sexta-feira, março 12, 2010

Pausa para um pequeno desabafo...

Saiu a lista de candidatos pro concurso que eu estou fazendo. Duas vagas e 25 candidatos. Eu sei, pra quem é da área de Direito isso parece uma piada, mas, pra um concurso de professor adjunto, onde você sabe que a maioria quase esmagadora será foda, é muita gente. E, o que é pior: descobri que faço parte da minoria.

Fui só jogando o nome dos candidatos no currículo lattes (plataforma de currículos do CNPq). Putz. Desesperador. Gente que já é professor adjunto em outros estados e quer vir pro Rio, gente com pós-doutorado, com DOIS pós-doutorados – explicando melhor: bolsista pós-doc ou recém-doutor é tipo um professor “provisório” (com contrato de trabalho por tempo curto) em outra universidade, o que faz o cara ter experiência em ensino – e mais: experiência em federal.

Bolsista sanduíche, que nem eu (gente que foi pra fora do país no Doutorado) TODO mundo é – ou pelo menos até o décimo candidato, depois eu desisti. Neguinho fluente em...chinês e mais quatro línguas. Gente que eu só conheço de livro... Foda. Uma coisa é fato: todo mundo tem doutorado, neste país. Até a Elenita tem doutorado - e na Unicamp. Na última prova pra lixeiro no Rio apareceram 22 doutores, dezenas de mestres e milhares com faculdade. Quer dizer...

O primeiro concurso que eu fiz, pra área de Comunicação, tirei 10º lugar. O primeiro pra História eu não passei da prova escrita (não tinha estudado mesmo). O segundo pra História (CPDOC/FGV) não fui nem pra entrevista (era análise de currículo). Espero, neste concurso, ser aprovada entre os 9 primeiros. Não, não estou sendo pessimista. Estou sendo realista. Vou estudar o máximo que eu puder, mas mesmo assim eu não tenho currículo pra competir com esse povo. Logo, se conseguir ficar entre os 9 primeiros vou ficar feliz da vida.

Ou seja: pra eu passar onde eu quero (Rio ou Minas; SP, a conversar) eu preciso mudar de estratégia. Ficar insistindo nesses concursos com candidatos muito maiores do que eu não dá. Preciso passar pra um pós-doc, renovar a bolsa enquanto der, depois entrar como bolsista sênior, renovar enquanto puder (ok, enquanto isso continuar fazendo concursos e estudando), quem sabe ir pro exterior de novo, fazer concurso pra alguma universidade no caixa-prego, tipo Rondônia (desculpe se tem alguém de Rondônia lendo isso, nada contra, apenas é longe pra caramba daqui), ficar uns dois, três anos e, quem sabe, daqui uns dez anos - se eu já não for considerada muito velha pra concurso público - passar pra onde eu realmente quero. Ainda mais que cãmpanhero Lula aumentou as bolsas pós-doc. Tô quase votando na cãpanhera Dilma só por causa disso e das pilhas de concursos que o Reuni promove - sim, porque fora isso, nada mais me convence.

Me dei conta de que o que eu quero é o equivalente, na área de direito, a...sei lá...Cartório de Registro de Imóveis em São Paulo ou Procurador Federal da União ou Juiz do Supremo Tribunal Federal...ou o que mais top de linha existir. Antes preciso começar em locais menos disputados.

Se nada der certo eu viro monja budista ou freira - a conversar.

Deprimi. Depois passa, mas por hora, deprimi.

27 comentários:

carla disse...

Essa história de doutor fazendo concurso pra lixeiro é verdade?!?! Caramba...
Olha, Carrie, Goiás nem é tão caixa-prego (ou seja, não tão longe) e tem uns concursos bons de vez em quando. Se não me engano, abriu concurso da Estadual (UEG). Bom, fica a dica.
Boa sorte aí!

Unknown disse...

Não sei se serve de consolo, mas vida de físico também é assim.
"Só" com doutorado não se consegue emprego em nenhuma universidade pública de SP.
Até pra professor substituto, que é o degrau mais baixo das federais porque só exige mestrado, tem gente com dois pósdoc, pelo menos um ano de pesquisa no exterior, quilos de artigos, experiência de aula em outros estados...
Já estou me preparando psicologicamente pra trabalhar no nordeste(nada contra, mas como vc mesmo disse, é looooonge)quando terminar o doutorado...

Anônimo disse...

Quer passar em Minas? Na UFMG? Em História? Se for, tou torcendo para que vc consiga, adoraria ter vc como minha professora!

Carrie, a Estranha disse...

Carla,

Sim, deu no jornal da globo e tudo.

É, eu recebo essas coisas de vez em qdo.

Rejane,

Vc sabe o q eu digo, então.

Obrigada pela força.

Carrie, a Estranha disse...

Iza,

Nóoooo! Quero muuuito! Rsrsrs...manda eles me aceitarem aí! Rsrsr

Patricia disse...

nossa, fiquei com medo agora. Estou terminando meu doutorado em engenharia na esperança de conseguir um lugar ao sol na federal mas pelo jeito terei que continuar no pós-doc e pos-pos doc forever, hahahaah, bem que um amigo me disse que vou me aposentar como estudante, hahahaha

Nayara disse...

Poxa...agora quem deprimiu fui eu...não tenho Doutorado, e todo mundo tem! kkkk

Verdade, esse mercado é uma dureza...é um enfiando caneta Mont Blanc no olho do outro pra tirar do caminho! Mas, pegando carona nos convites acima, se vc pensar em fazer concurso na federal da Bahia, eu invento de fazer algum curso de novo lá só pra assistir suas aulas!

Bj, bom fim de semana! E bom Concurso!

Carrie, a Estranha disse...

Hahahaha...Bracho...adorei: "enfiando a Mont Blanc no olho"...rsrsrs...no meu caso ainda é Bic mesmo...

Sabe q já abri mão de tentar concurso em Salvador por causa do calor? É, mas acho q terei q rever isso.

Patrícia,

É, esse é o caminho. Forever bolsistas.

Ila Fox disse...

Lembro que mal terminei a faculdade e o povo já começou a perguntar sobre pós, doutorado, mestrado... ufs! na época até cogitei a idéia, mas com o tempo, percebi que aquilo não ia mudar muito para mim (que não pensava em seguir carreira de professora).

É... foi-se o tempo que só de ter uma diploma de curso de datilografia já garantia um bom emprego! O_o

Menina Eva disse...

Vem pra Manaus, seu nariz vai viver cheio de bolinhas! :D

Menina de óculos disse...

Olá, Carrie!

Eu conheço bem o seu desespero. Sou professora na Universidade Federal do Acre. Fui aprovada em 2008 num concurso com 1 vaga apenas. Tive 28 concorrentes e TODOS tinham curriculum melhor do que o meu. O CL é muito importante, mas as provas são ainda mais. Eu lembro de uma das concorrentes com 5 livros publicados, participação em centenas de eventos, artigos publicados, experiência em ensino superior e que foi muito mal na prova didática. Eu concorri com pessoas do Brasil todo. E também achei que não seria capaz. Mas tirei as notas mais altas e fui aprovada. Portanto, estude. E não desista.

A propósito, estão abertas vagas para Unir - Universidade de Rondônia. Olha aí o nível de exigência..

http://www.unir.br/index.php?pag=noticias&id=2424

Esse é mais um concurso que vai ter gente do país todo.

Boa sorte. Estou na sua torcida. E espero que sinceramente, em breve, você esteja aprovada no concurso que tanto deseja.

Abraços,

Francielle

Amana disse...

Oi querida...
Sinto muito por esse baque. Eu confesso que já estou me preparando pra mudança há tempos (ainda tenho 1 ano de doutorado) - mas com olho na UFRJ em 10 anos. A vaga da minha orientadora, que se aposenta por aí, é minha e ninguém tasca (Eye of the tiger!).
Antes disso... fixação de recém doutor, pós doc, sei lá o nome q vai ter. E disposição pra me afastar do Rio. Tenho uma amiga em Londrina, outro em São João Del Rey, outra indo pra Jataí. Parece horrível num primeiro momento, mas ruim mesmo é ficar fora de tudo. Depois a gente vem voltando...
Ah! E milagres acontecem. Como a história da Francielle aí em cima, eu conheço algumas. Inclusive, um amigo da Giovana, que passou só com o Mestrado pra história da UFRJ - eu o conheci, cutuquei ele com o dedo, ele existe. Foi no ano passado.
Boa sorte então, e é isso aí: Dilma 2010. Senão, pode apostar, a coisa vai ficar muito pior.
beijos,
Amana

Carrie, a Estranha disse...

Oi Amana,

Esse amigo da Giovana seria o Amilcar?

Menina de Óculos,

Muuuuito obrigada pelo comentário. Isso me incentiva muito. Mesmo. Vou continuar estudando com o mesmo afinco - com muito mais, aliás.

E prova de aula, sem falsa modéstia, ninguém me ganha. Eu vou muuuito bem.

Qual é a sua área?

Menina Eva (gente, são duas meninas, é isso? Uma no Acre e outra em Manaus?),

Nossa. Muitas bolinhas em Manaus! Putz!

Ila,

Ah é, só faz sentido fazer isso tudo se vc quer dar aulas.

Carla, fui lá ver concurso na UEL, mas o salário é muito menor q prof de federal: 3.000 e qualquer coisa. Aí não dá. Mas obrigada pela dica.

Carrie, a Estranha disse...

Menina de Óculos, mais uma coisa:

Fui lá ver e o concurso é pra assistente. Pô, ir pra Rondônia pra ser prof assistente...aí é o máximo do desespero. Espero não ter q chegar neste nível. Mas, nunca se sabe.

Unknown disse...

O calor do Rio é BEM pior do que o de Salvador...

Carrie, a Estranha disse...

Ah eu não acho não.

Alunos do CAp-UERJ disse...

Ai, Carrie, caramba!!!Sei exatamente como vc se sente.
Eu não sou doutora, nem mestre, sou recém formada.(hahahaha. Que que eu tô fazendo aqui, não é mesmo? Todo mundo doutor)
Fiz um concurso ano passado pra um colégio federal, ensino básico, tive a maior nota do país na minha disciplina na prova objetiva, e depois da prova de título caí para 30º lugar. Fiquei tão frustrada, mas tão frustrada...
Pelo Lattes pude confirmar que tinham 4 Pós doutores, 10 doutores e um monte de mestres na minha frente. Eram sete vagas, não fui selecionada e fiquei super mal. É complicado, porque por mais que vc imagine que te faltam coisas ainda, que tem gente mais qualificada que você e é justo que essas pessoas sejam recompensadas por essa qualificação, vc ainda tem esperanças porque a sua colocação foi excelente. Sobra um fiozinho de esperança. E já viu, né? criar expectativa = se desapontar. Agora surgiu o edital do CEFET, mas pra quê passar por aquilo de novo? Eu não vou fazer, tá todo mundo incentivando, até querendo pagar a prova, mas tô fora! Só faço quando estiver em pé de igualdade com esse pessoal. Não posso ficar me enganando.

Márcia disse...

Salvador n faz 40 graus NUNCA!!!
N tem como n achar,é fato.

Menina de óculos disse...

Carrie, eu sou professora no curso de Comunicação Social. Minha formação é em Letras e Jornalismo. E tenho mestrado em Letras. Ainda não sou doutora. Mas eu chego lá..rsrs

Esqueci de dizer no primeiro comentário: eu acho você uma graça!

Força nos estudos!
:)

Carrie, a Estranha disse...

Marcia,

Existe uma coisa chamada temperatura. Outra, bem diferente, é a sensação térmica. Eu conheço Salvador. E minha impressão daí é q é melado, úmido. Me sinto "colando" o tempo todo. Não é nem o sol. Enfim, essa é a MINHA percepção.

Menina de óculos,

Ah, então somos cálegas! Rsrs...q inveja, vc fez Letras...eu estudei a literatura no doutorado, mas como fonte da História.

Mas vc fez concurso pra Adjunto ou Assistente? E vc é de onde? Me mande um e-mail: carriewhiteaestranha@yahoo.com.br

Ah, bigada. Minha irmã tb me acha uma graça. :)

Bjs

Amana disse...

Sim, Amilcar, hehehe.
Gostei do post mais recente.
Vamo que vamo!
beijos

Miss Jones disse...

Oi Carrie,
Me identifiquei demais com esse post. Estou na mesma situação que você (um pouco pior, acho, rs). Tenho doutorado em Ciências Sociais, mas hoje trabalho em algo que não tem nada a ver, esperando ainda a minha chance de começar (porque já aceito que ter o doutorado é apenas o início da carreira). Meu Lattes é irrisório, e assim até bolsa pós-doc é difícil conseguir. Está complicado conciliar a necessidade de sobrevivência com a de ter tempo (e grana!) para melhorar o Lattes. É frustrante, não nego. Quantas vezes já chorei, fiquei sem dormir, pensei em desistir de tudo e fazer um concurso público qualquer... MUITAS vezes. Mas graças a Deus sempre consigo me recuperar razoavelmente e continuar tentando. Uma opção que fiz é a de abandonar de vez o hábito de investigar a plataforma Lattes; era algo que estava me fazendo mal e me desanimando. Coloquei na cabeça que todo o mundo tem um começo, e que esses CL que hoje têm centenas de páginas um dia já foram como o meu. O negócio é continuar estudando e fazer o que der pra melhorar (ainda bem que hoje eu penso assim, porque já perdi um ano sem estudar e sem fazer nada justamente porque estava achando que "isso não é pra mim" ou que "não vou conseguir nunca"). Aos poucos estou vencendo essa limitação que eu mesma me impus; devagar e sempre.
Faz pouco tempo que conheço o seu blog, mas já me tornei leitora assídua (já li, inclusive, todos os arquivos). Pelo que leio, você é uma pessoa extremamente inteligente e perspicaz, que tem toda chance de crescer e se estabelecer na carreira que escolheu. Eu sei que é difícil (eu mesma ainda não tenho muita habilidade nisso), mas concentre-se em você, no que você sabe e no que ainda acha que tem que aprender, e esqueça os Lattes da vida. Tenho certeza de que você vai se dar muito bem. Toda a sorte do mundo!! :)

Carrie, a Estranha disse...

Oi Miss Jones,

Que bonitinho...obrigada pelos elogios...

É realmente complicada a vida - ia dizer "a vida acadêmica", mas a vida é complicada. No meu caso, por um lado é mais complicado um pouco pq eu tenho graduação e mestrado em Comunicação e Doutorado em História. Então não são todos concursos de História q eu posso fazer - alguns pedem graduação em História - nem todos de Comunicação - alguns pedem Doutorado em Comunicação. Bom, talvez no final das contas fique elas por elas.

Mas é o q vc disse: basta começar. Tenho certeza de q aos poucos vc tb vai encontrar uma forma de conciliar a melhoria do currículo e seu trabalho.

Amana,

Eu conheci o Amilcar. Lá nos EUA. Ele tem muita produção. E acho q defendeu logo em seguida q passou. Tipo deve ter dado tempo de mandar a documentação.

Luciana disse...

Tenho uma pergunta importante procês que têm altas pós por aí: vocês acham possível que um indivíduo tenha mestrado ou doutorado e isso não conste na Lattes? quais as chances?1??!?!?!?!

Carrie, a Estranha disse...

Oi Luciana,

As chance são mínimas. Não vou dizer q são zero - afinal tem maluco pra tudo nesse mundo - mas q é muito estranho isso é. Só se a pessoa tiver vergonha do mestrado/doutorado. Ou for muito lerda e não atualizar há tempos o lattes - o q é bizarro, pois se ela já terminou então não atualiza há dois anos (caso mestrado) ou quatro (caso doutorado). Tem a chance tb dela ter bolsa e trabalhar, o q teoricamente não pode, daí não quer mostrar q tem vínculo senão perde a bolsa (mas isso tb não faz muito sentido pq bastaria não dizer q tem bolsa). Acho q o mais provável de tudo é q a pessoa seja uma tremenda pilantra. O Lattes é muito importante e as próprias universidade ficam em cima pra pessoa atualizar. Das duas uma: ou a pessoa é abusurdamente lerda ou é caô mesmo.

Miss Jones disse...

Entendo você de novo, Carrie. Tenho formação em Educação e depois parti pras CS. Senti o drama em pouco tempo: todos os concursos pediam GRADUAÇÃO e Doutorado em CS e eu sempre me ferrava - já era limada na inscrição! A solução foi fazer outra graduação, agora em CS. Vamo que vamo. Se é por falta de papel... rs.

Alexandre Avelar disse...

Olha, Carrie, já te disse, mas vou repetir: as provas vão decidir. Há gente que era favoritíssima em concursos recentes no Rio e não conseguiu superar candidatos menos badalados. Como te disse, aqui na UFU havia gente que lecionou até no exterior, muitos com livros e vasta produção. Ficaram no caminho.
E se você prestar um concurso para assistente, pode solicitar sua progressão para adjunto.