sexta-feira, novembro 10, 2006

Sobre a dor - número 2*


Quando é que pára de doer? Quando é que pára de sangrar, quando é que a casca da ferida vai parar de ser arrancada de tempos em tempos, por um motivo absolutamente banal: você apenas vê uma notícia que faz menção, de leve. Imediatamente um frio-quente percorre suas paredes estomacais como uma “lagartixa profissional” como diria Nelson Rodrigues. Quase como um ato reflexo. Você se acostumou, como um cachorrinho pavloviano a sentir dor física com a simples menção de certos nomes ou lugares. É mais forte que você. É um espasmo. E você tenta achar a culpa, ficar pelo menos puta, mas percebe que não tem com quem ficar puta, que ninguém tem culpa e que você realmente é maluca. Ou apenas patética. Se for pra culpar alguém, seria você mesma.


* Como diria VanOr, essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a vida real de alguém terá sido mera e absoluta infelicidade.

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