segunda-feira, outubro 16, 2006


Estava estudando e me deparei com a seguinte frase, no texto de Karl Polayni, A grande transformação, sobre as leis que protegiam os pobres na Inglaterra do século XIX (como a Speenhamland):


“Nenhuma outra medida se popularizou mais amplamente. Pais não precisavam cuidar dos filhos; filhos não dependiam mais dos pais; os empregadores podiam reduzir os salários a seu bel prazer e os trabalhadores não passavam fome, quer fossem diligentes ou preguiçosos. Os humanistas aplaudiam a medida como ato de piedade, senão de justiça, e os egoístas se consolavam com o pensamento de que se tratava de um gesto de caridade e não um ato liberal (...) A longo prazo o resultado foi aterrador” (p. 91)


Fiquei pensando nas bolsas do Lula. Mas vai a gente dizer que não adianta dar o peixe e sim ensinar a pescar, pois do contrário, só com o peixe, o pobre nunca vai sair do lugar? A gente é chamado de reacionária, classe média, pequeno burguesa...

Fiquei pensando também no Pro-Uni, que vai acabar com o pouco da universidade brasileira, pois os professores vão ter que nivelar suas aulas por muito baixo...mas mais uma vez serei acusada de reacionarismo.

Tenho uma idéia, que pode vir contra mim mesma, mas tudo bem. Por que não param com os investimentos no ensino superior – ainda que precisemos muuuito – e investem maciçamente no ensino fundamental – que precisa muuuito, muuuito, muuuuuuuuuito mais?Aí depois não precisariam criar bolsas ou cotas que vão destruir nosso sistema educacional, ora pois, pois!

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Vendo o programa da Furacão 2000 enquanto almoçava fiquei lembrando de Rimão do(s) Meio(s) Tecnológicos, na palestra do Riocena, descrevendo a experiência sensorial de ouvir funk: “uma coisa é o sujeito ler um artigo do Hermano Vianna e resolver que vai gostar de funk. Aí bota lá na sua casa: é som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado. Aí o cara acha sem graça. Outra é ele ir ao baile funk e ter a experiência sensorial de ver aquele paredão de som da Furacão 2000 descer: É SOM DE PRETO, DE FAVELADO...É por isso que o playboy escuta música no seu carro no último volume, com tudo trepidando” Tudo isso com a típica mise en cène que só Rimão sabe fazer. Hilário.

Nisso Bia Lessa olhava num misto de pânico absoluto, será-que-esse-cara-ta-me-zoando e será que é sério?

Ri muito. Só tive que parar quando as pessoas começaram a olhar pra trás.

Então, tá. A “glamurosa” aqui vai voltar lá pro Polayni senão amanhã o paredão da história econômica vai descer sobre o meu corpitcho, causando um estrago terrível para minha sensorialidade. Fuuui!

2 comentários:

MM disse...

Carrie do céu, não diga uma coisa dessas!! Lógico que o ensino fundamental necessita de investimentos maciços, mas o Brasil precisa muito de pessoas altamente qualificadas, para poder se inserir nesse mundão tecnológico!

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Rimão do meio tem razão. Experiências sensoriais são tudo...

Carrie, a Estranha disse...

Eu sei, eu sei, eu concordo. Mas tendo q escolher, eu escolheria investir na base.