sábado, setembro 23, 2006

Uma mente brilhante

Dona Henriqueta anda im-pos-sível. Dona Henriqueta, pros que ainda não sabem, é a velhinha de 87 anos que me habita. Dona Henriqueta é um agito só. Não posso caminhar com ela no Aterro que ela logo quer entrar naquelas aulas da terceira idade, onde animados senhores ficam com bastões e outros objetos de duplo sentido se exercitando. Mas eu digo “Henriqueta, minha filha! Isso não é pra nossa idade! Pega o paletó, vamos pra casa que tá esfriando e já tá quase na hora da missa com o Padre Marcelo Rossi”. Dona Henriqueta gosta de sair. Ir com as amigas ao Bingo, jogar buraco com o pessoal do condomínio, viagens à Nossa Senhora Aparecida, temporadas em Caxambu, Poços de Caldas, animados terços com as vizinhas...aí eu digo pra ela que isso é um certo excesso pra mim. Mas ela insiste...

O problema é que a Pri, a adolescente de 15 anos que me habita, às vezes chega antes de Henriqueta ir embora. Aí as duas entram em rota de colisão. Pri acha tudo “um saco” e só quer ficar em casa, dormindo. Dona Henriqueta fica mandando ela tomar sol, praticar esportes...

Eu, sinceramente, não me meto. Deixo as duas brigarem e vou com o Afonso, o nerd de camisa xadrez e óculos fundo de garrafa que me habita, ler um livro. A que ganhar me avisa, tá?

Um comentário:

VanOr disse...

Dê um iPod pra Pri te deixar em paz e deixe Dona Henriqueta respirar! A véia gosta de caminhar, então ela sabe o que faz.