sexta-feira, abril 11, 2008

Eu sou ruim?

(Up-Date): E a Ana acabou de colocar um micro-vídeo no blog dela, com o Over Trio, sua banda, cantando em Dublin. EM DUBLIN. Vocês estão conspirando contra mim, é isso? Tudo bem que o gatinho da bateria meio que abafa a voz dela, mas já dá pra ter uma noção.


Eu tenho inveja de poucas pessoas nessa vida. Não é propriamente inveja. Eu sei que a grama do vizinho é sempre mais verde, que de perto a vida de ninguém é uma mar de rosas e bla bla bla. Eu realmente acredito que nenhuma vida é totalmente ruim nem totalmente boa. E que a minha vida tem muito mais aspectos bons que ruins. Mas tem umas pessoas que eu olho e penso: “caramba! Queria fazer isso! Não assim, exatamente. Queria fazer isso, mas do meu jeito, sendo eu”. Uma dessas pessoas é a Ana Manga. Fico fuçando o flick dela, viajando...

A outra é a Clara Averbuck. Cara, a mulé é mais nova que eu (vinte e tantos, não sei ao certo), já escreveu três (?) livros, teve a sua obra adaptada pro cinema – o filme Nome Próprio, com a Leandra Leal (ai, minha atriz predileta) – e agora gravou essa música aqui (não sei como colocar aqui, então vão lá no blog dela e escutem a voz maravilhosa que ela tem).

E ainda tem bom gosto musical. As dicas dela são sempre muito legais. Como essa aqui:




E ela ainda tem uma filha chamada Catarina – o nome da minha filha (que eu ainda não tenho; meus gêmeos ruivos, se lembram?).


E ela tem nariz grande! Eu queria ter nariz grande.


(É, eu sei, eu tenho essas crises adolescentes. Eu sou bobinha. Essa tá foda. Tá demorando a passar. Prefiro quando estou na versão Cérebro. Essa fase Pink tá demorando a passar. Mr Hyde, go away! Ou seria Dr Jekill go away?!).



PS: Ontem vendo “Mulheres Possíveis”, ótimo programinha da GNT eu pensei que se alguém fosse interpretar alguma coisa baseada na minha “obra” (hahaha) seria a Ingrid Guimarães. Porque ela tem o misto de feiúra e graça necessárias.


PS2: Vou ali me jogar de cabeça no meio fio.


PS3: Minha inveja é totalmente destituída de sentimento de “tomara que ela se foda”. Dizem que isso não é inveja, é admiração. Que inveja é quando você quer o mal da outra pessoa e que não existe “inveja boa”. Discordo. Acho que existe inveja boa, sim e é o que eu tenho.

4 comentários:

trinity disse...

TENHO "INVEJA BOA" DE COMO VC ESCREVE BEM...HIHIHIHI

Carrie, a Estranha disse...

hahahahaha...bigada.

Anônimo disse...

Claro que tem inveja boa. E eu tenho também, um montão!

Bezzos e bom findi!

Kelly Christynna disse...

leia o recordar, repetir, elaborar.

O horror dos bachelors bobinhos: antepenúltimo texto ressignificado

Conversando ontem com a Nath, os bachelors bobinhos revelaram uma face de horror que até então eu não percebera - e o texto deixou de ser um exercício frívolo de fazer gracinha para representar tudo aquilo que mais tenho medo de voltar a ser.

Porque os bachelors, como sói acontecer, são eu.

Durante muito tempo senti-me culpada por não ser alguma coisa que eu mesma não sabia exatamente o que era, mas que definitivamente tinha a ver com ser mulher.

No outro término por e-mail que vivi - impossível não revisitar esses sentimentos agora -, não me restou a menor dúvida de que a culpa era toda minha. Claramente, eu havia feito por merecer. Não era suficientemente inteligente, sensível, culta, experiente, musical, boa de cama ou fotogênica. Cada dia eu achava que me faltava uma dessas qualidades, ou alguma combinação maluca de duas ou mais delas. Em suma, eu não era mulher o bastante. (E, em certa medida, não era mesmo, porque só uma menininha-mulherzinha para se deixa atolar em questionamentos tão básicos sobre a própria identidade - e, francamente, para se levar tão a sério.)

Ora, os bachelors de NY sofrem deste mesmo mal: não se acham homens o bastante. Não estão confortáveis com quem são, e precisam recorrer a pessoas, imagens e conhecimentos externos para se bancar num relacionamento - e, o que é mais grave, num relacionamento que ainda nem existe. O Bachelor #1 alardeia uma amizade, o Bachelor #2 um gosto e o Bachelor #3 um conhecimento (sobre instrumentos musicais). Nos três casos, coisas que eles não têm ou não são (ou, no caso do Bachelor #1, até pode ser que tenha - mas e daí? O que isso me diz sobre ele? Como a amizade de um músico que admiro poderia torná-lo uma pessoa mais interessante aos meus olhos?)

Mas aí é que está: tenho certeza de que os três bachelors sentiram-se mais desejáveis uma vez anunciada suas características especiais - seus superpoderes. Que, por serem super, eles não puderam manter por muito tempo - afinal, são apenas homens.

Apenas homens. E eu apenas uma mulher.

Uma mulher que, como eles, por muito tempo achou insustentável não ser amiga do Toninho Horta, não gostar de jazz e não saber a diferença entre um trombone e uma tuba.

Tenho medo de voltar a ser - de querer voltar a ser - uma caricatura grotesca de uma mulher que sabe-se lá quais superpoderes precisa ter.

Felizmente, dia desses o Alex me relembrou de que a gente só tem medo do que não aconteceu ainda.

Mas, se a gente tem medo, está perigando acontecer.

É compreensível - a tentação é grande. Vontade de se deixar soterrar por representações fantásticas quando sou apenas uma mulher que levou um pé na bunda fenomenal.

Não quero mais o fantástico: quero aquilo que é; aquilo que sou.

Quero bachelors assim:

Bachelor Ele-Mesmo #1: Então quer dizer que você gosta do Toninho Horta? Que legal, eu também!

Bachelor Ele-Mesmo #2: Ouço todos os tipos de música, mas gosto mesmo é de rock / bolero / polca.

Bachelor Ele-Mesmo #3: Essa foto vai ficar boa, com aquele instrumento bizarro ao fundo.

Quero sobretudo ser uma mulher e bachelorette digna de bachelors como esses.

Postado por Camila às 09:47

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