quarta-feira, dezembro 17, 2008

Em solo brasileiro

Vinte e dois meses para alcançar a mesma areia de partida. Poderia nesse tempo ter vivido aqui entre as montanhas e o mar de Paraty, como já vivi antes. Feito, quem sabe, uma grande viagem à sombra dos coqueiros, sem ter de percorrer vinte e sete mil milhas ou tocar os gelos do sul e do norte.
De nada serviria. Não teria chegado a lugar nenhum. Não teria voltado.



(Amyr Klink - Paratii)

Eu sei que para quase todo mundo que lê esse blog, ou que conviveu comigo nesse tempo, esses quatro meses passaram muito rápido. Para mim foram anos. Não porque a viagem estivesse ruim - quem tem me lido durante esse tempo sabe que é exatamente o contrário. Mas porque eu vivi mil vidas em uma só vida. Eu vi três estações. Eu vi o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos se eleger. Eu tive férias e estudei e voltei a ter férias. Eu sobrevivei a Zorba. Eu fiz a maior aventura que eu já tinha feito. Eu venci o maior dos meus inimigos. Eu mesma. Eu venci, como diz o Amy Klink, em Cem dias entre o céu e o mar (sim, eu adoro os livros de viagem do Amyr Klink), o pior dos medos: nunca partir.
As pessoas me perguntam se eu estou com saudades de Nova York, se eu não queria ficar mais tempo...é díficil explicar. Sim e não. Eu adorei, eu gostaria de voltar, mas foram tantas as vitórias e foi tão perfeita a minha viagem, em tantos aspectos, que seria até mesmo, como direi, uma injustiça dizer que eu gostaria de ter ficado mais ou ter feito mais isso ou aquilo. Minha viagem foi perfeita. Na medida exata, em tudo. Até a neve que eu perdi - por exato um dia - tem a sua razão: me fazer querer voltar.
O que eu mais gostei da viagem? Com certeza é páreo duro, mas uma coisa se destacou: as pessoas maravilhosas e especiais que eu conheci nessa minha jornada. Brasileiros ou não, provisoriamente morando nos EUA, como eu, ou não, foram pessoas incríveis que me deram apoio e, algumas delas, guardarei para sempre. Mab, Karen, Natália, minha orientadora, pessoas que conheci na faculdade...tantas, tantas. E a mais improtante delas, a minha irmã, Raquel e (o meu já quase irmão também) Drake. E Rodolfo e Tinho? Como sobreviverei sem Rodolfo e Tinho?
Sem contar as pessoas anônimas, do dia a dia: o egípicio do café perto da laundry, os chineses da Deli perto da faculdade, as pessoas que davam informações tão amavelmente no metrô - e eu nunca vou me conformar com a fama de mal humorados dos novaiorquinos. A sensação dentro do metrô, no início de dum dia de trabalho, apinhado de gente com roupas pesadas, narizes fungando, cafés na mão, jornal e mistura de fisionomias.
Ao mesmo tempo, tudo do meu antigo mundo, da minha nova velha casa em Gotham City (se lembram que eu estou voltando pra casa, pelo menos até a defesa da minha tese em março, né? Ah, a quem eu estou enganando? Pelo menos pelo próximo ano, ao que tudo indica) está diferente. As coisas ainda estão por demais atribuladas para que eu me sinta essencialmente em casa. Fui com uma mala pras NY e voltei com quatro - e olha que eu deixei um monte de coisa lá. Minha mudança veio do Rio pra cá. Metade dos meus móveis estão espalhados pela casa. Há livros em cada cubículo dos meus armários e estantes da sala. As roupas pulam das minhas gavetas. Ainda por cima, Irmão Engenheiro também está se mudando e as coisas dele estão aqui em casa, por enquanto. Só televisão tem sete na minha casa, sendo quatro de 29 polegadas.
A viagem de volta foi extremamente cansativa. Pegamos uma hora de trânsito para o aeroporto - um percurso que daria de 20 a 30 minutos - e além disso o vôo atrasou duas horas. Chegando ao Rio, as malas quase não couberam no carro. Os gentis caras da fiscalização abriram duas malas minhas, tendo sumido com um dos meus cadeados. Só percebi quando fui abri-las ontem, e vi um notificado dizendo que algumas bagagens são escolhidas para revista e a minha havia sido contemplada. Felizmente nada estava faltando. Realmente meus chás em saquinhos sem rótulos, alguns presentes pouco usuais, Mickeys e Pato Donalds devem ter despertado suspeita.
Devo e-mails para muita gente; minha amiga de infância, Karine, se casou eu eu sequer mandei um presente (ainda); foi lançado um livro no Rio hoje com um artigo meu em CD e eu sequer fui; tenho que econtrar meu orientador urgente; encontrar mil pessoas que eu tinha que encontrar, por trabalho ou simples social; tinha que ir ao Rio fazer um monte de coisa e o Natal já é semana que vêm. E eu só consigo dormir. Meu (con)fuso horário ainda está prejudicado.
Enfim. Tenham paciência comigo. Não me abandonem.

17 comentários:

Amana disse...

Carrie!!!! Welcome home!
Sentindo falta da neve, vá me visitar. ;)
E falando muito sério: essa sensação de coragem, de partida... me lembro bem dessa imagem de Amyr Klink no final de um de seus livros: tomar uma laranja nas mãos e cruzá-la com o canivete - como quem cruza o oceano. Nossa! Que interessante você relembrar isso!... minhas leituras de tempos do Gaia, rsrsrsrs...
Seja bem-vinda!
Se resolver fazer uma social pelo Rio, não hesite em me avisar!
beijos, colares havaianos e hula-hulas pra você!

La Vita `e Troppo Strana disse...

Pensei que vc ainda estivesse por aqui... como passou rapido mesmo...well... vamos nos falando (vou de ferias para o BR em 23 de janeiro e volto para ca em 17 de fevereiro...) beijos amorosos

Carrie, a Estranha disse...

Amana,

Obrigada pela saudação!! Queria ir ao Rio antes do natal, mas acho q não vai dar.

Hetie,

Acabei não podendo ir a Disney e, consequentemente não te vendo. Snif! Pouco tempo e dinheiro curto. Mas quem sabe aqui no brasil?

Bjão

Ventura disse...

Welcome Home, darling.

Compartilho em 100% as suas sensações todas, toda a bagunça interna, toda a saudade que ainda não é saudade... toda essa mistura. Te leio e parece que sou eu.
Overwhelming, né?

Sorte na volta, no processo de se fazer caber na sua antiga concha, na saudade... na caminhada mesmo.
Um fim de ano bem bonito pra vc, querida.

=**

Anônimo disse...

Bom vinda de volta Carrie:)
Agora nada é mais importante do que você "matar" a saudade da sua família e amigos próximos.
Continuarei vir aqui:)
Beijos

Carrie, a Estranha disse...

Oi Amigas! Obrigada pelas palavras tão bonitas!

Sim, F. Reis...é exatamente assim q eu me sinto.

Tati,

Tb quero matar as saudades dos meus leitorezinhos fofos!

Bjs

Raquel (NY) disse...

:**********
(sem palavras, so saudades).

Ila Fox disse...

HELLCOME! ops, WELLCOME! :-P

Tá estranhando o calor já?? :-P

Anônimo disse...

Nossa, deve estar tudo muito surreal mesmo. Bem, pelo menos você não chegou aqui em dia quente, né? Anda fazendo até frio. O choque térmico talvez não seja tãããão grande. :P
Mas pode isso de abrir mala dos outros assim?? :O Que absurdo!
Meodeos! Pra que 7 televisões?? :O

Okay, li esse post e a sensação que deu é aquela de quando alguém fala com pressa, meio no meio de um monde de coisas... então, quando passar o fusuê da volta acho que as impressões ficam mais claras, né. xD

Beijos e bem vinda de volta.

Anônimo disse...

Bem vinda de volta, e, desde já, te desejo tudo de bom!!!

Anônimo disse...

Olá, Carrie

Seja bem vinda!!! Pode ter certeza que todos seus leitorezinhos fofos e fiéis estão te acompanhando...Bjus.

Anônimo disse...

Obaaaaa !! Vc voltou !!!
Fato ! Lendo, parece q seus dias em NY foram mtooo rápidos !! Parece q foi ontem q vc "avisou" q ia pra lá !! hehehe !!
Continuarei lendo, sempre !! Eee... não tenha pressa em escrever ! Descanse tbm !!
Bjoss !

Andrea disse...

Eu preciso te fazer duas perguntas e quero que você responda com absoluta sinceridade.

1) Se sua vida virasse um filme que atriz você escalaria para viver a Zorba do cinema?

2) Quando vai ter choppe?

Andrea disse...

3) Você acabou já o primeiro volume do Gossip Girl? Preciso de interlocutores

Andrea disse...

Três perguntas. Sorry.

Carrie, a Estranha disse...

Andrea,

Sim, estou no terceiro volume, já. Vc me ajuda no inglês e a gente discute!

Chopp em janeiro.

Humm...deixa eu pensar...preciso de mais tempo.

Bjs

Alvaro disse...

Carrie, querida,
Bem vinda de volta! Quando estiver pelo Rio, avise! Vamos nos encontrar, pra matar as saudades e nos contarmos as respectivas novidades!
Beijo grande, do
Alvaro