A gente passa a vida procurando padrões. Padrões de saúde, padrões de beleza, padrões econômicos e sociais. Alguns padrões não só são razoáveis e aceitáveis como até mesmo louváveis. Quando se é criança o médico acompanha o nosso crescimento a fim de que ele esteja dentro de taxas aceitáveis. É preciso estar dentro de determinados padrões de altura e peso a fim de evitar a desnutrição e determinadas doenças.
Um padrão é estabelecido a partir de comparações. Estabelece-se uma taxa de normalidade e a partir daí um padrão foi afixado. Daí quando entramos na adolescência os padrões começam a não ser mais tão legais. Você começa a perceber que, apesar do seu peso estar dentro de uma taxa de normalidade, segundo padrões médicos, existe um outro padrão, mais sutil e imperceptível, que fará com que o Fulaninho, da Oitava B, olhe pra Sicrana e não pra você - ainda que ele te considere muito gente boa e a menina mais inteligente do colégio. Pros padrões do Fulaninho, você não é a garota certa para se namorar.
E vida segue com seus padrões sutis e imperceptíveis. Em alguns você dá sorte: está plenamente dentro. Em outros, você não passa nem perto. Mas vai aprendendo que o desvio também é interessante. Que ele pode ser legal. E de repente ele pode até mesmo se tornar um novo padrão.
Os padrões são também formas de classificarmos os outros e vida ao nosso redor. Colocar rótulos, etiquetas, títulos. Organizar a vida segundo alguns referenciais. Sem querer a gente faz isso constantemente. E quando alguém rompe algum rótulo que estamos acostumados, os olhares de desaprovação surgem nos mais variados julgamentos. Beltrano não é mais o mesmo. Está velho. Fulaninha está se comportando como uma adolescente. Está totalmente perdida. Porque na verdade o que a gente busca é o padrão, a regra. Se acostumamos a ver determinados comportamentos em certas pessoas levamos um susto enorme quando este comportamento difere do usual. Na verdade é nossa própria segurança que foi abalada. Nossos próprios padrões.
O contrário também acontece. Há pessoas que se comportam sempre de determinada forma, nunca mudando. E se tornam logo alvo de comentários de outra natureza. Sicrano não muda, não sai dessa vida, é sempre assim.
Onde eu quero chegar com esse texto? A lugar nenhum.
(Vou indo, pois estou num Ciber Café onde as pessoas só entram pra olhar seus orkuts e são, na maioria, adolescentes, dizendo quantas eles já pegaram. Meu padrão de falta de paciência continua o mesmo).
3 comentários:
É, Carrie, mas felizmente seu padrão de bons textos também permanece o mesmo.
Adorei seu texto, ontem durante uma conversa, cheguei a conclusão de que eu crio padrões de comportamento para as pessoas que convivem comigo, falando assim parece meio louco e no fundo é mesmo, mas sempre que as coisas começam a sair dos padrões acho sempre que há algo errado.
P.S. Leio seu blog a um certo tempo, nunca havia comentando.
Tatiane
Ôôô, q meigo, Claudio!
Tatiane,
É sempre bom qdo alguém novo comenta. Valeu.
Bjs
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