar do mundo, mas vamo combiná que em Voltaço é quase ridículo. Não, é ridículo. mas a graça é essa, o troço é tão patético - pessoas in num lugar totalmente out-of-order - que se torna totalmente hilário. Igual a programa evangélico da Record. É tão ruim que fica bom, pois ultrapassa os limites da ruindade; (adoro usar ponto e vírgula!) atinge patamares nunca vistos dantes. Tudo bem, meus pais já saíram nessa joça, alguns amigos já saíram, mas que é podre é. E às vezes o sujeito que adentra as páginas da sociedade voltaredondense nem tem culpa, coitado. É posto à revelia. Como um amigo meu, que é de Petrópolis e que volta e meia aparece porque a avó é daqui. Mico total. Claro que eu sou obrigada a zoá-lo toda vez que o encontro.

Mas é hilário ver conhecidos pagando mico em eventos im-per-dí-veis como o Dancing Days, produzido pelo colunista com clássicos dos anos 70, 80 e 90 (hein? Anos 90 já são clássicos?). Aí você vê aquelas figuras por quem você foi apaixonada no colégio com 10, 15, 20 quilos a mais e 10, 15, 20 mil fios a menos na cabeça, além de filhos e mulheres plastificadas, siliconizadas, botoxizadas e idênticas umas às outras. Pessoas que “deram certo” na região.

Como se tudo isso já não fizesse a minha completa diversão, ainda sou saudada com erros de português. Hoje o cara conseguiu usar o gerundismo no passado!! Esteve acontecendo na última quinta feira...”. Cristo Redentor! Onde é que nós vamos parar! Que tal o bom e velho pretérito perfeito "aconteceu"? Jesus Amabilíssimo, piedade! Eu vou morrer de tanto rir!

Não é errado ser cafona. É errado ser cafona e achar que é chique. Só isso.

6 comentários:

Anônimo disse...

Quando volto para Santa Cruz eu tbm vejo a "evolução" das pessoas do tempo de colégio, e cada um numa situação pior que o outro, mas aí eu penso com os meus botões "será que pensam o mesmo de mim??".
Pior é o pobre metido a rico, prefiro muito mais um rico metido a pobre, daqueles que topam comer cachorro-quente do carrinho por que não tem frescura.

anna v. disse...

Mas Carrie, uma pessoa só é cafona mesmo se achar que é chique.
E a propósito, fiz um post outro dia sobre a minha prof. de Pilates e a minha "colega de turma": uma é de Barra Mansa, a outra de Volta Redonda. Vc estão mesmo em toda parte! Socorro!

Anônimo disse...

Carrie,
Você conhece as outras cidades do Vale? Eu gosto muito de VAssouras, Valença e Resende, fora as demais, menores. De VR eu naõ gosto muito não, e nem de Barra Mansa. Eu viajei muito a trabalho por todas as cidades da região, e linda também é Rio das Flores. Eu acho a qualidade de vida muito boa no VP, só perdendo para o Rio em termos de cultura, pois neste ponto, creio que lá isso é inexistente.

Carrie, a Estranha disse...

Anna,

Nós, os voltaredondenses somos os judeus do Vale do Paraíba. Após a gde diáspora, q se próxima ao vestibular, nos espalhamos pelo mundo como gafanhotos.

Por acaso sua professora se chama Fabrícia? Bom, aí o mundo seria mesmo muito pequeno.

Celso,

Conheço pouco. Mas prefiro VR dessas todas.

Bjs

anouska disse...

tô rindo desse teu post até agora. e eu não conheço nada aí pra esses lados...

Anônimo disse...

Não se chama Fabrícia, não. Se chama Sabrina. Que é praticamente a mesma coisa.