Oi, vocês se lembram da minha voz?

Ontem o segurança de uma das faculdades onde eu dou aulas:

- Professora, a senhora tem uma voz que me lembra alguém...não sei quem é...

Antes que ele se lembrasse, dei um sorrisinho de canto de boca e dei linha. Porque vocês sabem o que viria a seguir, né?

Pensei em confundi-lo e livrá-lo da resposta que eu ouço de 9 entre 10 pessoas que me conhecem recentemente (sua voz é igualzinha a da Ana Carolina!!) dizendo: Rogéria? Cássia Eller? Ânegela Rô Rô? Zélia Duncan? Louis Armstrong?, mas ele pensaria que eu estou me autoelogiando, então fiquei quieta. Se ele soubesse que eu não sou nem um pouco fã desse povo todo... (talvez com exceção da Rogéria e da Ângela Rô Rô - e do Louis Armstrong, óbvio).

As pessoas vêem uma semelhança com a Ana Carolina, não sabem expressar e acham que é a voz. Sério, minha voz não tem nada a ver com a dela. É apenas grossa. Fisicamente posso lembrar vagamente pelo tom de pele. E pelo jeito truculento de ser. Mas é bom lembrar que as semelhanças ficam por aí - se é que vocês me entendem.

Me lembrei da minha tia Deceles, pessoa de voz bem grossa e que, além disso, fumou durante 40 anos - o que sempre contribui para engrossar a voz. Ela trabalhou durante anos no cartório eleitoral de Andrelândia, MG. Várias pessoas que ligavam pra lá a chamavam de "senhor". Certo dia, liga um cara e começa a falar com ela como se fosse homem: "o senhor isso, o senhor aquilo". Ela tenta argumentar:

- Moço, aqui é a Deceles (o nome dela é realmente esse. Maria Deceles. Isso se deve a um surto de breguice da minha finada avó Enedina - que Deus a tenha num bom lugar - de tentar fazer um abrasileiramento de Maria Del Celle - Maria do Céu. Por que não botou logo Maria do Céu, né?). Bom, voltando a nossa história... O moço não titubeou:

- Ah tá! Ô seu Decélio...

Afinal, nada ia convencê-lo de que não se tratava de um homem.