sábado, maio 17, 2008

E por falar em Wisteria Lane...


Vocês se lembram daquele episódio de Sex and the City em que elas vão a um chá de bebê e são expulsas? Hoje eu quase vivi uma situação parecida, mas numa festa de criança.

Eu acho que as pessoas que tem filhos deveriam compreender que nós, os não-pais, não estamos interessados em todas as gracinhas de seus filhinhos. Eu até gosto de crianças, não me entendam mal – em geral; odeio esse papo de “adoro criança”, pois parte do pressuposto de que todas as crianças são iguais. Crianças são seres humanos. Algumas são legais, outras chatas, outras falsas e mesquinhas, outras mais generosas. Enfim. Quando mães se reúnem, especialmente mães cuja vida foi pautada em cuidar dos filhos e da casa, elas acham que o único assunto é esse. Sinceramente, eu não ligo a mínima, minha senhora, se a sua netinha fala inglês com 4 anos ou o que disse beltraninho. Foda-se o beltraninho. Aliás, se o beltraninho me encostar com essa mão gordurenta de coxinha eu afogo ele na privada.

A mediocridade é das coisas que mais me irrita. Eu tenho simpatia pelos fracassados, acho graça nos arrogantes, suporto os deprimidos, tenho uma certa preguiça dos eufóricos, mas eu não tenho a menor tolerância com a média. Não mesmo. É um defeito grave meu, eu sei. Eu chego a ter inveja quem consegue se manter na média. Eu queria querer. Eu não consigo.

“Média” me lembra música do Gonzaguinha (aquela “viveeeer e não ter a vergonha de ser feliiiiiz”), gente que dança com os dedinhos pra cima e diz “vamu animá, gente!”. Mas, quase sempre a gente teme/repudia o que mais se parece com nós mesmos. Isso é o que mais me assusta.

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Eu quero fazer uma camiseta escrita: “eu tenho medo de espetáculos interativos”. Esses dias recebi um e-mail me convidando pra um “jogo coreográfico”. Mêda. Muita. Agradeci, mas declinei explicando esse traço da minha personalidade. Sem contar que eu sempre sou “a escolhida”. Sabe aquele maluco que tá babando e atirando cocô na platéia e de repente chama um “voluntário” no palco? Pois é. Eu sempre, sempre, sempre sou esse pobre coitado. Tenho medo de que a minha calcinha apareça que nem a da Angélica quando foi chamada no Circo de Solei (e minhas calcinhas andam meio velhas).

Aliás, essa minha amiga que me mandou o e-mail foi a mesma que, tempos atrás, estava comigo num eveiiiinto de música, arte, show, teatro, milhares-de-coisas-tudo-ao-mesmo-tempo-agora-mas-na-minha-bunda-não-violão, com várias coisinhas interativas. Lá pelas tantas, um bebum tentou entrar sem pagar e foi rebocado pelo segurança. Só que ele impunha uma certa resistência à expulsão. Essa minha amiga olha e diz: “puxa! Achei que fosse uma cena de dança contemporânea!”. Eu me escangalhei de tanto rir. Porque no conjunto geral do eveiiiinto poderia perfeitamente ser. E eu me lembrei de que eu já fiz várias improvisações no teatro com essa temática.

A que ponto a arte moderna chegou. É que nem a famosa piadinhas dos dois críticos de arte no MOMA apreciando um balde e um esfregão, tecendo mil comentários sobre o que o artista quis dizer, até que um faxineiro chega e leva a suposta "obra". Se tudo tem que ser contextualizado e se pagamos mais pelas assinaturas do que pelas obras em si, qual o sentido da arte? Como diria Woody Allen, eu não sei, só sei que eu paguei muito caro por aqueles carpetes.

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Outra camiseta que eu quero mandar fazer é: “odeio camisetas com frases”. E também: “preguiça de gente”.

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Eu sou uma pessoa tão, tão agradável.

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Ninguém merece: cantada de pseudo-enólogo-anão em Gotham City em plena seção de vinhos da Sendas. Ainda bem que não foi comigo, mas com Formiga Irmã. Eu não recebo cantadas desde o século passado.

7 comentários:

Anônimo disse...

Oi dona deste blog !

Descobri seu blog por acaso, já q é uma dos indicados pra leitura - tem o link ! - no Mundo Estranho, q eu já adoro !!
Adorei os textos tbm, e tentarei vir lê-los sempre q possível !!
Aaahh... agora mesmo li todos da primeira página !! hehehe !!

Carrie, a Estranha disse...

Oi, Taísa!

É, a Roberta é minha blogstar preferida e ainda por cima se dá com a plebe! Rsrsrs...

Que bom q vc gosotu. Seja bem-vinda. Só não vale xingar minha mãe nem me chamar de gorda. O resto, pode dar pitacos.

Bjs

Anônimo disse...

Rachei de rir com a parte de afogar o pivete na privada! Festa de criança só é bom por causa dos doces, salgados e outras guloseimas.

Anônimo disse...

Ah! Fiz uma promessa ano passado: nunca mais vou em festas infantis em buffets!!! Por todos os motivos que você falou aí no post e por conta da música irritante também. Mas eu não discarto a possibilidade de ser uma dorzinha de cotovelo minha também, já que eu fico totalmente deslocada por não ter um super-pivete pra exibir!

Anônimo disse...

Eu só frequento festas infantis para comer.
Eu adoro crianças. Quando estão dormindo ou em porta-retrato.
Crianças são adultos em miniatura. E isso me dá medo.
Mas como eu gosto muito de brigadeiros, vou às festas e faço a minha parte. hohohohoho.

Carrie, a Estranha disse...

Oi, Anônimo!

essa era uma festa meio adulto, meio criança. E a parte criança era a menos chata. Fiquei batendo papo com a cachorrinha a noite todas.

Carla,

Ah é. Há q se considerar o potencial de recalque imbutido neste texto! Rsrsrs...

Mas qdo vc tem mais proximidade com os pais das crianças é melhor.

Nóis,

Com batatas tb é ótimo.

Bjs

Anônimo disse...

HehEHEAHeaHEAH muito bom!!
A minha habilidade com crianças é proporcional à habilidade de comunicação delas. Enquanto eu puder usar palavras tá tudo certo...
Eu também acho que essa visão de que criança é tudo igual é tão nojentinha. É uma coisa tão reveladora sobre, sei lá, a maneira ególatra como a pessoa vive (meio que olhando só pro próprio umbigo num estilo todo mundo tá errado) tratar criança como "tudo a mesma coisa" - ninguém que faz isso vai admitir, é claro, naam, imagina - mas faz.