quarta-feira, janeiro 06, 2010


Sonhei com meu pai essa noite passada. Meu pai morreu há 8 anos e eu continuo sonhando com ele bastante. Vem em ciclos. Aliás, de vez em quando eu começo a sonhar com pessoas do mesmo núcleo temático. Ex-namorados, escola, mortos...Enfim. Sonhei que ele aparecia na área que tem em frente ao escritório dele e dá pra ver da janela da cozinha. Aí eu levava um susto muito grande, mas ficava muito feliz. Ia conversar com ele e perguntar como era do outro lado de lá. Mas nessa hora o sonho acabou.

Quando apenas minha avó ainda era viva eu sonhei com meus três avôs que já eram mortos e eles me diziam pra não ter medo da morte – quando eu era criança eu tinha muito medo de morrer.

Esses dias eu sonhei que eu estava de carro, com a minha amiga Fló dirigindo, na ponte Rio-Niterói. Daí eu dizia a Deus pra me dar uma prova da existência da vida após a morte. Daí a Fló, que é espírita e bastante crente, dava uma guinada no carro e ele era lançado ao mar – como quem diz: agora você vai ver o que existe depois da vida (ou depois da morte). Mas nessa hora eu acordei.

Esses sonhos – os com meu pai, principalmente – são extremamente vívidos. Eu sempre penso, no sonho: "puxa, eu sonhei tanto com meu pai e agora ele finalmente apareceu pra mim!". Sim, eu ainda tenho esperanças que meu pai vai aparecer aqui. Claro que quando isso acontecer eu não vou contar pra absolutamente ninguém, se não geral vai querer me internar. E quando eu morrer é a primeira pessoa que eu quero encontrar do lado de lá - caso haja o lado de lá.

Enfim, eu gostaria de acreditar que tratam-se de mensagens cifradas, mas neste caso acredito mais no titio Freud.

Esses dias eu sonhei com uma escada rolante feita de privadas e eu descia de meias. Era uma escada de shopping e sem corrimão. Um shopping de vários andares e se eu caísse era uma altura bem grande. Daí cada degrau era uma privada (sem a banca, só a privada mesmo) e eu pisava apenas naquela borda da frente e eu precisava me equilibrar, pois estava de meias.

Primeira associação? Estou caminhando sobre a merda e mesmo assim tá difícil pra caralho manter o equilíbrio. Mas a outra hipótese é cair de uma altura absurda e morrer. Ou eu me conformo em andar sobre a merda ou morro.


* * *



Por falar em Freud, hoje tô caminhando pelo meu bairro e sai um cocker spanniel preto desembestado de uma casa e um cara gritando atrás: "Freud! Freud, volta aqui! Ele não obedece!"

Queria o quê? Quem mandou botar o nome do cachorro de Freud?

Aí quando o cachorro finalmente voltou e eu passei em frente a eles, vi outro cocker, caramelo. Fique pensando qual seria o nome dele. Lacan? Se for Jung a porrada deve comer direto.


* * *


Também vi um homem tocando um cavalo.


* * *



Engraçado. O Saia Justa tá com uma enquete: do que você gostaria de morrer e como? Confesso que não sou nada criativa. Queria morrer muuuuito, muuuuito velha, sem dor, em casa, cheia de pessoas queridas do lado de cá e com meu pai e vários parentes queridos (que até lá já vão ter morrido) do lado de lá, todos acenando e dizendo: “vem, Carrie! Só falta você!”. De preferência eu queria que o mundo acabasse depois que eu morresse. Extremamente egoísta, né? Mas eu gostaria de pensar que eu não vou estar perdendo nada aqui.

E vocês, gostariam de morrer como?

12 comentários:

Natália disse...

Simplesmente adorei tudo o que vc falou de Freud como boa psicóloga que serei, apesar que escolhi a Fenomenologia como minha linha, mas isso é bla blá blá.

E li seu sonho da privada pra minha mãe, e ela n acreditou que fosse seu sonho, mas disse que vc tem uma mente brilhante.

Ila Fox disse...

Eu sempre sonho que estou voando. Há uns 20 anos atrás era bem difícil voar. E eu voava baixo. Apesar de na "vida real" eu morrer de medo de altura. No mundo dos sonhos parece que eu não me importo com isso... percebo que cada vez mais estou evoluindo minhas técnicas, e vôo cada vez mais rápido e alto. ;-)

*

Ahhh eu também queria morrer assim Carrie... mas acho que é pedir demais. Ninguém mais tem paciência com velhotes, a verdade é esta. Correria o risco de eu ser uma velhinha frustrada se a família não for unida como é hoje. Além do mais nem filhos terei para que fiquem ao meu lado.

*

Acho que existem duas formas de morrer: rápido e devagar.

Acidentes de carro, embora horrorosos do ponto de vista dos vivos, para "quem vai" não deve ser tão ruim, pois é tão rápido que nem tem tempo de sentir dor... o pior é ir sem ter tempo de se despedir. Acho tão chato.
Câncer em compensação dá para assimilar melhor a morte. Dá para perdoar quem deve ser perdoado, se despedir de todo mundo e mais um pouco, curtir uns últimos momentos...
Porém a dor e a tristeza de ver seu corpo sendo consumido pela doença é fueda. :-(

*

Bom, eu queria morrer lúcida e sem dor. Só isso.

nervocalm disse...

Eu não gostaria de morrer afogada, soterrada, queimada ou numa situação de violência que dure mais que o tempo de um tiro. De resto, tanto faz, desde que não demore.

Patricia Scarpin disse...

Sabe que fiquei com uma invejinha boa (se é que existe isso) de você? Porque a minha mãe morreu há quase 24 anos e eu nunca consegui sonhar com ela. Nem uma vezinha sequer.

trinity disse...

Eu não sei como quero morrer, mas quero ter tempo de me despedir.



Sobre "o mundo acabasse depois que eu morresse", é muito comum isso, quando comento com as pesoas sobre o fim do mundo ninguém acha ruim, acha "legal", porque daí TODO mundo morre, mas só ela morrer ninguém quer.

Carrie, a Estranha disse...

Se,

Não, tenho uma mente perturbada, diga pra sua mãe. Mas obrigada mesmo assim.

Ila,

Não sei se acidentes são melhores pra quem vai. Acho q é muito rápido e no caso de ter algo do outro lado, acho q não há tempo de se acostumar com a ideia.

Nervo,

Há maneiras de se encurtar a demora. Muitas e não dolorosas.

Patrícia,

Minha mãe, durante acho q o primeiro ano q meu pai morreu tb não conseguia sonhar com ele. Eu sempre sonhei. Desde o início. Tinha épocas q era a semana toda.

Trinity,

É legal, né? Morrer todo mundo junto. Sei lá, eu acho.

Bjs

Paula Clarice disse...

Carrie, gostei da enquete morbidinha hahaha. Eu não sei se eu ia ligar muito pra morrer, acho que ia pensar algo como "ah, e bem no fim fiquei esse tempão aqui e nem aproveitei direito ainda". Tenho é um medão de perder as pessoas, isso sim. O jeito como eu gostaria de morrer, se pudesse escolher, era em paz. O jeito como eu não quero morrer é depois de uma temporada no morre-não-morre, principalmente se for sedada. Desgasta demais as pessoas que gostam do sujeito. Mas a ideia de querer que o mundo acabe pra tu não perder nada é sensacional hahaahahaha

Taísa disse...

Não sei em q vc acredita, mas quem segue o espiritismo diz algo do tipo q só pessoas com uma certa mediunidade conseguem sonhar com tanta frequencia e riqueza de detalhes como vc sonha com o seu pai! Isso é ótimo! ( eu sou católica não praticamente, meu pai frequentava centros espíritas e lia mto sobre isso...)

Falando nisso, sobre a forma de morrer... isso me apavora! Minha avó e meu pai morreram "dormindo", infarto em q não chegaram nem a serem socorridos... não gritaram, não tinham expressão de sofrimentos, enfim, foi uma morte sem dor... pode ser q eu morra desse mesmo jeito... (eu acharia ótimo, contanto q eu já tivesse vivido mto da minha vida!)acho q as piores seriam queimada, afogada, com um tiro q me fizesse agonizar... além das lentas, como doenças... (essas são controversas, pq se de um lado há tempo pra se acostumar com a perda do ente querido, por outra, há mto sofrimento para todos...)

Bjos!

P.S. Desculpa ter escrito tanto...

Lua Ugalde disse...

Nossa o Livro realmente troxe a tona o tema da morte pra vc hein?!

Eu não consigo pensar muito no momento da morte, mas espero que seja sem dor.

Cara, nem posso comentar sobre sonhos pois eu tenho os mais bizarros!
BJos!!

Carrie, a Estranha disse...

Paula,

É, acho q não gostaria de morrer sem consicência do fato.

Taísa,

Jura? É, seria bom acreditar nisso.

Lua,

Os q eu comento aqui são os mais normais.

Bjs, meninas.

Docinho de abacaxi disse...

Carrie,
foi mal aí mas eu vou ter que discordar dos outros leitores. Esse papo de que "câncer é legal porque vc tem tempo de se acostumar com a morte (sua ou da outra pessoa) e se despedir" é muito furada.

Quando meu pai finalmente morreu, depois de 5 anos sofrendo pacas com um câncer no cérebro (fora minha avó que resolveu morrer no meio do caminho, dizendo que não aguentava vê-lo naquele estado), as pessoas me diziam "ah, mas vcs já sabiam que ele ia morrer, né?".

A sorte é que mamãe me deu educação suficiente pra não responder.

Pra mim, morrer, desde que não seja de câncer, tá td bem. A gente vai mesmo, né?

E tb tenho sonhado sempre com meu pai. Agora sonho que ele tá bem e a gente fica conversando, como era antes. :)

Marcia disse...

No meu prédio tem um cocker spaniel que se chama Freud e seu parceiro, um cocker-lata, se chama Lacan.:>)