sexta-feira, novembro 10, 2006


Na Globonews: sujeito traído e abandonado pela mulher entra no ônibus em que ela estava, fazendo umas 20 pessoas de refém, na altura de Nova Iguaçu, na Dutra.


Acho fascinante esse tipo de situação, antropologicamente falando. Me solidarizo com as vítimas, morro de pena do cara, mas não posso deixar de ficar absolutamente bestificada com o evento, como exemplo máximo de até que ponto a dor pode mover o ser humano. Ou até que ponto estamos criando uma sociedade neurótica onde a perda não consegue ser vivenciada.


O que faz com que, de repente, alguém ligue o start e de fato faça algo desse tipo é um mistério. Todos somos meio malucos – alguns mais, outros menos – mas o que faz com que, de repente, algumas pessoas cruzem a fronteira de forma irreversível – sim, pois é sempre irreversível? E o mais divertido é ver os jornalistas e antropólogos-de-plantão da Globonwes tentando encontrar explicações. O mais difícil é encarar a realidade: ninguém sabe nada.


O cara espancou a mulher e disse que não faria mal às outras pessoas. Disse que a mataria e depois a si mesmo. Disse aos passageiros que ele não faria mal a ninguém. Que era trabalhador e havia construído uma casa com muito sacrifício pra ele e pros três filhos (e meus olhos enchem d'água, não sei se é o inferno astral). Pastores da Igreja Universal negociam, a mãe, a irmã e o cunhado também negociam. Agora o Bope – leia-se: massacre do 174 - já entrou no meio. Já são 8 horas de seqüestro. O cara concordou em soltar as mulheres, menos a dele. Só tem homens agora.


Incrível ver a falta de preparo dos jornalistas em dizer coisas fantásticas como “estamos aqui com especialistas em comportamento humano, os antropólogos”. Bem feito! Mata aula de antropologia durante o curso de comunicação, viado!


Como diria Travis, em Taxi Driver: estamos todos irremediavelmente fodidos. E eu não tenho como não ver um pouco de mim mesma nesse maluco.

15 comentários:

Anônimo disse...

Olha, é fácil, é só ligar o "foda-se" e ir em frente.

Nos dois casos:
Ou você melhora e segue sua vidinha normal ou faz o que o ex-marido fez.

Anônimo disse...

Quando meu ex deu um pé na minha bunda num dos momentos mais cruciais da minha vida, eu estava quase indo pro limbo e ali ficando quando minha tia disse a seguinte pérola:

O bom de quando dão um pé na nossa bunda é que não temos muita escolha senão esquecer, chato é quem dá o pé na bunda que corre o risco de se arrenpender depois e ser tarde demais.

Comigo funcionou.

E nada como uma papelaria para afogar as mágoas.

Anônimo disse...

Acho q a Globo tá por trás disso tudo...rs
Viu qual será o tema do Globo Repórter de hoje? Violência Contra a Mulher - A mudança da lei q não prevê apenas a doação de cesta básica pelo agressor e sim prisão.
hehehe
Bibi

Anônimo disse...

Acho q a Globo tá por trás disso tudo...rs
Viu qual será o tema do Globo Repórter de hoje? Violência Contra a Mulher - A mudança da lei q não prevê apenas a doação de cesta básica pelo agressor e sim prisão.
hehehe
Bibi

Anônimo disse...

Ihhh foi mal, cliquei duas vezes...
Não acho q estamos criando uma sociedade mais neurótica, neste caso.
Sempre se matou por amor...rs
BBBBBBBBEiiiiiiijjjjoooossss
BBBBibi

Anônimo disse...

po, outro dias tavas dizendo que nao tinhas pena de homem...
tsc tsc tsc. Mulherzinha sentimental :P

Anônimo disse...

Ué, para toda regra há exceção! 8-)

Assim como existe homem filho da puta, existe mulher filha da puta.

Só que os homens são a maioria, claro.

Carrie, a Estranha disse...

Samanta,

Mas eu sou poço de contradição!Rsrsr...vá se acostumando!

Ila,

Sim, eles são a maioria!

bjs

Carrie, a Estranha disse...

Gente, os comentários de vcs não tinham aparecido e de repente surgiram! Vamos lá:


Complementando, Samanta: sou sentimental. Odeio, mas sou. Mas não espalha. ;)

Ila,

Não acho q tenham só essas duasopções não. Vc pode ficar maluca, se matar, ficar doente, morrer...

Meu Deus, vc leu meu blog todo? Vc sabe q eu amo papelarias! Sim, eu afogo muito minhas mágoas em papelarias. mas desde q voltei da Europa e trouxe muitos lápis e canetas não fui ainda.

Baru,

Sim, a Globo e a Veja devem estar por trás disso! Rsrsrs

Eu acho q sempre se matou por amor, sim. Mas a diferença dos nossos tempos é q agora o cara precisa entrar num ônibus e ficar 9 horas com os reféns - e isso é transmitido pro país todo. Antes o cara matava a mulher e pronto. Ou se matava e pronto. Sociedade do espetáculo! (Guy Debord, Guy Debord!!!, como diriam meus alunos)

anna v. disse...

Foda é quando você se surta e, no meio do surto, se dá conta da merda que fez. E aí tem que manter a pose, né?
Agora, esse "a dor que move o ser humano" que vc diz, não é só isso. Tem os valores do cara, a vergonha que ele sente, e eu resisto um pouco em colocar isso como "a dor que move". Acho que é outro tipo de sentimento, outra paixão (ou melhor, uma fúria).

Anônimo disse...

Ah, com certeza há sempre a atualização da tragédia e do amor para os tempos atuais, mas sempre neurótico...rs
Bjs
BB

Carrie, a Estranha disse...

Ana,

Não, não acho q a "a dor move", num sentido positivo - quer dizer, até acho, mas não é o caso. Nesse caso é a loucura. Mas me fascina pensar a fronteira tênu q existe entre essas duas coisas.

bj

Lara disse...

Olha eu passei o dia todo ligada na globo news! Que aflição!

beijos

VanOr disse...

Fiquei putaça da cara com o jornal Globo de hoje: na capa, diziam que a cobertura do caso ia da página 16 a 30, mas, dessas 14, 10 eram propaganda de empreendimentos imobiliários. Tipo assim: prime time na imprensa marrom.

MM disse...

Que bom que o tal sequestro terminou bem. Divido com você o comentário de um colega: o sujeito queria mesmo era ser reconhecido como corno em rede nacional...