sexta-feira, agosto 14, 2009

Memes são legais


Adoro listas e adoro perguntas! Ainda mais sobre livros. Então já que ando rareando nesse blog aproveitei a tarefa que me foi passada pelo blog da Se e respondo

1. Que livro está lendo ou qual o último que leu?

Tô lendo vários, pras matéria que eu estou dando. Isso inclui títulos de Antropologia do Consumo, Antropologia e Comunicação, Comunicação empresarial, Novas Tecnologias, Mídia Digital, Metodologia do Trabalho Científico...

Off-trabalho, tem vários na minha mesa de cabeceira: Frankenstein, de Mary Shelley; Ivan, o terrível, do Tolstoi, que eu comprei num sebo e tá na fila, o último Gossip Girl, em inglês...

O último lido foi o Dr Jekyll e Mr Hyde, do Stevenson, que eu comprei junto com o Ivan. Apesar de saber da história – um médico que toma uma poção que lhe transforma na pior parte do seu ser – nunca tinha lido. Fora a óbvia questão da duplicidade que todos nós carregamos, tem a ver com o imaginário do século XIX sobre a ciência (assim como Frankenstein e que também tem a ver com um curso que estou dando).

2. Qual livro preferido?


Hoje? “Memórias do subsolo”, de Dostoievski. Porque fala de um lugar que é meu conhecido há tempos: o subsolo. Não é à toa que é meu perfil do orkut: “Sou um homem doente...Um homem mau. Um homem desagradável. Creio que sofro do fígado”.

3. Autor, capa, recomendação ou sinopse?

Sinopse. De “Desvarios no Brooklyn”, do Paulo Auster. Porque além de ser uma história incrível, com passagens lindas, fala de temas que me são muito caros, como inventar o seu próprio jardim secreto quando o mundo está insuportável (ou seja, quase sempre) e criar as suas próprias brincadeiras. E ainda cita alguns dos meus autores prediletos: Edgar Allan Poe e Thoureau. Num mesmo contexto. Sobre pessoas que desistiram e se reinventaram no exato momento em que desistiram – e só se reiventaram porque desistiram, pois não tinham mais nada a perder. De renegados, combalidos e sobreviventes. De tortos, rotos e restos. É um livro todo sublinhado, com post its por ele todo.

A primeira frase do livro já te pega pelo pé: “Eu procurava um lugar sossegado para morrer. Um dia alguém me recomendou o Brooklyn”. Fala de três pessoas da mesma família: Nathan Glass, ex-corretor de seguros, divorciado, com câncer, cuja única filha não fala com ele; o sobrinho deste, que ele reencontra casualmente, Tom Wood (sim, glass e wood. Hãn? Hãn? Pegaram?), um jovem com uma promissora carreira acadêmica abandonada, cuja tese falava sobre Thoureau e Poe, num título que é: “Edens imaginários: a vida da mente na América pré-Guerra Civil” (e você se pergunta: caralho, será que alguém tem uma tese sobre isso?) e uma menina de nove anos, sobrinha de Tom. E sobre a estranha família que eles criam ao redor deles mesmos. E os dias de sonho que eles passam no Hotel Existência.


O livro é passado na América pré 11 de setembro. Próximo a reeleição do Bush. É um livro perturbador. É doce, de uma docilidade que beira o pieguismo e ao mesmo tempo cruel e amargo e estranho. Como em: “Eu quero viver de um jeito novo, só isso. Se não dá pra mudar o mundo, é preciso que eu tente ao menos mudar a mim mesmo. Só que não quero fazer isso sozinho. Já me sinto suficientemente sozinho, não sei se por culpa minha ou não”.

Era isso que era pra fazer, contar a história?


4. Um livro que não consegue terminar de ler;

Três, no mínimo, só que eu me lembre de cabeça: Grande Sertão: Veredas. O livro é lindo, tem momentos de pura poesia, mas não consegui. Aquela narrativa inebriante, sem pontuação, me sufocou. Fui bem até a metade. E Ulisses, do Joyce. Por razões parecidas (apesar de não ter tanta poesia). Porque...vai me desculpar, mas é impossível. E Crime e Castigo, não sei porque. Provavelmente porque fui ler outra coisa junta e me perdi, não porque não gostei do livro.


5. Aquele que não sai de sua cabeceira;

Poesias e livros sobre zen budismo e filosofia oriental em geral. Dentre os primeiros, os livros de poesia do meu primo, Júlio César, Walt Whitman, Silvia Plath, Manoel de Barros, Carlos Drummond de Andrade e Arnaldo Antunes. Sobre o segundo tipo, os livros de um monge vietnamita chamado Thich Nhat Hanh. E Walden, ou a vida nos bosques, de Henry David Thoureau. Este último é minha auto-ajuda. Funciona como um antídoto quando o mundo está insuportável (ou seja, quase sempre).

6. Escritor preferido.

Um só? Tão difícil...então fico no óbvio: Rubem Fonseca.

7. Eu recomendo;

Woody Allen. Que pouca gente sabe que é melhor ainda como escritor.

8. Eu não recomendo;

Nada. Toda forma de leitura vale à pena. De Bruna Surfistinha à Paulo Coelho. A única obrigação que um livro deve ter é da prazer. Livros não são feios. Nem vergonhosos. Todos os livros são lindos.

9. (Pergunta criada por mim): Um escritor pouco conhecido por você, mas que você adora?


Borges.

10. Pra quem eu passo? Pros meus leitores, na caixa de comentários.

5 comentários:

Carrie, a Estranha disse...

Ninguém vai responder, é isso?

Júlio César Meireles de Andrade disse...

Cosnis, minhas respostas seriam um tanto longas, como as suas.
Mas escrevo para agradecer a inclusão do meu livro na sua cabeceira, em tantas boas companhias. Não sei se mereço!
Ulisses é um obetivo fixo na minha vida também. Mas nunca nem comecei. Talvez amanhã...
Livros atuais: A Divina Comédia e Poesias Reunidas de Ivan Junqueira.
Um abraço.

Natália disse...

Carrie, adorei suas respostas, vc tem o dom de nos deixar curiosos pra ler todos. Fico feliz que não fui a única a não terminar Crime e Castigo e recentemente, ganhei o livro Conversas com o Woody Allen, mas me foi roubado em Tridande, hump! Valeu.

Nayara disse...

Olá Carrie! Sim..eu tb adoro responder listas...e adoro livros...apesar de que ando muitooooo relapsa na leitura. Só os da faculdade e olhe lá...
Achei interessante vc falar de Atropologia do Consumo e Antropologia e Comunicação...alguma sugestão de leitura? Não sei se já disse, mas sou psicóloga e faço faculdade de Comunicação e tb gosto muito de Antropologia...

BEm...vou responder as perguntas...algumas..ok!

1. Que livro está lendo ou qual o último que leu?

- Estou lendo As Brumas de Avalon e o último que li foi A insustentável leveza do ser (a long time ago....rs)

2. Qual livro preferido?

Noites Brancas - Dostoievski (não pude evitar me encantar pelo livro pela maneira como Dosto..rs...fal dos sonhadores)

3. Autor, capa, recomendação ou sinopse?

4. Um livro que não consegue terminar de ler;

- A divina comédia ...ainda estou empacada no inferno...rs

5. Aquele que não sai de sua cabeceira;

...os da faculdade..no momento...mas isso é muito vazio e triste...vou melhorar...

8. Eu não recomendo;

Concordo com vc...toda leitura vale à pena...quando criança e não tinha mais o que ler..lia bula de remédio...rs

9. (Pergunta criada por mim): Um escritor pouco conhecido por você, mas que você adora?

Dostoievski... só li 2 livros dele...mas foi o suficiente para me encantar..

Bye!

Docinho de abacaxi disse...

Adorei sua recomendação de Desvarios no Brooklin. Procurei no EstanteVirtual e achei por um preço ótimo num sebo de Curitiba. Por conicidência estava na cidade e corri pra comprar. Estou quaaaaase no fim. E estou adorando.
É muito bom neste momento (vc sabe o porquê) ver exemplos de pessoas que se reinmventaram, mesmo que personagens de livros.
Enfim, obrigadíssima pela dica!
Bjs!