sábado, junho 19, 2010

Eu não gosto de futebol. Nunca fui à estádios ver jogos, nem nada disso - já fui no Maracanã em shows e nele vazio. Meu pai era um torcedor moderado do Flamengo - o único, numa casa cheia de portugueses vascaínos doentes, do tipo que pensa em suicídio quando o Vasco perde. Mas compreendo perfeitamente quem gosta. Compreendo e respeito. Aliás, estou até mais tolerante nessa Copa - deve ser a idade que está me amolecendo; droga! Daí que não entendo esse povo enchendo o saco a reclamar da Copa. É Twitter - sim, porque Twitter só serve pra reclamação, é uma espécie de Procon da vida - é isso, é aquilo. Cara, não dá pra competir. Se não pode com o inimigo, junte-se a ele. Não precisa comprar camisa verde amarela, mas aproveite o jogo pra beber, reunir os amigos ou sei lá o quê. Se você não bebe nem tem amigos, vá ler um livro, pegue um filme na locadora, entre em sites que não falem de futebol, mas desista de lutar contra um país. É que nem Carnaval. O próximo eu pretendo estar em Nova York. Ou num retiro budista - o que ficar mais barato, e acredite:  Nova York pode sair bem mais barato.

E a coisa que mais me irrita são os argumentos do tipo "o patriotismo do brasileiro só aparece de quatro em quatro anos" e "isso tira o foco das questões políticas". Será que eu tomei um ácido e estou tendo uma bad trip dos anos 70? Penso pelo lado contrário: ao menos temos o futebol para nos unir, nem que seja de 4 em 4 anos. O futebol ajudou a construir nossa identidade cultural, ao lado do samba. O futebol confere um sentido de pertencimento e coletividade, aliás, como muitos outros esportes. A idéia de nação tem sido construída e reforçada ao longo dos tempos por diversos elementos e, para nós, o futebol é um deles. Não é o Dunga nem o Kaká que pagam os seus salários, mas se eles fazem a vida de alguns ficar mais divertida, então qual é o problema? É o velho ranço da esquerda dos anos 60/70 de que você tem que ser sério e sofredor pra resolver os problemas do país, porque qualquer outra forma que dê conforto e alívio é um paliativo que nos afasta da luta revolucionária.

Eu morro de rir do Galvão Bueno. Morro de rir da minha mãe assistindo o jogo: "bota o Ramirez, bota o Ramirez!" e sua máxima "balão não faz gol", sobre os chutes altos dos jogadores. Acho que é sempre bom ter um pretexto pra se beber no meio de um dia de semana sem ser acusada de alcoólatra - ainda que no úlltimo jogo eu tenha trabalhado depois e não pude beber e amanhã seja domingo.

Sem contar que eu moro em Versalhes, plebe. Aqui não se ouvem vuvuzelas, foi mal aê. No máximo uma ou outra ao longe. Então, sinceramente eu não tenho problemas com barulho, nem com torcedores bêbados berrando na minha janela.

Sei lá. Eu penso assim. Mais chato do que a Copa é gente reclamando da Copa. É de 4 em 4 anos. É só um mês - e, pelo andar da carruagem, pra seleção brasileira, nem isso.

Ai, eu tô tão boazinha hoje.

Agora na Copa que vem eu pretendo estar na Islândia. Ou então, se tiver jogo aqui em Gotham eu alugo a sacada do quarto da minha mãe, que dá de frente pro estádio daqui, em euro.

8 comentários:

Marcia disse...

Eu sou uma das chatas que reclama da Copa. Detesto futebol e acho um absurdo tudo parar por causa de um esporte. Aposto que Inglaterra não para por causa do Curling. :) Em 2014 vou me exilar nos EUA durante toda a Copa, pois não vou suportar a pátria de chuteiras.

Jussara disse...

Eu tb não gosto de futebol, apesar de gostar de quase todos os outros esportes, mas na Copa eu assisto. Não acho que tire o foco das questões políticas, mas gostaria que o brasileiro tivesse a mesma disposição de se empolgar e mobilizar para assuntos mais sérios. Mas não acho ruim, pois como já disse acabo assistindo aos jogos. Só não gosto mesmo é dos fogos, me irritam e assustam minhas cachorras (e acho que todos os outros cachorros). Minha mãe não gosta de futebol e nunca assiste, mas ela dá uma olhada e faz muitos comentários hilários pq não entende...
Tb acho engraçado o Galvão algumas vezez; qdo ele tenta adivinhar o que o jogador está pensando ou o juiz está falando é o melhor.
Tb não gostaria de estar aqui na próxima Copa, se eu pudesse me tele-transportaria.

Mr. Big disse...

Realmente, vc tomou ácido...

Miss Jones disse...

Concordo com a Jussara; seria ótimo se as pessoas se mobilizassem assim pra questões mais importantes. Mas (quase) nada contra a Copa; sou daquele tipo que não bebe, nem tem amigos (rs), então eu aproveito os dias de jogo (que smepre são ponto facultativo! Teoricamente é um absurdo, mas por outro lado, não daria pra sair pra trabalhar mesmo, tamanha a zona que fica pelas ruas) pra ler, descansar, ver filmes (dá pra ver uns 3 ou 4 por dia!!), e de vez em quando tb vejo o jogo e consigo me divertir (embora me canse rápido. No segundo tempo eu sempre durmo, mas não vou negar que também me empolgo nas finais). O que eu odeio é o povo bêbado fazendo baderna pelas ruas até a madrugada (sim, eu moro numa rua principal!), as vuvuzelas, os fogos, ter que sair pra comprar alguma coisa na rua em manhã de dia de jogo e estar uma bagunça total desde cedo. Aí eu sou chata mesmo: não gosto. Incomoda. Gostaria que se mancassem. Mas é aquilo: o negócio é tentar conviver. No meu caso, já que só vejo o jogo pela TV mesmo, seria ÓTIMO estar em um lugar mais calmo nessa época...

di disse...

o problema nem é o futebol, carrie. duro é aguentar a histeria pré e pós jogo... sem contar que os pobres animais sofrem horrores com os fogos.

Carrie, a Estranha disse...

Márcia,

É, eu tb reclamo.

Jussara,

Todo mundo q tem cachorro fala isso.

Mr Big,

Por que, especificamente?

Miss Jones,

Rsrsr...ah, coitada. Eu sou sua amiga! Te convido pra ver jogo aqui em Versalhes.

Di,

É. Mas eu realmente moro em um local privilegiado neste aspecto.

Miss Jones disse...

"Miss Jones,

Rsrsr...ah, coitada. Eu sou sua amiga! Te convido pra ver jogo aqui em Versalhes."

Obrigada! :) Olha que eu aceito...!

Carrie, a Estranha disse...

Pode aceitar!