terça-feira, dezembro 26, 2006

Menina mala: crítica


Acabei de ler “Travessuras da menina má”, do Vargas Lhosa, o último livro que faltava ler dentre os meus presentes de aniversário.

Se o critério de um bom livro for a capacidade de prender o leitor, este livro seria excelente. Mas eu também já li Paulo Coelho, Agatha Christie, Sidney Sheldon e eles também me prenderam um bocado. Nem por isso eu os considero bons escritores.

Se o critério de um bom livro for uma narrativa que nos engrandece de alguma forma, este seria uma porcaria. O livro fala de um amor do cara pela menina má em questão que dura a vida inteira, independente da mulher fodê-lo - no mau sentido - de todas as formas imagináveis. E dela por ele, ainda que do jeito dela. Há quem ache que isso é amor. Eu acho que é vício, doença ou qualquer outra coisa. Acho que isso é uma idéia de amor romântico que não faz mais o menor sentido e só serve realmente pra vender livros, filmes e novelas.

Se o critério de um bom livro for o estilo literário, este livro não tem nenhum. Você chega a pensar que Joyce, Virgínia Woolf, Borges e Guimarães Rosa fizeram as revoluções que fizeram em vão.

É um típico livro da nossa era. Best seller raso, vazio e superficial acerca de temas que tentam nos empurrar como universais – como o amor – numa roupagem de pseudo-intelectualidade – o livro atravessa a Paris revolucionária dos anos 60, a Swinging London dos anos 70, a Tóquio yuppie dos anos 80 e a Madrid cultural do final dos 80, sempre fazendo referências ao Peru, dos anos pré-golpe militar até a ascensão do Sendero Luminoso. Diversão garantida, ainda que você esqueça na próxima hora.

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