Estudando a conta gotas. Marcando no relógio quanto falta para terminar a hora de estudo (eu marco meus estudos por hora; a cada hora, tenho direito a 10 min de descanso). Tenho medo que depois dessa tese eu só consiga fazer palavras cruzadas. Sopão, ainda por cima.
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Por que eu fui inventar de fazer doutorado, por quê?
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Ah é, lembrei: que emprego eu ganharia o que eu ganho pra estudar a hora que eu quero?
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Li O transponível Super Empty,de Luciana Pessanha e José Carlos Lollo, livro que o querido Álvaro me deu de presente. É uma HQ para adultos (ou algo parecido com um adulto) sobre um super herói que tem um grande vazio no peito, o que o impede de ser um super herói. Mas aí ele descobre que o super poder dele é exatamente esse grande vazio. E que isso possibilita que ele ajude as pessoas com outros vazios. Ou com questões insolúveis. Não dando respostas. Não preenchendo nada. O vazio é aquilo que as constitui. Não adianta tentar preencher o vazio, porque o vazio é vazio. O vazio nos faz enxergar através daquilo que não tem resposta. E daí vem não a solução, mas a possibilidade de conviver com a pergunta.
Somos que nem chocolate aerado. Somos grandes sufflairs. O buraco faz parte. Ele é a folga que dá sustentação, sabor à vida. Mas a gente tá sempre insistindo em preencher. As rugas, o estômago, o coração, a celulite, as falhas, os sentidos...
Ninguém nega que algumas coisas possam tornar a vida bem mais divertida. Namoros, dietas, trabalhos, plástica, filhos, política, viagens, amor, causas, religiões...tudo isso é muito bom. O problema é quando você começa a acreditar que essas coisas vão preencher o vazio. Não vão. Nada preenche o vazio. Comida, droga, bebida, sexo, dinheiro e principalmente outra pessoa podem, no máximo, ajudar (e, ainda assim, algumas alternativas podem se apresentar mortais).
Tava conversando isso com uma amiga minha que disse que sempre que a vida dela tá mais ou menos ela fica “inventando moda”. Mas o que é a vida se não um eterno inventar de modas? A escolha a ser feita talvez seja qual a moda menos pior que eu quero inventar pra minha vida, que seja capaz de lhe conferir um sentido mínimo, ainda que fugidio - aliás, como tudo na vida, até o vazio.
Aproveite seus buracos. Com trocadilho. Mas saiba cuidar deles. Afinal, são os seus buracos. Ninguém tem um buraco igual ao seu.
9 comentários:
Enfim, nem só de big b... vive o sublime, que bom :) gostei da idéia de que somos 'aerados', perfeito, uns têm aerados mais esponjosos do que outros e essa é a graça das diferenças. tb sempre vi o estudo como um trabalho (remunerado).
um abraço,
clara lopez
Me lembrei daquela frase: Um copo vazio está cheio de ar".
Nossos vazios são essenciais para continuarmos correndo atrás da vida.
nossa, q filosófico isso aqui, hein? hehe! eu tb adoro inventar moda... começa a ficar td meio igual, lá vem eu com mil idéias, vc bem sabe dos meus últimos planos mirabolantes! mas eu nem pensava em preencher vazio não... penso em inventar para dar msm uma sacudida, sabe?
by the way, tem cartinha da karina para vc (ela mandou pra mim). a gente podia se encontar semana q vem, daí eu entrego, a gente vai ao cine, conversa em inglês e sei lá... dá uma volta.
bjs
ohhhhh, pq vc tirou o fofolete??? não gostei não... humpf! tava toda toda eu! me sentindo!
Clara,
Sim, nem só de dietas e BBB vive o Sublime! Rsrsrs...
É, eu tenho sorte de, no país em q a gente vive, ganhar pra estudar.
Ila,
POis é.
Bella,
Ôoooba! Carta de papel!! Yuppppie!
Sim, sim, vamos combinar assim q eu sair desse mega sufoco.
Eu dei uma limpada geral nos links, pro visual ficar mais clean. Mas posso voltar, tb!
Bjs
eu tive uma professora fantástica na faculdade, aula de história da arte. as aulas dela eram temáticas, cada aula tinha um nome. ficavam lotadas, as aulas, mais do que o trailer de cervejas do bacana. A melhor aula de todas foi a "aula do buraco", que falava exatamente sobre isso, sobre como nosso "buraco" *ui* vai sendo moldado e o que nos agrada ou não encaixa ou não no buraco certo...
o que faz com que o "nao desejar" do budismo seja na verdade a eliminação do buraco. ou eu surtei?
Aí já não sei, Raquel. Não tenho conhecimentos suficientes do budismos - e dos buracos - pra dizer isso. Mas o "não desejar" é algo mais profundo e de uma lógica muito diferente da ocidental. Pro budismo tudo é impermanência. Até o buraco. Acho q isso simplesmente não seria questão. Se vc diz "eliminar o buraco" no sentido de q ele nem seja um problema, aí eu concordaria com vc.
Que legal a sua professora. Eu tb já dei aula de História da Arte. mas nunca falei sobre buracos. Aliás, se eu falasse era capaz de neguinho me abrir um buraco na cabeça, isso sim! Eu dava aulas num lugar mega-careta q tinha um programa muito rígido.
Onde vc estudou e o quê?
Oi, obrigada pela visita. sou prima da mônica, achei seu blog lá no dela, já tinha até me apresentando assim, aqui.
Eu estudei arquitetura no fundão, e aulas cabeça não faltavam, rsrs.
Mas essa era boa mesmo. Pena que esqueci o nome da professora. Tenho um problema com nomes. Acho que era Rosa, Rosamaria... algo assim. Pena. Vou perguntar pra alguém menos esquecido do que eu. Só lembro que ela morreu um tempo depois.
Pelo pouco que sei o budismo afirma que o que gera o sofrimento é o desejo, e que por pura lógica a eliminação do desejo eliminaria o sofrimento. Nós ocidentais não aceitamos muito bem a eliminação do desejo pois isso incluiria a eliminação do "eu", né, aí já viu.
Eita comentário longo. E eu não sou budista, não sou nada.
apareça!
Que bom que você gostou do livro, Carrie querida!
Fiquei super envaidecido com a referência a mim no post, e mais contente ainda que ele possa ter servido pra fazer pensar um pouco nesse nosso vazio de estimação, que cada um carrega dentro de si...
Estou recém cheggado de viagem, mas apenas quicando aqui; esta noite mesmo estou viajando de novo, até domingo...
Saudades de você! Vamos nos ver, na minha volta.
Beijo, do
Alvaro
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