Há coisas que só confessamos para nós mesmos em dada hora incerta de uma madrugada fria, sozinhos e com as luzes apagadas. Coisas que não ousamos sequer pensar durante o dia. Aquelas que não dizemos nem para o espelho. Coisas que, de tão reais e desconcertantes, de uma verdade tão pungente e avassaladora, nos fazem crer que a vizinhança inteira também acordou, tamanha a força de tais pensamentos. Tudo vem num jorro exasperante e sufocante de realidade. Descobriram. Todos descobriram a farsa que você é. Sua máscara caiu e só lhe resta bater no peito e gritar, como Nelson Rodrigues, “eu sou um canalha”.
Aí vem vindo o dia e os primeiros raios de sol que vão dissolvendo essa nuvem espessa que pairou sobre a sua cabeça como uma guilhotina. E você pensa que não é isso, não é apenas isso ou não é tanto assim.
Mas você sabe que ela está ali, te espreitando, esperando a primeira deixa pra voltar à cena. Como um vampiro, ela se enfraquece com a luz do sol. Como um palhaço de molas, guardado dentro de uma caixa, prestes a pular em cima de você quando você menos esperar. Ela.
Um comentário:
eita escorpião!
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