Às vezes me pego pensando em o que me faz gostar de
alguns escritores mais do que outros. Penso que, dentre outras coisas, não me
interessa ler sobre a Vitória. Não me interessam os escritores pouco generosos,
mesquinhos e que poupam a si mesmos em qualquer linha. Gente que se economiza.
Os que dão um jeito de falar dos próprios defeitos como se fossem qualidades. Não
me interessam as histórias de sucesso. Estou cercada delas. Vivo como no poema
de Pessoa, onde “todos os meus amigos têm sido campeões em tudo”. Todo mundo ao
meu redor tem uma vida perfeita e eu sei exatamente o que fazer para se ter uma.
Quero ler sobre gente que não deu conta. E quem tá no limite de não dar conta. Sobre
fracasso. Sobre ridículos. Sobre gente que se arrepende do que diz e faz. Sobre
tentar todos os dias, over and over, e mesmo assim fenecer. Acho que é isso,
para mim, que faz um bom escritor. Dentre outras coisas, claro. Escrever sobre
o que não foi, não deu, ficou pra depois e, para finalizar - mais uma vez
roubando e parafraseando Pessoa - sobre o
intervalo entre o que se deseja ser e o que a vida faz da gente. Ou metade
desse intervalo, porque também há vida. ;)
3 comentários:
Acho que é por isso que eu curto os blogs de pessoas que falam sobre si mesmas...sobre a vida de verdade...sobre momentos diários, que fazem parte da vida...sobre ideias...
Estava com saudades de textos assim!
"Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas...
mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso..."A.Calc.
:)
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