Saudade.
Da infância. De lugares infantis, de personagens infantis, de pensamentos infantis. De medos e planos infantis. Festa de aniversário.
De lugares. Que eu já estive, mas não existem mais. Escola primária Nossa Senhora de Fátima. Banco de madeira. Que eu nunca mais vou voltar. Que eu nunca estive. Que eu nunca ouvi falar.
De tempos. De décadas que eu não vivi e das que eu não vou viver.
De pessoas. Que eu não conheci. De tios e tias e avós e avôs de quem só ouvi falar. De pessoas. Que eu só li a respeito. De pessoas. Que se foram, mesmo sem querer. De pessoas. Que se foram, querendo. De pessoas. Que ainda não chegaram. De pessoas. Que estão muito perto. Saudade. De você.
Minha saudade é que nem entrar no espelho de Alice. É simetricamente oposta à realidade. Não é a percepção da ausência, mas um esmagador peso de uma presença invisível, que só existe dentro de mim e que vem do nada, sem razão, sem explicação e se espalha. Tenho conversas com você o tempo todo. E nem assim você concorda comigo. Saudade amarga. Entalada na garganta. Mas um dia, quem sabe, desce. Tenho uma tia que diz que banho quente cura até saudade. Tô cansada de ter a pele vermelha.
Um comentário:
Eu também...
Saudade é corrosão na alma/âmago....
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