quinta-feira, agosto 06, 2009

Momento Bozó

Recebi meu crachá. E uma camiseta. Adoro crachá - além de canetinhas e bloquinhos e pastinhas de congressos. Mas ainda bem que nessa IES eu só preciso bater ponto na entrada. Na Escravos de Sá a gente não batia ponto, mas ao pegar o diário com o funcionário da secretaria ele sabia que horas você estava entrando - no campus onde eu dava aulas, pois a Esculacho, apesar de ser uma franquia de ensino, diferia bastante de campus pra campus e de curso pra curso. E que horas você voltava. E se você atrasasse mais de 10 minutos ou soltasse os alunos mais cedo você era descontado no salário. Aí a solução, quando a aula acabava 20 minutos mais cedo, era ir pro banheiro ou ficar dentro de sala, lendo um livro - ou ler um livro no banheiro, quem sabe?. Mas também era arriscado, pois podiam passar os inspetores - não no banheiro (ainda), mas no corredor. Que tomavam conta dos professores. E eles avisam as instâncias superiores. Controle total.

O bom era que quando você explicava o panóptico de Bentlam, citado no Vigiar e Punir do Foucault, já tinha um exemplo vivo.

9 comentários:

Ila Fox disse...

Carrie, pior foi um lugar que trabalhei que funcionava assim:

O livro ponto ficava ao lado da mesa da gerente (que era amante do diretor, só nessa vc ja percebe que a mulé vai querer mostrar serviço pro homem). Tá.
Se vc chegasse 5 min atrasado ja tinha que anotar EM VERMELHO sua entrada. Hora extra só contam a partir de 15 minutos. Aff

Ainda bem que me livrei de empregos assim. :-/

Anônimo disse...

acho que a questão da pontualidade é super importante no ambiente de trabalho ... basta imaginar como é chato quando chegamos em alguma repartição pública por exemplo que deveria começar a funcionar as 9hs e 9:10hs o camarada ainda tá tomando o cafezinho dele - é desagradável, não é ? rsrsrs
beijos

Carrie, a Estranha disse...

Tb acho, anônimo. E eu sou a mais pontual de todas. O problema é q aula, por mais q vc tenha domínio do tema, às vezes vc planeja uma coisa e ela te toma mais tempo do q previu. Da mesma forma, às vezes vc termina mais cedo. Se o professor não tem autonomia nem pra isso - pra um dia terminar cinco minutos mais cedo ou mais tarde, o q dirá pra matéria dele, não é verdade?

Ila,

Hahahaha...foda...

Bjs

Taísa disse...

Calma, Carrie! IES não é Instituição Total. Ou é? Me assusta não, que um dia eu quero estar do outro lado do tablado, ou melhor, em cima dele.
Engraçado vc falar de panóptico agora. Estou redigindo um trabalho sobre prisões. Tem muito a ver. Qd quiser, conversamos a respeito.
Beijos!

Natália disse...

Putz, estou me sentindo uma ignorante, n entendi nada da última frase.

Carrie, a Estranha disse...

Rsrsrs...

"Se o se..."

Explicando bem a grosso modo:

Isso é um modelo de prisão, idealizado por um cara chamado Benthlam, no sec XIX, onde o preso ficaria solto em um determinado espaço, e vigiado por guardas que ficariam numa torre, com uma forte luz sobre os presos, de modo q estes não consigam ver os guardas. Foucault pega esse exemplo pra mostrar como na sociedade moderna, com suas câmeras e sistemas de vigilância, já estaríamos todos experimentando esse modelo de prisão nas nossas próprias vidas. Não sei se deu pra pegar alguma coisa...

bjs

Amana disse...

Mas péra aí!!!
É pra dar aula vestindo a camisa da sua nova IES (nós temos banana)?
Me diz que não, salva meu domingo!
beijoss

Natália disse...

Humm, entendi sim Carrie, obrigada.

Taísa disse...

Usando palavras do próprio Foucault agora: "O Panopticon era um edifício em forma de anel, no meio do qual havia um pátio com uma torre no centro. O anel se dividia em pequenas celsa que davam tanto para o interior quanto para o exterior. Em cada uma dessas pequenas celas, havia, segundo o objetivo da instituição, uma criança aprendendo a escrever, um operário trabalhando, um prisioneiro se corrigindo, um louco atualizando a sua loucura, etc. Na torre central havia um vigilante. Como cada cela dava ao mesmo tempo para o interior e para o exterior, o olhar do vigilante podia atravessar toda a cela; não havia nela nenhum ponto de sombra e, por conseguinte, tudo o que fazia o indivíduo estava exposto ao olhar de um vigilante que observava através de venezianas, de postigos semi-cerrados de modo a poder ver tudo sem que ninguém, ao contrário, pudesse vê-lo. Para Bentham, essa pequena e maravilhosa astúcia arquitetônica podia ser utilizada por uma série de instituições. O Panopticon é a utopia de uma sociedade e de um tipo de poder que é, no fundo, a sociedade que atualmente conhecemos - utopia que efetivamente se realizou. Esse tipo de poder pode perfeitamente receber o nome de panoptismo. Vivemos em uma sociedade onde reina o panoptismo" (A verdade e as formas jurídicas, p.87).