quinta-feira, novembro 23, 2006

Presentes de aniversário (Ele, sempre Ele)


Na cama não se fala de filosofia.

Peguei na mão dela, coloquei sobre meu coração, disse, meu coração é seu, depois pus sua mão sobre minha cabeça e disse, meus pensamentos são seus, moléculas do meu corpo estão impregnadas com moléculas do seu.

Depois botei a mão dela no meu pau, que estava duro, disse, é seu esse pau.

Ela nada disse, me chupou, depois chupei sua boceta, ela veio por cima, fodemos, ela ficou de joelhos, rosto no travesseiro, penetrei por trás, fodemos.

Fiquei deitado e ela de costas para mim sentou-se sobre o meu púbis, enfiou meu pau na boceta. Eu via meu pau entrando e saindo, via o cu rosado dela, que depois lambi. Fodemos, fodemos, fodemos. Gozei como um animal agonizando.

Ela disse, te amo, vamos viver juntos.

Perguntei, não está tão bom assim? Cada um no seu canto, nos encontramos para ir ao cinema, passear no Jardim Botânico, comer salada com salmão, ler poesia um para o outro, ver filmes, foder. Acordar todo dia, todo dia, todo dia juntos na mesma cama é mortal.

Ela respondeu que Nietzche disse que a mesma palavra amor significa duas coisas diferentes para o homem e para a mulher.

Para a mulher, amor exprime renúncia, dádiva. Já o homem quer possuir a mulher, tomá-la, a fim de se enriquecer e reforçar seu poder de existir.

Respondi que Nietzche era um maluco.

Mas aquele conversa foi o início do fim.

Na cama não se fala de filosofia.



(“Ela”. Em Ela e outras mulheres. Rubem Fonseca. Cia das Letras, 2006. Pp. 36-37)

2 comentários:

Anônimo disse...

Sou solteiro, graças a Deus, pois a palavra casamento me dá arrepios. Caí na burrice de morar com uma namorada que eu amava loucamente, e depois de meses nos separamos, pois é um estresse que uma personalidade individualista como a minha nõa pode suportar.
Namorar é bom, casar, só quando eu estiver bem velhinho e aí vou procurar uma enfermeira bem gostosa, nova, para cuidar de mim e fazer um orazinho básico enquanto me dá banho e troca minhas fraldas. ;)
Beijos.

Anônimo disse...

Puxa vida... posso dizer que isso é verdade, por experiência própria... :-(