sábado, dezembro 05, 2009

A aprazível vida em Gotham City

Eu ando muito triste por não ir ao cinema como gostaria. Aqui em Gotham City até tem cinema. Quatro pra ser mais exata. Dois são impraticáveis, com ares condicionados duvidosos e programação e horário idem. Os que dá pra ir estão localizados num shopping. É do marido da minha ex-analista. Não que isso tenha alguma relevância para a história, mas quis compartilhar. Ele (o cinema, não o marido) tá há dois meses passando Tá chovendo hamburguer. Aí, sinceramente, não dá. De vez em quando até passa alguma coisa legal, mas como sempre precisa dar espaço pros Tá chovendo hamburgueres da vida, a coisa legal não dura mais do que uma semana. Como eu trabalho feito um cão sarnento, não me sobra tempo. Só aos finais de semana - o que é uma tarefa exaustiva por razões já explanadas aqui.

Aliás, tenho para mim que uma das medidas de felicidade que um ser humano tem é poder ir ao cinema de tarde. Tempo houve - e há bem pouco tempo atrás - que eu ia sempre ao cinema à tarde. Se eu pudesse resumir a felicidade à algumas máximas uma delas seria: "poder ir ao cinema no meio da tarde de um dia de semana". Se eu posso, eu sou feliz.

Outro programa que eu gosto muito é ir a livrarias. Em Gotham nós temos: UMA livraria. Duas lojas da mesma livraria. Uma é só loja mesmo. A outra tem umas poltronas e um café - horroroso. Que até tem uma quantidade razoável de livros, mas se você quer encomendar qualquer coisa, você precisa pagar na hora e esperar tipo uns 20 dias, no mínimo. Com 20 dias eu compro até na Amazon. Com 2 eu compro na Estante virtual ou na Travessa (excelente, gostaria de dizer. Eles não cobram frente pra nóis que semo do Interiorrrr - acho que eles pensam que já é castigo suficiente morar aqui, então pra que chutar cachorro morto, não é verdade? - e entregam em dois dias úteis). Ou seja: não conto com as livrarias daqui, nem como atividade de lazer, nem como utilitária.

Vida noturna - que eu nem sou tão chegada atualmente - se resume a bares e restaurantes, onde você encontra as pessoas que estudaram com você, gordas, louras/careca (dependendo se for homem ou mulher) e cheia de filhos. Fora isso, se você passou dos 25 anos, esquece. Você dificilmente verá algo que não seja Detonautas, TPM 22, NX-não-sei-o-quê e outras combinações de letras. E as chances de encontrar aluno são estratosféricas. Como toda cidade de interior aqui tem muitos eventos em Clubes. Que era o máximo quando eu tinha 14. Depois dos 18 começou a ficar meio chato.

O que me resta? Bom, pelo menos eu tenho algumas amigas morando aqui e é possível encontrá-las e beber uma cerveja em casa ou em algum bar. Ah, também me resta sair com os coleguinhas de trabalho e chefe, nas quartas ou quintas feiras. Acho muito chato sair com coleguinhas de trabalho e chefe pra confraternizar. Não que eu tenha pessoalmente algo contra alguém, nada disso. Eu apenas sou...estranha e não gosto de lazer institucionalizado. Tem também a possibilidade de ir beber com os alunos. Mas essa eu não gosto muito de abusar, afinal não pega bem ficar bêbada e começar a falar merda na frente dos alunos.

Há um ótimo restaurante japonês aqui. Não deixa nada a dever aos da Capital. Aliás, dois. Mas eu só tenho costume de ir em um. Cujo dono não é de se jogar fora. Daí eu fico falando pra Formigas Mãe e Irmã que eu vou namorá-lo só pra comer comida japonesa de graça todos os dias. Não existe o golpe da barriga? Pois é. Vou dar o golpe do estômago.

Em resumo: atualmente minha vida se resume a casa-trabalho-trabalho-casa. De vez em quando uma viagenzinha.

Bem chato, né?

Eu sei, não há nada mais provinciano do que ficar falando mal de cidade do interior - e a verdade é que eu também falo mal do Rio, mas...vai passar. E tem outras recompensas, em outros territórios. Eu tenho a oportunidade de conviver com a minha mãe e a minha irmã diariamente e sei o quanto isto me fará falta no futuro. Aliás, eu diria que essa é a única coisa boa de morar aqui. Quer dizer, a vida como um todo é mais fácil aqui. Não se perde tempo em trânsito. Gasto 8 minutos de carro pra ir para o trabalho. Estou em quase todos os pontos da cidade em 20 minutos de carro. Tudo é muito mais barato e as pessoas se conhecem, sendo muito mais fácil tudo que eu precisa.

Enfim, é tudo muito mais complexo do que isso, mas é basicamente isso.

6 comentários:

Ila Fox disse...

Acho que nas atuais circunstancias, morar em cidade pequena está mais vantajoso que morar numa cidade grande.

Do que adianta ter tantas coisas para se fazer numa cidade enooorme, e ser tudo looonge e ainda ter aquele medo de ser assaltado em casa esquina (não que na cidade do interior não tenha, mas vc entendeu).

E com certeza morar com a mãe e irmã também tem suas vantagens. As vezes sinto muita saudades disso, principalmente na hora do almoço. Snif

trinity disse...

Ah Carrie, eu te entendo perfeitamente.

Tudo bem que capital é complexo como a ILA falou, mas o interior do interior como o meu caso é ruim pacas. Tudo bem que podia ser bemmmmmmm pior, eu poderia morar no interior do interior multiplicado por 10, tipo os clientes da empresa que trabalho, municípios de no máximo 5 mil habitantes, aí sim, seria TREVA.

Ila Fox disse...

Trinity,
Pois é, eu acho a cidade dos meus pais um ovo (isso pq deve ter seus 45 mil habitantes). Mas Sodrélia, que é uma cidade ao lado, tem só 500 HABITANTES!!! isso sim deve ser ruim! hahaha

Carrie, a Estranha disse...

É, gente. Aqui tem 300 mil habitantes, mais ou menos. Nem é tão pouco. Mas...

Karine disse...

Você esqueceu de supermercados. Isso pra mim faz a maior diferença aqui. Tem hora que a gente quer comprar umas coisas diferentes, umas guloseimas e não encontramos. O cinema é irritante!! Quando tem um filminho bom tem fila pra comprar ou temos que comprar com antecedência. Nas peças de teatro o povo é totalmente sem educação. A gente fica na platéia com vergpnha de estar ali presente. Fazer o quê??

Carrie, a Estranha disse...

Isso, Karine. Vc sabe o q eu estou falando.