sexta-feira, agosto 13, 2010

Isso nunca me aconteceu antes


Não, nem vou ficar pedindo desculpas pelo sumiço, porque. Né? Pois é. Poderia dar muitas desculpas, de mil coisas, de muito trabalho e tudo seria verdade. Mas eu já tive muito trabalho muitas outras vezes e nunca parei de escrever. Então, parou por quê? Por que parou? Acho que parei porque, pela primeira vez, em 4 anos, me faltou vontade de escrever. O que não coincidiu com a falta de vontade na vida. Muito pelo contrário.

Vou aproveitar pra falar do filme do Tarantino que eu vi - À prova de morte. Gente. Nossa. É muito bom. Mas eu sou suspeita pra falar dos filmes do Tarantino e do Woody Allen. Porque tudo o que eles falam é por demais próximo ao meu universo - entendam como quiser. Ao ver este filme dele - que é anterior ao Bastardos Inglórios - me deu a nítida sensação de que ele estava ali, do meu lado, em todas as tardes modorrentas em Gotham City, quando eu via Sessão da Tarde, enrolando pra fazer o dever - no que eu não estava tão errada, afinal ele é de Knoxville, Tenesse.

Porque vocês não sabem o que é o médio. A cidade média. A cidade média não é nem grande nem pequena. É média. E há algo de claustrofóbico nisso. No meio termo. Pois é.

É por isso que eu sei que o Tarantino tem que filmar com o Alexandre Frota. Temque. Eu sei.

O último do Woody Allen tb é fantástico - Tudo pode dar certo. A tradução foi realmente infeliz. Whatever works, o título original, é "O que quer que funcione", ao pé da letra. Que faz muito mais sentido tendo em vista o filme todo, pois é justamente o tema central dele: a concepção de acaso e o fato de, por mais pessimista que você seja, um dia as coisas mudam e não será pelo seu mérito nem pelo de ninguém ou nada. Tudo pode dar certo, simplesmente porque tudo pode dar errado, também. Acho que um bom título seria Tudo pode acontecer. Ou O que quer que seja. Aí fiquei pensando: será que os tradutores assistem ao filme pra botar os títulos ou será que simplesmente leem a sinopse e traduzem? Aliás, quem bota legenda, bota título?

Nesse filme o Woody Allen volta às suas obsessões clássicas. E...cara...os bons artistas constroem uma única obra a vida toda. Como Tarantino. Como o Woody Allen.

É que nem na vida acadêmica. Seu trabalho será melhor quanto mais focado ele for. Quanto mais circunscrito a um pequeno universo.

É que nem gente: quanto menos, mais profundidade você pode ter. Como diz o Rilke em Cartas a um jovem poeta: o senhor me pergunta se seus versos são bons [...] olha pra fora, quando deveria olhar pra dentro.

É isso.

7 comentários:

Nayana disse...

Whatever Works é delicioso =)

trinity disse...

Quando eu fui fazer teste vocacional eu falei p/ o psicologo que eu queria ser uma profissional q ficava o dia todo vendo filme e colocando sua classificação de faixa etária.
****
Realmente queria saber quem coloca esses nomes absurdos nos filmes no Brasil, tipo "Cidade dos Sonhos" para "Mulholland Drive".
****

Amana disse...

UFA, vc voltou.

Docinho de abacaxi disse...

Acho q vou ao cinema(a vida não tá tão interessante.

Atitude: substantivo feminino. disse...

Tudo pode dar certo é um dos melhores desses últimos filmes que eu vi.
Também não posso falar muito porque sou mega fã de Woody Allen..
Vick Cristina Barcelona é bom demais tbm! Se vc não viu, veja! É bem a cara dele!

Renata disse...

Os tradutores não escolhem o título, não. Quando nós recebemos o material pra traduzir, já tem título escolhido, ou nem tem, mas não somos nós que escolhemos.

Acho que quem faz isso é a distribuidora no Brasil.

Dani disse...

Querida,
Respondendo a suas perguntas:
O título é definido pela distribuidora,
O pessoal do mkt, da imprensa e da programação, após verem o filme (sim, o filme é visto) fazem um brainstorm e a mais votada (é importante pensar no titulo de modo q ele seja atrativo - para quem não leu a sinopse, por exemplo) se torna o título do filme em portugues.
Os mesmo é feita com a frase sinótica, ou subtítulos.

Não, quem define o título não é a mesam pessoa q faz a legendas!