sábado, outubro 02, 2010

Simples assim

Sexta. Porta da padaria, ao lado do silvisso. Dez e pouca.  Enquanto eu ligo pro táxi, param três garotões de carro ("garotões" é quase tão denunciador da sua idade quanto...sei lá. Vitrola). Carro novo. Gol preto, quatro portas, último modelo. Placa "de fora". ("de fora" é quase tão denunciador da sua caipirice quanto...sei lá. Capital). Descem. Nem feios, nem bonitos. Um deles com uma cerveja importada na mão. Rescendendo a Issey Myaki Adentram a padaria. Enquanto isso eu peço o táxi e fico esperando. Vejo-os na fila: um pegou duas garrafas de Orlof, outro duas cocas dois litros outros duas fantas dois litros. Provavelmente indo ou pra festa em casa de alguém (o único bom programa de fim de semana da cidade) ou indo pra alguma parada fora da cidade. Pra um dos dois bares da cidade que lotam na sexta eles não deviam estar indo, afinal, não faria sentido levar tanta bebida assim.

Senti um misto de inveja e alívio. Explico.

Inveja do tempo em que seria normal comprar dois litros de vodka com coca e fanta, entrar num carro pra ir pra longe, sem nem me importar com o estado alcoólico do motorista, e beber provavelmente a noite toda. Alívio em pensar que eu não vou comprar dois litros de vodka com coca e fanta, entrar num carro pra ir pra longe, sem nem me importar com o estado alcoólico do motorista, e beber provavelmente a noite toda.


4 comentários:

..bee.. disse...

Às vezes tenho saudade de ter estômago de avestruz e fígado total felx pra aguentar Orloff e coca-cola.. Mas tem outras horas que é tão bom ter o gosto refinado e saber disfrutar de um bom vinho sem ter que se preocupar com o dia seguinte..

Adoro o blog! =)

Amana disse...

Nossa, fiquei assustada agora!...
Não faz duas horas que eu comentava com uma amiga, que está em crise balzaquiana, que não há nada mais reconfortante do que passar na frente de uma boate (danceteria?) lotada, cheia de gatchenhas e gatchenhos esbanjando disposição, e continuar aliviada o caminho pra casa. Sem mudar de calçada.
Dá também uma invejinha, mas o alívio do conforto do edredom é insuperável.
(pense num salto alto! Não tem preço...)
Juro, não faz duas horas!

maria rezende disse...

alivio, alivio supremo!!!

Ila Fox disse...

Hahahaha tenho a mesma impressão quando vou para a cidade dos meus pais e vejo o pessoal parado na frente das lojas (no interiorrr o povo curte ficar parado no meio da rua na frente das lojas). Só que não sinto saudades nenhuma, fico é meio com vergonha alheia daquele povo e da minha adolescencia naquele lugar. :-P