segunda-feira, janeiro 04, 2010


Eu não acho que a tragédia de Ilha Grande – da pousada Sankay – esteja sendo muito noticiada porque as vítimas são classe média alta/ricas, como eu vi algumas pessoas comentando por aí. Pra começar, tragédias são sempre exploradas. Quem já não viu à exaustão cenas de pessoas pobres que perderam tudo dando declarações a jornalistas super sensíveis que fazem sempre aquela pergunta: “como você se sente depois de ter perdido seu marido, sua mãe, seu pai, suas irmãs, seus quatro filhos, todos os móveis e o seu local de trabalho?”. Tragédia é sempre muito divulgada.

O que eu acho que talvez tenha chamado particularmente atenção neste caso é porque, para a maioria das pessoas leigas, que não entendem de solo, construção etc, se a pessoa tem dinheiro, ela teria condições de contratar um engenheiro e arquitetos que planejariam a casa com tal atenção que um tipo de acidente deste não aconteceria. O que não é o caso. Tô ouvindo um cara na Globonews dizer que várias casas de luxo por ali sofrem este problema.

Portanto é meio que “esperado” (com mil aspas. Não querendo dizer que é “normal”, “justificado” ou “aceitável” - por favor, povo com problema de interpretação de texto - não é isso que eu estou dizendo) que barracos mal construídos por pessoas sem conhecimento especializado despenquem com chuva. O bizarro quando acontece um caso como o Palace II ou essa tragédia de Ilha Grande (que são dois casos completamente diferentes, eu sei), e o que causa estarrecimento, é que são pessoas que supostamente teriam conhecimentos para não cometer este tipo de erro. Supostamente. Do ponto de vista leigo, claro. Se eu contrato um engenheiro e um arquiteto para construírem minha casa eu imagino que eles saibam se o terreno agüenta ou não.

Além disso, uma série de pessoas deveriam ter visto isso. Não só o cara que planejou e construiu a casa, mas aqueles que fiscalizam e autorizam obras. E de dizer: “aqui não se pode construir” e “aqui pode”. O que dá pra perceber nestas tragédias todas é que ninguém - pobre ou rico - toma advertência por construir em terrenos que não deveriam.

Não é que rico não possa morrer e quando morre a gente leva susto. Não é isso. O fato é que a maioria dos casos de desabamento acontece por imprudência e/ou falta de conhecimento (ok, eu sei que as pessoas ficam ali porque não tem pra onde ir, eu sei, não estou dizendo que eles sejam culpados de estarem ali, mas muitas vezes eles têm conhecimento do risco, mas não pdoem sair porque não têm pra onde ir). Quando a gente vê isso acontecer numa região nobre choca mais porque se o cara cobra 5.000 reais por um Reveillon espera-se que ele tenha construído seu negócio em bases sólidas – nos dois sentidos.

Sei lá, acho que as pessoas perdem um pouco a noção e saem criticando geral. Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.

Só sei que vai ser um golpe terrível pra Ilha Grande.

Um comentário:

Ila Fox disse...

Me pergunto porque ainda não procuraram os caras responsáveis pela construção da pousada sabe? eu não entendo de engenharia e arquitetura, mas qualquer um sabe que viver numa montanha é algo arriscado. :-/

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Agora abrindo umas aspas aqui, cara, foi muitofilhadaputice da montanha também né? custava ter deslizado, sei lá, a tarde? na hora que tivesse a maioria das pessoas na rua? não, foi pegar o pessoal chegando da festa de reveillon, dormindo... sacanagem. :-/

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A Tal da Yumi, estudava aqui na esquina de casa, ontem passei por ali, e tava aquele vuco-vuco de gente, imagino que era a TV entrevistando amigos e tal. Engraçado esta curiosidade mórbida das pessoas né? tanta gente morreu nesta tragédia (50 né?) e pegaram a Yumi para representa-las.

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Este papo todo me fez lembrar daquela tragédia em Santa Catarina. Na época muitos criticaram a mídia , sendo que no nordeste muitos morriam e ninguém dava muita atenção. Acho que o que rola é uma identificação com as pessoas. Tipo: poderia ser eu! :-/