quarta-feira, abril 20, 2011

A melhor série da última semana


Não confio em bancos. Quando as máquinas se rebelarem, os caixas 24h vão liderar

Sheldon Cooper

Como já disse aqui algumas vezes, a minha série de humor predileta em exibição atualmente é The Big Bang Theory. São a prova incontestável - se é que ainda pairavam dúvidas - de que os nerds tão na moda (como eu digo para os meus alunos, graças à Revolução Digital que catapultou jovens espinhentos e punheteiros - essa parte do "punheteiros" eu omito - da garagem de suas casas no Vale do Silício para grandes milionários).

Acho a série muito engraçada, porque ela trabalha com uma série de estereótipos - todos verdadeiros - da vida acadêmica. Pra quem nunca viu, são quatro personagens: Sheldon Cooper, físico teórico, o mais nerd e maluco dos quatro, foi pra faculdade com 11 anos; Leonard Hofstadter, o mais normal (ou menos maluco) do grupo; Howard Wolowitz, o judeu, metido a galã e piadista, engenheiro, que ainda mora com a mãe (cuja participação se resume à voz, sempre aos berros), constantemente sacaneado pelo grupo por ter só mestrado  e Rajesh Koothrappali, indiano, cujo traço principal é nunca conseguir falar com mulher nenhuma. Ele é o toque politicamente correto e multicultural do seriado e os próprios amigos destacam que a aceitação dele no grupo é quase para atender a um programa de cotas. E tem a Penny. A loura gostosona aspirante a atriz e garçonete, vizinha de Sheldon e Leonard e que namora este durante algumas temporadas. 

O seriado mostra a fogueira de vaidades que é a vida acadêmica, ainda mais em uma universidade estadunidense  que lida com tecnologia de ponta, localizada, óbvio, na Califórnia. Disputas por verbas de projeto, salas, equipamentos, piadas com a área humana - que, para Sheldon, não é ciência - tudo isso temperado por pitadas de cultura geek. Todos eles são fãs de HQs, toy art, personagens de séries B de ficção científica e todo esse universo que, antes da revolução digital, todo fã tinha que esconder. Ah, e Guerra e Jornada nas Estrelas é claro. 

(Penny sempre confunde Guerra com Jornada. Devo confessar que eu também. Tinha um ex-namorado que ficava puto com isso)

É difícil dizer qual é o melhor personagem, pois cada um cumpre uma função muito específica no seriado, mas queria falar mais hoje do Sheldon, o malucão mor. Eu me identifico extremamente com o Sheldon - mais pelas maluquices do que pelo lado genial, certamente. Ele é um cara extremamente racional que, justamente por isso, não consegue entender o sarcasmo (ok, nisso não nos parecemos). Não está nem aí pra relações pessoais, a não ser quando elas podem representar algum ganho. E, também pelo comportamento extremamente racional, ele não tá nem aí pra dinheiro e outras coisas que as pessoas em geral se preocupam. Deixa de descontar os cheques que ele ganha no trabalho, porque tudo que eu gostaria de comprar ainda não foi inventado. 

Sheldon não dirige. Na época de tirar a carteira de motorista (16 anos nos EUA) ele estava defendendo o doutorado. Então os amigos são obrigados a levá-lo de um lado pro outro. Um dia eles se cansam e decidem que ele precisa aprender a dirigir. Daí o Howard desenvolve um aplicativo pra ele treinar direção no computador. E ele sai batendo em tudo quanto é poste, atropelando crianças e não consegue se manter na pista. Depois quando vai ao "Detran dos EUA" ele implica com a mulher do caixa, questiona um monte de coisa e cria a maior confusão. 

Ele sempre acha que sabe mais do que o resto da humanidade - sejam médicos, juízes ou qualquer outra profissão.

O mais engraçado é a conclusão dele no final do episódio. Ele diz algo mais ou menos assim: "eu sublimei a questão da direção. Estou num estágio superior. Não nasci para dirigir, Represento a evolução da humanidade, que não vai precisar dirigir - se estou dando início a uma nova espécie, isso eu deixo para os cientistas do futuro decidirem".

Fiquei lembrando da minha tia Deceles, que diz que a capacidade de dirigir de uma pessoa é inversamente proporcional à inteligência - quem dizia isso era o falecido Padre Jaime, padre já falecido lá de Andrelândia, amigo das minhas tias e barbero célebre. Me lembrei também da Roberta Carvalho, que diz que "jornalistas não dirigem".

Aí resolvi fazer uma lista das pessoas que não dirigem: Jean Paul Sartre não dirigia (era a Simone de Beauvoir que levava ele pra tudo quanto é lado - ok, questões de gênero que faziam sentido pros dois, a leitora feminista ali do canto vai afimar); Leandro Konder, historiador marxista, não dirige; Woody Deus Allan não dirige; Nelson Rodrigues não dirigia (dizia que pegar ônibus era uma das grandes alegrias dele); Paulo Francis não dirigia; a Magda, amiga da minha irmã, que tem doutorado em Letras e é um gênio não dirige; Sheldon não dirige; o Nasi, do Ira!, não dirige; Ila Fox não dirige (nem o marido dela, o Ricardo, que trabalha na Google); Roberta Carvalho não dirige...

Por que eu preciso dirigir?



* * *

Tudo bem. Esse final foi só uma piada, gente. Não gosto de dirigir, mas estou sendo, cada vez mais, obrigada a voltar a pensar no assunto. Por necessidade mesmo. Morasse eu na Holanda e nunca pensaria nisso. Não é que eu tenha medo. Esses dias mesmo eu peguei o carro e andei pelo bairro. Eu não tenho fobia. Apenas não gosto. Ok, isso piorou muito depois que eu dei um batidão de carro, mas muitas pessoas porram o carro, dão pt, e no dia seguinte estão alegres e felizes dirigindo. Não sei exatamente o que é. É uma grande preguiça, misturado com um pouquinho de medo, sovinice (táxi sai muito mais barato que carro, todo economista diz isso), preocupações ecológicas (sim, sou dada a essas viadagens) e mais preguiça. As pessoas são loucas no trânsito. Elas não tiram carteira, tiram porte de arma. Por que eu deveria me meter nisso? (justamente pra não depender dos psicopatas que não sabem dirigir, Carrie).

Ah, e eu sou o tipo de co-piloto maaaala, que nem o Sheldon. Eu vou falando: cuidado! Olha o carro! Dá seta! Olha o pedestre. Sinal tá amarelo!! como se a pessoa não estivesse vendo. Formiga Irmã sofre comigo. Diz: é muito perigoso aí no seu mundinho, né Fumiguinha?

O que começou como uma agradável discussão sobre um sitcom estadunidense terminou como uma sessão de análise.

18 comentários:

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

Não sei e não gosto.
Seria mais cômodo pra mim, com filho pra levar na escola e tal, dependendo de ônibus.

Mas tenho horror, em itálico, negrito e letra maiúscula.

Luana disse...

"Penny sempre confunde Guerra com Jornada. Devo confessar que eu também"

Como assim? Risos... É tão absurdo quanto não saber de qual geração é o Data e o Senhor Spock!! Ou o Kirk e o Picard!

Eu não dirijo... Ou melhor, dirijo bicicleta, serve? =)

Quantos aos nerds... Orgulho! hahahaha... Quadrinhos, ficção cientifica, piadas com equações matemáticas... Alias... Veja esse aqui..

http://www.youtube.com/watch?v=BipvGD-LCjU

hahahahahahaa

beijos!

Anônimo disse...

ih, eu nao dirijo... significa que sou um gênio? hahahaha

Gazzy1978 disse...

Também não dirijo, apesar de, na minha profissão, isso ser um atraso de vida (ir em fórum fazer audiência de ônibus, cheia de processos é um pé) e também tira um pouco do respeito que os clientes têm para com a gente. Como se todo advogado andasse por aí de carro esporte.

Também A-M-O de paixão o "The Big Bang Theory", odeio quando a WBC inventa de colocar aquela b*$/a de Nikita pra começar antes... Queria q tivesse TBBT todo dia, que nem Friends e Two and a Half Man. Só que, óbvio, o meu "favoritinho" é o Leonard, pobre sofredor, que tem que conviver e explicar para os outros como é conviver com o Sheldon ("Please, read the book we gave you!")...

Luiz Asp disse...

Eu tirei carteira aos 29, mas prefiro que minha esposa com 10 anos a mais que eu de carteira dirija. Ela também prefere, rs.

Quanto a não diferenciar Guerra de Jornada, que vergonha! Não leio mais esse blog! =)

Simone Tafinel disse...

hahahahah ADORO isso aqui

Anônimo disse...

Você é ótima. Eu também sou toda estranha. Sim você é estranha =)

trinity disse...

Eu realmente precisava dirigir, principalmente pq minha mãe está mto doente e pq tenho q "zanzar" em 3 municípios diferentes por dia, mas simplesmente eu não consigo. O interessante é que eu sempre sonho q estou dirigindo, talvez em algum mundo paralelo eu devo conseguir guiar, ou não.

La Vita `e Troppo Strana disse...

Carrie querida do coração.. (qto tempo, não é?)

Eu amo/amava dirigir. Dirigir para mim, quando eu morava em São Paulo, era um relax. É serio (para ver como e qto sou doida). Dirigo muito bem.Nunca bati. Mas...
quando cheguei aqui, e olha que faz tempo, decidi não dirigir. Opção minha! as pessoas não entendem e me acham mais doida ainda!!! "Como vc não dirigi, com esses carros automaticos e maravilhosos"? Ne, respondo...
Quis mudar tudo mesmo. Bom, aqui em Downtown, ando de metromover (e é de graça) e qdo preciso ir mais lnge ou vou de onibus ou o marido me leva.
E não dirigir, evita que eu vá ao supermercado, já que odeio ir fazer compras (de supermercado). E... sou jornalista... será que há mesmo algum "doença" propria?.... rsrsrsrs

Beijos,
Hetie

M.D.M disse...

eu fui reprovado no teste de direção na quarta-feira.
tenho 32 anos. sou um brasileiro.

Ila Fox disse...

Ahh Big Bang Theory é óóótemo! e as vezes chego a conclusão que o Ricardo é uma mistureba dos quatro pesonagens. X-D

*

Juro que já tentei irar habilitação. Em ambas as vezes parei nos meios das aulas por motivos de mudanças de cidade, uma vez aos 19 e outra vez aos 26 anos. :-/

Como eu trabalho de casa e Ricardo trabalha perto não vemos nenhuma necessidade de aprender a dirigir. Exceto quando vamos para os EUA. E tirando Nova York e Miami, nenhuma outra cidade é tão fácil de encontrar táxi. E é tudo muito longe... :-/

E fora que tenho aquele sonho secreto adolescente de pegar uma highway desértica, ao som de Born to be Wild. Mas claro, no banco do passageiro. :-P

*

Minha esperança são os carros com piloto automático. OPA! e não é que o Google está desenvolvendo um?? :-D

http://googlediscovery.com/2010/10/09/google-desenvolve-sistema-de-piloto-automatico-para-carros/

Amana disse...

acabei de descobrir TBBT. Me divertindo... (adoro as cenas na loja de gibis!)
Mais uma pra sua lista: não sei dirigir. Não sinto vontade de aprender, pq não tenho carro nem quero ter. Já fez falta em situações que posso contar em uma mão - qd minha avó morreu e minha mãe precisava de ajuda pra resolver coisas; voltando de uma festa no Apalooza com um amigo completamente bêbado que parou o carro no acostamento e apagou; pra revezar com amigas numa viagem em grupo com carro alugado e... só! rsrsrs
bjs e bom chocolate!

Ila Fox disse...

mais um motivo para não precisar dirigir - http://eco4planet.uol.com.br/blog/2011/04/em-sao-paulo-e-mais-barato-ir-de-taxi-do-que-ter-um-carro/

nervocalm disse...

Eu confundo Guerra com Jornada porque nunca vi nenhum dos dois. Me parece que esse é sempre o caso, não?

Felicia disse...

Adiciona o Saramago na lista dos que nao sabiam dirigir...e por ironia, o único diploma que ele teve foi como mecânico.

Carrie, a Estranha disse...

Felicia,

Olha, esse é um bom nome pra lista!

Nervo,

Não. Aí é q está: eu já vi Guerra nas Estrelas (alguns filmes) e confundo qdo alguém fala de algum personagem periférico. Ou central.

Amana,

E o dono da loja de gibis, já viu? Mto bom.

Ila,

É, eu sei disso. Já vi vc falar várias vezes.

Tb tenho esse mesmo sonho secreto adolescente.

MDM,

Vem fazer aqui no estado do Rio. Aqui é molezinha.

Hetie,

Ah, se eu morasse na "civilização" e nem me preocuparia em dirigir. Utilizaria sistema de transporte público.

Trinity,

Sabia q eu tb tenho esse sonho?

Anônima,

Obrigada? Rsrs

Simone,

:)


Luiz Asp,

Uma prova de q esse papo de mulher barbeira é mito.

Grazzy,

Fico pensando: quem aguenta mais um remake de Nikita? Q obsessão é essa das pessoas?

Anônimo,

Há grandes chances.

Luana,

Quem é Data? Quem é Picard? (sendo expulsa da loja de gibis...).

Ana,

Em cidade grande acho muuuuuito pior.

Ufa, até q enfim todos comentários respondidos!

Anônimo disse...

O sheldon, é sei lá o q.
Ele é d +

adara cicerelli disse...

HAHAHAHAHAHAH ainda bem que existem -embora em extinção- mentes como a sua dispostas a compartilhar idéias de forma tão alegre e suave
me identifico mt hahahaha
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