sábado, janeiro 23, 2010

Histórias de sobrinha

(E aí, sentiram minha falta já? Nesse momento eu devo estar singrando mares bravios, rumo ao sul do continente. Este é um post programado. Dou notícias em breve).
Minha sobrinha de três anos, hoje de manhã, ao acordar, me vendo sem soutien, de camisola:
- Tia, você enche seus peitos durante a noite?
- Sim, Paulinha. A tia tem uma bombinha debaixo da cama.
- Quando eu crescer meu peito vai ser maior que o seu. Vai ser o maior do mundo! Vai explodir o telhado!
- Isso! Aí você pode sair flutuando com eles!
Daqui a pouco ela enfiou pacotes de absorvente debaixo da blusa pra fingir que era peito. E pior que provavelmente ela não vai ter muito peito. Ela tem um biotipo muito magrinha. Dificilmente vai ter peito muito grande. E provavelmente, justamente por não ter, vai querer.
Aliás, esse é um problema grave. A menina não come. Não é que ela só coma besteira. Não. Ela não come. Mesmo. Nada. Paulinha, vem almoçar! Não, já almocei ontem. Nesse nível. Diversos métodos foram tentandos, historinhas...nada. Daí eu, com essa minha psicologia Supernanny que Deus me deu, apelei:
- Sabia que você vai quebrar? Menina que não come fica tão fraquinha que vai indo quebra.
A garota desceu imediatamente e deu três colheradas cheias, quase chorando, dizendo que não queria ser a menina de vidro. Desde então vem comendo tudo.
Será que fiz bem?
Minha irmã, psicóloga, disse que depois a menina vira uma obesa e descobre dez anos depois, na análise, que come porque a tia falou que ela ia quebrar. Minha irmã tava me zoando, claro.
Mas nem por isso deixei de pensar na possibilidade e ficar preocupada.
Aliás, adoro falar coisas absurdamente difíceis pra minha sobrinha e ver a reação dela. É muito fofo ver o cerebrozinho dela tentando acompanhar. Não chego ao cúmulo de explicar a fase anal e oral, segundo Freud, como faz Formiga Irmã, mas gosto de introduzir alguns conceitos ainda obscuros pra ela, como por exemplo "eternidade" e "metáfora" ou ainda "abstrato". Hoje eu tentava explicar que o papai dela tinha dedicado a tese de doutorado pra ela e o que isso significava. Falei que ele estava oferencendo a tese a ela, que era um pouco difícil pra ela entender, mas quando crescesse ia achar muito lindo.
- Então essa tese é minha, tia?
- Isso. Mas não pode desenhar nela não. Um dia você vai entender melhor.
Ela saiu toda feliz com a tese do pai na mão, tendo cuidado de não amassar.
Nem eu entendo a tese do meu irmão. É sobre côcos. Nutrição de côcos. Com nomes da tabela periódica no título. Quer dizer, no meu caso eu cresci e mesmo assim ainda não entendo.

Um comentário:

Carmen disse...

Tô com pena dessa criança na mão de vcs, rs.