Ultimamente todos os meus chutes, em todas as áreas da minha vida, tão batendo na trave. Nos últimos anos, eu diria. Estou numa grande ressaca pós-tese que já dura dois anos e pouco. Os adultos nos enganam dizendo que vai ficar tudo bem. Não. Não vai ficar. Ou até fica, mas por pouco tempo. Pra certas pessoas nunca fica. Talvez o problema seja de certas pessoas, não da vida.
E dá muito trabalho fingir normalidade. Tem horas em que cansa. Acordar, levantar, fazer as coisas mínimas. E você se pergunta até quando, até quando, até quando...
Você se vicia em ser você mesmo, de um jeito ruim. É como se vestisse uma roupa velha que tomou a forma do seu corpo. Ela não é você, mas acaba sendo. E quando você tenta substituí-la por outra, não acha. E vai ficando, em parte por comodismo, em parte porque duvide que outra roupa irá servir tão bem quanto aquela. E você tenta mudar outras coisas, muda o corte de cabelo, a cor, os móveis de lugar...mas algo não se encaixa. Mas você sorri e finge que entende que os outros te entendam e pois é e coisa e tal e esfriou hoje, né? e o trânsito ruim e o futebol e a novela e o fim de semana...
Algo nunca se encaixa.
18 comentários:
Cara, nestas horas torceria para vc ganhar uma bolada, viajar o mundo, escrever um livro e viver de fazer palestras por aí contando da experiencia.
Falou o Mestre dos Magos.
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Desculpaê. Já passei por isso e sei como é essa bagaça. Parece que os dias são todos iguais, e que mesmo mudando tudo, nada muda DE VERDADE. E o detalhe... de repente a gente acorda, e PUF! - a vida voltou ao que era. Aí PUF! - a gente começa a viver legal. E PUF! - ficamos com medo de tudo que estava bom virar pó e fazer PUF de novo. E quando nos damos conta de que os PUFs que estávamos esperando não vão acontecer (pelo menos na hora que a gente espera), PUF! - fica mais fácil de mexer com o que estamos vivendo agora.
Again: falou o Mestre dos Magos (ou o Yoda, qual vc preferir)
Foda... passei por isso (sera que ainda nao passo?) e foi bem no ano que meu pai faleceu... A cereja do bolo!
Queria dar pause na minha vida... melhor, dar Stop e trocar de filme... Aquele estava muito ruim
-> nestas horas torceria para vc ganhar uma bolada, viajar o mundo, escrever um livro e viver de fazer palestras por aí contando da experiencia (2 MEMBROS)
Deixa eu te falar uma coisa.
Eu não acredito no que me aconteceu esse ano. E é um não acredito com jeito de roupa-apertada-e-muito-curta-com-cabelo-tingido: olho no espelho e penso "não sou eu".
Fico pensando que vai passar. Afinal, eu preciso me acostumar com minha vida boa, nova, incrível, tão esperada de professora pública (rs). Mas cadê que vem?
Mal estar. Vontade de dormir sábado-domingo-segunda. Tristezas profundas.
Sim, esse ano não foi só isso, pelo contrário. Mas eu queria te dizer que... às vezes as coisas estão acontecendo "à toda" na nossa vida, e isso não quer dizer que tudo vá bem. Isso pode querer dizer exatamente o contrário. Inacreditável.
A outra coisa que eu queria dizer é que a minha análise tá bombando. Hoje rolou da analista me ouvir falar de todo o meu medo de me enfiar nessa ideia de jerico que é futucar o que tá lá quieto, e manter o clima "tamus aí, e olha aqui seu cheque, moça". Ela ouviu, olhou e disse: "Seja bem vinda". Sabe, que bem vinda é esse né? Ao clube do Groucho, entende? Lá mermo. Tô lascada.
Güenta aí, mai friendi! Daqui a pouco a roda gigante sobe novamente.
Essa de não se encaixar na sociedade me lembra demais um filme maravilhoso a que assisti antes de ontem e tá me deixando pensar até agora. O original é norueguês (Den Brysomme mannen) e em inglês vc pode porcurar por "The Bothersome Man". Infelizmente, não encontrei em português. Seria legal se vc tivesse oportunidade de assistir, talvez se identificasse bastante.
Beijos,
Ione
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Bothersome_Man
também tô nesta ressaca pós-tese, doutora desde maio e nada mais, de consolo digo que estou vivendo um ano sabático, espero que isto não dure mais que um ano. Algo tem que mudar para melhor para todos nós!
"Algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta."
Caio Fernando Abreu
A verdade é que com toda essa pós-modernidade, facilidades, acesso à informação, possibilidade de crescimento... O tempo passa, passa, passa e passa e parece que esquecemos o que é mais importante. ou até sabemos o que é, mas temos dificuldade em transformar isso em realidade ou encontrar quem concorde com a gente, nem que seja um pouquinho só.
Vivemos numa era de expectativas não realizadas, ou que quando alcançadas não trazem a satisfação que sonhamos.
Também estou numa fase assim...mesmo as coisas mais desejadas não trazem a satisfação esperada e isso dá uma angústia enorme porque a gente vive sempre na expectativa de mais, mais e mais...atrás de algo que não encontramos...e nada muda de verdade.
Ila e Lilian...
S2
Mto fofas, vcs...
Grazy,
Puf! Rsrsrsrs...é...a vida é feita de pufs.
Luana,
Mas o pior é q nem é uma coisa ruim, sabe? "Ah, então vc queria q algo mto ruim acontecesse?". Não. Não é isso.
Amana,
Tenho q responder aquele seu e-mail. Mas não tenho forças.
Ione,
Obrigada pela dica! Tenho sempre leitores incríveis, fantásticos, extraordinários, q me dão dicas ótimas. :)
Patrícia,
Ah, vc ainda tá no período ressaca.
Anaaaaa!!!
(Suspiro)
Que puxa!
Júlio,
Eu tenho a exata percepção do q é mais importante pra mim. E isso é o mais angustiante. Por um lado não conseguir pq depende de mim e por outro não conseguir pq NÃO depende de mim.
Lilith,
Pois é. Eu queria sentir essa angústia das coisas mais desejadas acontecerem.
Bjs em tod@s
tem que nada.
beijos!
Não acho que tenha nada de errado acontecendo com você... acho é que a vida é assim mesmo, mas nossa cultura vende a ideia de que a vida deveria ser sempre plena e feliz.
Leio seu blog sempre e acredito que você seja uma pessoa nota 10. Não consigo acreditar que quem escreve tudo isso, quem pensa tudo isso e partilha, e encontra com isso leitores e companheiros, tenha algo de errado em si.
Claro, perfeita você não é... é humana, tão humana que vê que a vida é estranha, que nem tudo dá sempre certo, e que nem sempre a gente se sente como gostaria ou acha que deveria.
Será que gente sem isso existe? Sei lá. Mas gente normal é assim, igual você nos conta de você.
abraços!
Olá Carrie!
Sim, fingir normalidade é um saco...vontade frequente de assumir a doida que mora em mim e não está nem aí, mas o fato é que até isso exige mais energia do que posso oferecer, na maior parte do tempo. Me acostumei a ficar em stand by....e a ter disponível só a energia pra isso...nem off, nem on...ali, no meio do caminho, esperando que um grande clichê hollywoodiano aconteça e sem saber bem qual gostaria que fosse. Ou o mundo é um saco e eu não tenho paciência de dançar no mesmo passo dele....ou é um lugar muito bacana, mas para o qual não me deram o passe. Enfim, life sucks...mas é o que tem pra hoje e isso é muito bom.
Bj da sua leitora bipolar e excêntrica...rs.
Nay...ou Paola...ou N....ou whatever.
P.S: Nos posts pra Carrie eu tenho sempre a impressão que escrevemos mais pra nós mesmo do que pra comentar de fato os posts dela...rs.
Amana,
Tenho, não. Quero. :)
Luiz,
Obrigada pelas gentis palavras, querido. Concordo c/ vc. Suas palavras me lembraram aquele texto q saiu na revista Época, q a mulher fala q essa geração é a mais bem preparada do pto de vista técnico, mas a menos preparada p/ enfrentar os fracassos. A q mais acha q a vida tem q ser sucesso, sucesso, sucesso e q a felicidade é um direito do ser humano. Infelizmente não é. Enfim, sei q mto das minhas lamúrias, ou melhor, quase todas, são só isso: lamúrias. De achar q as coisas deveriam acontecer agora e não ter paciência de esperar nada.
N...Paola...Nay...quem é vc? Rsrsrs
Lindas palavras: "esperando que um grande clichê hollywoodiano aconteça e sem saber bem qual gostaria que fosse" resume gde parte da minha vida.
Bjs
N,
Ah, vc é a Nayara Nascimento, é isso? Mas como eu te add no Face, menina? Tem umas trocentas pessoas c/ o seu nome. me diz quem é vc.
Bj
Sempre tive a sensação de estar vivendo o trailer, esperando que o filme da minha vida comece, e parece que ele nunca chega...
É bom ver que outras pessoas passam por sensações parecidas, sempre à espera de mudanças que vão, de repente, tornar a vida mais fácil ou menos tediosa...não resolve nossos questionamentos e lamentos internos, mas dá um certo conforto ao coração.
Sempre acompanhei seu blog aqui, quietinha no meu canto, espiando de fininho...mas saibas que tem mais uma admiradora aqui, anonimazinha.
Às vezes me espanta como temos pensamentos parecidos sobre tantas coisas, seus textos muitas vezes me fizeram refletir sobre mim mesma, quase uma terapia! haha
Espero que a crise existencial um dia se acalme e que dias melhores logo venham (pra mim também, quem sabe?)
Um beijo, com muito carinho... Bá.
Me lembrei agora de um texto que o Léo Jaime escreveu sobre as férias, nos gloriosos anos 80, pra revista Capricho: "é como se um exército de pessoas saísse nas ruas cantando 'eu tenho que ser feliz, eu tenho que ser feliz...'". Léo Jaime sabia/sabe das coisas.
Falei dos PUFs pq me vinha na cabeça aquela cena do filme "Como se fosse a primeira vez"... O Adam Sandler falando com o Rob Schneider
"Acontece que eu não sou bom em fazer PUF! Você pode me dar um exemplo de um bom PUF?"
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