domingo, janeiro 25, 2009

Pfffff

Perderam o chopp, plebe ignária. Na verdade muita gente não pôde ir, muita gente tentou passar e não conseguiu e muita gente não viu há tempo. Ficamos no final eu, Joel e Roberta Carvalho falando mal da civilização judaico cristã ocidental, das grávidas buchudas filhas da puta e sua prole remelenta dos infernos, de gente cafona e chata, de gente que namora gente maluca e chata, gente que te obriga a ir em aniversários em locais pagos (e caros), gente pão dura filha da puta, gente que acha que o Roberto Marinho ainda está vivo (ou que estava morto muito antes de morrer de verdade ou que foi embalsamado que nem o Walt Disney) e tem um túnel ligando a casa dele do Cosme Velho até a redação do Globo (sério!), gente estranha de todos os tipos e gentes – como diz minha sobrinha - que merecem todas morrer. Tudo isso até as 4 da madrugada. Depois voltamos a pé, na chuva.

Pfffff pra todos vocês – minha sobrinha, quando não gosta de alguma coisa, faz esse som com a boca. "Paulinha, quer mamar?" Pffff. "Paulinha, me dá um beijo!" Pffff. Ou às vezes simplesmente ela te olha de manhã e pffff. Minha mãe diz que isso é o anti-beijo. O beijo ao contrário.


* * *


A maior parte das relações familiares é moldada na mais tenra infância. Isso não quer dizer que não se possa mudá-las ao longo da vida, já que, como moldes, são apenas moldes. Mediante muito esforço, paciência e tempo muda-se um tiquinho. Ou um tantão.

Dizem. Eu não acredito nisso.

Acho que a maioria das relações é moldada na mais tenra infância. Period. Por mais que se distancie, que aconteçam coisas, a primeira impressão é a que fica. Ainda que não corresponda a realidade (que realidade?), mas seja apenas a impressão. Ainda que aconteçam brigas e confusões (ainda que você tenha que lutar para que elas não ocorram), nada abalará a estrutura. Da mesma forma o inverso. Por mais que se tente arrumar, certas relações nascem azedas. O melhor é deixar quieto. Que nem merda: quanto mais se mexe, mais fede.

Não acho que briga deva ser encarado como algo normal em uma relação. Mas acontece. Briga-se com quem se tem um mínimo de intimidade. Com quem não há mais nem conversa, não há briga. Só sorrisos amarelos.

Enfim, Bial.


* * *



Os namorados das minhas amigas se dividem em dois tipos: os que eu não conheço e os que eu não suporto. Por isso, atualmente, tento mantê-los na primeira categoria.

(Claro que elas acham a mesma coisa dos meus. Quando eu costumava tê-los).

Mas não se enganem: não há inocentes. Como diria uma máxima roberticarvalhiana: “Casou porque quis, não separa porque não quer”. Passei do tempo de pensar: “ah, mas ela merecia coisa melhor”. “puxa, você tão bonita, inteligente, namorando fulano?”. Merecia não, leitor. Todo mundo merece com quem tá. Namoramos, noivamos, casamos e nos reproduzimos com os nossos sintomas. Escolhemos a dedo aquela pessoa podre e damos desculpas “mas eu não mando no meu coração”, “as coisas acontecem”. Pffff pra essa gente. “Ah, ele não era assim”. Claro que era. Nenhum marido violento dá uma surra logo no início do namoro. Ele dá indícios. Levanta a voz. Tem ataques inexplicáveis de ciúmes. Implica com os amigos homens. Com o tamanho da saia. Tem um ciúmes além do normal. E você ignorando. Um belo dia ele dá um empurrão. Um safanão sem querer. Pede desculpas. E você ignorando. Terminam, voltam – e sempre a cada volta a mulher faz questão de dizer que ele mudou. Que está melhor. Sendo que a cada término ela jura que não vai voltar, que agora consegue ver como foi possível ficar tanto tempo.

Meses depois a mulher aparece no Linha Direta.

Por mais que eu fique triste eu penso que todo mundo escolhe a vida que tem. Ninguém é inocente, volto a dizer.



* * *



Chegando à rodoviária, pego o ônibus executivo non stop (não pára, não pára, não pára!). O motorista vem avisar: “boa tarde, eu sou o motorista Gonçalves e vou conduzi-los vocês a cidade de sbrubles e sbrubles. Esse é um serviço non-stop, de rodioviária a rodoviária. No interior do veículo há café a água gelada, Deus abençoe vocês e abençoe a mim para que eu possa conduzi-los em segurança. Até lá.

Oi? "Até lá", Gonçalves? Como assim? Onde você vai? Gonçalves?

No que os passageiros respondem "amém" e "vamos em paz, irmão". Pensei ter entrado em uma caravana gospel por engano.

Piadas a parte, fiquei comovida com o Gonçalves. Bonitinho, o Gonçalves. Chegamos a um tempo em que o motorista tem que pedir a Deus.

5 comentários:

Ila Fox disse...

Sentar na mesa de buteco para falar mal dos outros é tuda!

Isso de ser "obrigado" a ir em festa de aniversário caro me faz lembrar de uma amiga de adolescencia que mora em outra cidade e praticamente me obriga a comparecer no casamento dela. Detalhe é que a madame escolheu plena quinta-feira para finalmente se vestir de branco e subir no altar (depois de 8 anos de namoro onde ela o traiu).
Só na cabecinha dela que eu vou matar 3 dias do trabalho para ver um noivo corno pagando papel de palhaço né? e ainda correndo o risco de perder meu emprego. aiai viu.

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Também concordo com vc, acho que a maioria dos meus vinculos famialares são os mesmo desde a época de criança. Vai ter sempre a prima legal e a prima chata e assim por diante.

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Ai Carrie, nem posso dizer nada sobre namorado maluco pq ja tive um (ainda bem q o unico). No final ele me agrediu por não aceitar o fim, como um monte de babacas por aí que não aceitam o fim.
O porém é que durante o namoro de 4 anos, mesmo nas discussões o cara sempre manteve o controle e a voz baixa, nunca que ia imaginar que ele fosse perder a cabeça. Sorte que pelo menos eu consegui me livrar daquilo la. Pois tem mulher que acaba virando meio que refém deste tipinho. Meda.

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Hahaha, acho muito engraçado o motorista desandando falar antes da viagem, pelo menos vc entendeu oq ele disse!

Carrie, a Estranha disse...

Ila,

É, tem esse caso, tb. De homens que se transformam com o fim do namoro. Sempre tem. Que bom q vc conseguiu se livrar;

Um beijão!

roberta carvalho disse...

Tu sabe que comigo não tem tempo ruim, mesmo chovendo é só chamar que eu vou, facinha, facinha.

Adorei nosso chope.

;)

Beijos

Ila Fox disse...

Minha Tia sempre disse que as pessoas são duas.: Uma quando estão namorando e outra quando estão terminando.

O_o

Dá medo mesmo.

Anônimo disse...

desde já, declaro-me fã incondicional da paulinha. e 'pffff!' pra você, tá? :P hahahahaha. bjs