sábado, abril 17, 2010

Uma casa e um lago

Ontem eu peguei um filme no Universal Channel chamado Janela Secreta, com Johnny Depp e baseado num conto do Stephen King. Fiquei surpresa por nunca ter nem ouvido falar neste filme, já que Stephen King foi, durante muito tempo, meu ídolo. Ainda é, mas é que parei de acompanhar os lançamentos dele de uns tempos pra cá - de uns dez anos pra cá -, mas posso dizer que ele, Rubem Fonseca e Isabel Allende foram minha literatura de formação - o que é uma mistura meio inusitada, mas, se pararmos pra pensar, nem tanto, já que os três, cada um ao seu modo, lidam com o fantástico, o fantasioso e o fantasmagórico do mundo. E, com exceção do Rubem, eu parei de acompanhar os outros dois. E talvez destes três, Stephen King tenha sido o mais importante. Ok, gostaria de dizer que foi algum autor mais "nobre", menos "de massa", mas Stephen King foi, basicamente, meu trampolim para a literatura - ver excelente crônica de José Castello de hoje, no Prosa e Verso, sobre "trampolins". Não que eu não lesse na infância, mas foi ao ler Stephen King que eu pensei pela primeira vez: "caramba! Eu quero escrever que nem este cara quando eu crescer!". Essa sensação se repete até hoje com diversos outros autores, mas talvez ali tenha sido o início de tudo.


Pois bem. O fime é bem interessante, com aquele clima estranho que permeia as obras tanto de King quanto de Depp (fiquei pensando que, realmente, é uma associação que tem tudo para dar certo). Engraçado é que eu primeiro gostei do filme. Depois quando fui tentar saber mais sobre é que vi que era baseado em uma obra de King e concluí: "tá explicado". A trilha sonora é do Phillipie Glass.


Bom, mas na verdade eu tô falando isto tudo por outro motivo. O que eu mais adorei no filme todo foi a casa onde a personagem do Johnny Depp mora. Recém separado da mulher, com quem morava numa bela casa em NY, a personagem de Depp, vai morar numa cabana à beira de um lago no Maine. Quer dizer, não é dito que é no Maine, mas como 100% das obras de Stephen King se passam nas pequenas cidades do Maine - onde aliás ele mora - eu presumo que seja.


Cabana é modo de dizer. É uma casa de dois andares toda de madeira. Só que é tipo um loft, com tudo integrado em um só ambiente e daí tem um segundo andar que funciona tipo um mezanino, onde é o escritório dele (ele é escritor). Apenas um cômodo é fechado: o quarto de dormir, onde tem também um banheiro.


Bom, é isso. A casa não tem nada demais. Ao redor, muito verde e um lago. Essa é a minha imagem de lugar ideal. Assim como as pessoas pensam em praias paradisíacas em ilhas desertas de águas cristalinas (que eu também acho lindo), o meu local ideal, aquele que eu moraria se pudesse, se não tivesse impedimento de qualquer ordem (dinheiro, proximidade com o local de trabalho, segurança) é essa imagem. Quer dizer, não sei se eu moraria em definitivo, porque eu sou uma pessoa muito apegada à cidade também. Além disso, desconfio - e temo - que este tipo de local desperte em mim sentimentos pouco saudáveis. Como o personagem do Iluminado, uma das maiores obras de Stephen King, cuja adapatação para o cinema pelo Stanley Kubric só pode ser descrita como genial.


E a história em si é bem interessante. De novo vemos o escritor criando uma personagem escritora de "porcarias" comerciais que é acusada de plágio por um estranho que aparece na porta de sua casa.


Enfim, às vezes eu sinto como se parte de mim tivesse nascido em outro lugar. E o que é mais estranho: continue morando lá. 

2 comentários:

raq disse...

putz! vi ontem também. e na primeira cena quando aparece a casa vista do lago pensei: aí que eu queria morar!!!!
também gostei do filme e o Johnny Depp tá lindo.

Ila Fox disse...

Nossa, uma casa assim é meu sonho também! claro, que melhor ainda se fosse devidamente bem localizada perto de um lugar civilizado, já que eu tenho aquela neura de cair doente e não ter pra onde ir. :-P

*

Sabe que também tenho esta impressão sobre existir uma Ila vivendo uma outra vida? acho que é aquela parada de universos paralelos e tal... O_o