quinta-feira, agosto 17, 2006

Ninguém merece


Fui acordada às 6:30 da manhã pela filha da minha faxineira avisando que ela – a faxineira - estava tentando entrar na minha casa, mas não estava conseguindo porque eu passei a tranca. Sim, passei a tranca porque não era o dia dela, já que vou viajar e havia dito que ela só precisava vir em setembro. Tudo bem, abri a porta e falei pra ela entrar e fazer a faxina – mesmo eu estando sem dinheiro, mesmo a minha mala estando atravancando o caminho, mesmo com as dezenas de livros pela sala que não podem ser tirados do lugar até eu terminar de fazer o meu trabalho...

Tentei voltar a dormir e tive uma meia dúzia de pesadelinhos. Levantei às nove.

Poderia estar roubando, poderia estar matando ou me candidatando a algum cargo administrativo, mas estou aqui, humildemente, tentando terminar o meu trabalho e esperando uma resposta do professor pra saber se eu posso mandar pelo correio ou terei que ir à Niterói novamente – e pelo silêncio dele, acho que vou ter que ir lá – quando a minha faxineira manda a seguinte pérola:

- É por isso que você tá GOOORDA e BONITA. Fica aí, sossegada, tranqüila, sentadinha...eu queria ser assim, que nem você...tranqüila...

Silêncio.

Me lembrei de uma crônica do João Ubaldo, em que ele fala que estava trabalhando na revisão de um dos seus livros quando um pintor pintava a sua sala. Lá pelas tantas o pintor manda: é, se eu soubesse bater nessas teclinhas que nem o senhor eu também não trabalhava, não.

Ai, ai.

Mas sabe que eles não estão de todo errados, não? Como diria minha ex-sogra (que é camelô): faço parte de uma elite que ganha pra estudar - ela dizia isso pra falar do filho dela, meu ex, que faz doutorado e é uma das pessoas mais brilhantes que eu já conheci. A não ser pelo fato de ter me largado, claro. O mesmo que é super herói nas horas vagas. Eu sei que se tratam de naturezas de esforços distintas – escrever uma tese ou virar laje – mas as pessoas deveriam ter a chance, como eu tive, de escolher entre uma coisa e outra.

Zenti, mudando radicalmente de assunto: vocês viram que Plutão foi rebaixado?! Sim, o planeta! Fiquei plutônica! (dããã...). Como assim, Bial? Plutão é o planeta que rege meu signo, escorpião. Há muito tempo já achavam que ele não podia ser considerado um planeta, já que era distante do sol, frio e esquisitão. Na matéria do Globo de hoje: “Plutão sempre foi bizarro” (??!!!). Aí resolveram criar a categoria dos “planetas plutônicos”, da qual fazem parte além do nosso amigo estranho, também Caronte, Xena (UB313) e Ceres. Segundo a matéria “os plutônicos levam mais de 200 anos pra completar uma órbita em torno do sol. Sua órbita é bizarra, distante de serem perfeitamente circulares”. U-hu!

Será que isso é alguma previsão catastrófica? Como se não bastasse eu estar próxima de entrar no meu inferno astral, do meu retorno de Saturno (de onde eu sei lá), agora mais essa? Meu mapa astral vai entrar em curto circuito! Como diria Fernando Henrique: assim não dá, assim não pode. Chama o gerente!

6 comentários:

Anônimo disse...

João Ubaldo tem várias tiradas boas sobre a incompreensão que cerca o ofício de quem escreve. Como quando pedem para ele um texto, mas o pagamento disponível é simbólico: "Vou na padaria comprar uns pães e tentar pagar com símbolos, pra ver se aceitam".
E sobre Plutão: também fiquei arrasada. Quer dizer que não vale mais o "Minha velha traga meu jantar: sopa, uvas, nozes, pão"? Um clássico de tempos imemoriais! E um planeta chamado Xena?! Não tem um depto de marketing pra ajudar nessas coisas?
Ah, bem, desculpe o comentário gigantesco. Cheguei aqui pela dica da Ella, e gostei muito.

Lara disse...

Que saga hein, mas a viagem está próxima!!! :)

beijos

Carrie, a Estranha disse...

Ana V,

Pô, podia ser Ana O. (dã...)

Desculpe a ignorância...tendi, não! O negócio das uvas, nozes...acho q eu faltei essa aula.

Valeu pelo comentário. O blog da Ella é fantástico. Gosto demais das coisas q Ella (dãã...tô tão pândega hoje!) escreve.

Volte sempre!

Bjs

anna v. disse...

Essa é uma frase para decorar a ordem dos planetas. Cada uma das 9 palavras começa com a letra de um planeta (minha=mercúrio, velha=vênus, traga=terra etc.).

Anna V., Anna O., Terapia Zero... You got it.

Vou voltar, claro!

Anônimo disse...

Ana:
engraçado como em inglês a frase memografica tb tem mãe e comida dentro:
My Very Educated Mother Just Served Us Nine Pizzas...
Tinha, o que sera inventado agora com Xena na jogada?

anna v. disse...

Aliki, não conhecia a frase em inglês. É tão nonsense quanto a minha...
Mas olha, eu nunca tinha imaginado a "minha velha" como a mãe, não. Isso ficou por sua conta. E em português a dieta é bem mais saudável.