segunda-feira, dezembro 18, 2006


Jornalista da Globo acusado de receber propina da máfia das máquinas caça-níqueis. O repórter se justificou dizendo que estava tentando se infiltrar na máfia pra escrever um livro e obter informações pra uma matéria. William Bonner-Hommer lê um comunicado dizendo que a rede Globo sabe que só a justiça pode dizer se o cara é culpado ou não e bla bla bla, mas por via das dúvidas vão afastá-lo, pois ele estava usando métodos que não condizem com a ética da empresa (ou algo do tipo).

Interessante que o Tim Lopes, quando morreu, estava fazendo uma coisa totalmente fora dos padrões éticos jornalísticos e muito parecida com que o cara supostamente está tentando fazer (se ele estiver falando a verdade). Sim, caro leitor, câmera escondida não é ético. Não é certo. Preservar as fontes é um dos princípios básicos do jornalismo. A não ser quando é de interesse de todos. Aí pode. Mas é aí que a porca torce o rabo. Quem decide o que é de interesse de todos?

Eu acho muito difícil que o cara esteja falando a verdade, mas a base do direito é que todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Caso ele esteja falando a verdade a vida dele virou um inferno pra sempre. Nunca mais ele arruma emprego em nenhum grande veículo, mesmo que se prove a sua inocência. Por que em jornalismo a retratação nunca é igual ao escândalo fresco.

Essa é a base do jornalismo no mundo todo: dois pesos e duas medidas. É uma profissão cuja ética é totalmente incompatível com a prática. Sei que quase toda profissão encontra seus dilemas éticos, mas o jornalismo é fundamentado num paradoxo ético (nem sei se isso existe, mas acabei de criar).

Ainda bem que eu não sou jornalista, né?

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